EDIPESCA amplia capacidade de processamento já em 2019
Empresa pública quer duplicar capacidade e contribuir para a redução das perdas pós-capturas de pescado
A EDIPESCA, Empresa Distribuidora dos Produtos da Pesca, vai aumentar as capacidades instaladas de 1.800 para cinco mil toneladas, a partir do próximo ano, com a conclusão das obras de reabilitação e ampliação que arrancam ainda este ano.
O primeiro passo nessa direcção foi dado na quartafeira, com a assinatura de um acordo de financiamento no valor de 57 milhões de dólares entre o Ministério das Pescas e o Banco de Exportação e Importação da Coreia do Sul (Eximbank).
Da parte sul-coreana, o acordo foi assinado pelo director dos Assuntos Africanos para Cooperação e Desenvolvimento Económico do Eximbank, Kevin Choi, e da parte angolana pela directora do gabinete de Estudo Planeamento e Estatística do Ministério das Pescas, Isabel Cristóvão, os directores da EDIPESCA e do Intercâmbio Internacional do Ministério das Finanças, respectivamente, Rafael Pascoal e Manuel Pedro.
O documento foi assinado no Ministério das Pescas, numa cerimónia testemunhada pela titular da pasta, Victória de Barros Neto, que, numa recente entrevista ao Jornal de Angola, reconheceu que o país ainda regista níveis significativos de perdas póscapturas do pescado, umas das situações que a reabilitação e a ampliação da EDIPESCA procuram atenuar.
“É um problema que tem de ser solucionado de várias formas. Uma delas é o melhoramento das condições de desembarque. No Namibe, construímos o Porto Pesqueiro do Tômbwa, recentemente inaugurado, que permite hoje fazer o desembarque das capturas em condições higiosanitárias aceitáveis. Em Benguela, fizemos o mesmo trabalho e estamos a fazer obras de melhoramento no Porto Pesqueiro de Luanda”, disse nessa altura.
As obras, de acordo com o director-geral da EDIPESCA, Rafael Pascoal, vão incidir fundamentalmente na construção de novas infraestruturas de processamento e distribuição de pescado e melhoria das condições de trabalho, o que vai permitir elevar o número de colaboradores de 84 para 185.
Em breves declarações, o director dos Assuntos Africanos do Departamento de Operações do Fundo para Cooperação e Desenvolvimento Económico do Eximbank considerou que o financiamento vai contribuir para o desenvolvimento do sector pesqueiro angolano e para a consolidação das já excelentes relações de cooperação entre Angola e a Coreia do Sul.
Missão exploratória
O acordo assinado na quartafeira é o corolário de um processo de negociações que, em Novembro do ano passado, trouxe a Angola uma missão técnica da Coreia do Sul que examinou a situação económico-financeira da EDIPESCA e fez um estudo de viabilidade económica da empresa.
Criada em 1984, quando ainda vigorava em Angola um modelo de economia planificada, a EDIPESCA foi, inicialmente, concebida para deter o monopólio da distribuição de pescado para as regiões norte e leste do país.
Em 1991, por força da alteração do quadro político e económico (multipartidarismo e economia de mercado), a empresa foi submetida a um processo de privatização em regime de cessão de exploração que durou até 2004, data em que o Ministério das Pescas chamou a si a tutela da empresa, com o objectivo de assumir o papel de regulador do mercado de pescado.