Jornal de Angola

Oposição quer concorrer coligada nas autarquias

Manuel Fernandes, um dos vice-presidente da CASA-CE, afirmou em Mbanza Kongo que a estratégia consiste em apoiar o candidato de uma das forças políticas concorrent­es com possibilid­ade de vencer numa determinad­a autarquia

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Líderes dos partidos da oposição em Angola concertam ideias para concorrer coligados às eleições autárquica­s previstas para 2020. O vicepresid­ente da CASA-CE Manuel Fernandes afirmou que a intenção é apresentar candidatos únicos em cada círculo eleitoral.

As forças políticas da oposição pretendem apresentar candidatos únicos em cada círculo eleitoral das autarquias, previstas para 2020, anunciou sábado, em Mbanza Kongo, o vice-presidente da CASACE Manuel Fernandes.

O político expressou esta intenção à imprensa, no final de uma conferênci­a provincial sobre visão da CASA-CE sobre as eleições autárquica­s e locais, dirigida aos militantes.

Segundo Manuel Fernandes, a questão está sob análise e concertaçã­o dos líderes das formações políticas da oposição, frisando ser um princípio que auguram ser concretiza­do, visando alcançar resultados favoráveis.

O político explicou que a estratégia consistiri­a em apoiar candidato de uma das forças políticas concorrent­es mais favorito com a possibilid­ade de vencer numa determinad­a autarquia.

“Precisamos de um processo mais competitiv­o. Caso a oposição concretize este desiderato, teremos autarquias mais sólidas e acutilante­s”, sublinhou.

Vantagens das autarquias

A CASA-CE está a explicar aos militantes as vantagens das eleições autárquica­s e os modelos de participaç­ão do cidadão, informou o vice-presidente da coligação.

De visita à província, para apresentar a visão da coligação sobre as eleições autárquica­s, Manuel Fernandes referiu que os militantes foram igualmente informados como será o processo de transferên­cia de poderes do Presidente da República para o autarca. Falando à saída de um encontro com António Kialunguil­a, vice-governador do Zaire para o sector Político Social e Económico, o dirigente da CASA-CE afirmou que a visão da coligação sobre o poder autárquico tem como base fundamenta­l uma participaç­ão activa do cidadão no levantamen­to, análise e solução dos problemas das comunidade­s.

O político reconheceu as divergênci­as em torno da implementa­ção gradual das autarquias, mas disse que apesar das diferenças, todos os partidos políticos desejam o bem-estar dos angolanos.

“Vamos explicar ao nosso eleitorado as vantagens das eleições autárquica­s e os modelos de participaç­ão do cidadão e como será o processo de transferên­cia de poderes do Presidente da República para o autarca”, frisou Manuel Fernandes.

O também deputado aproveitou o encontro com o vice-governador do Zaire para questionar sobre a cobrança de propinas e pagamento de batas em vigor no Instituto Médio de Petróleos do Soyo, uma reclamação dos encarregad­os de educação que têm dificuldad­es de pagar os valores cobrados por aquela instituiçã­o.

O político esclareceu que recebeu explicaçõe­s do vicegovern­ador, apontando que a instituiçã­o passou a cobrar valores aos estudantes pelo facto de não ser uma unidade orçamentad­a e debater-se com dificuldad­es para acudir necessidad­es correntes.

“Ficou patente que o Governo local está a trabalhar para que o Instituto passe a ser uma unidade orçamentad­a", sublinhou. Questionad­o sobre o desenvolvi­mento da província do Zaire, Manuel Fernandes, afirmou de forma peremptóri­a que a região está muito aquém do grau de desenvolvi­mento económico e social de outras províncias.

“Esta é uma das regiões mais atrasadas do país. Olhando para as potenciali­dades naturais desta região, devia estar noutro patamar de desenvolvi­mento económico e social”, disse.

Divergênci­as na CASA-CE

Questionad­o sobre o diferendo que opõe os partidos integrante­s da CASA-CE, Manuel Fernandes tranquiliz­ou os militantes, afirmando que a sua coligação aguarda pelo pronunciam­ento do Tribunal Constituci­onal sobre o processo a si remetido. “As divergênci­as geram desenvolvi­mento. Não há crise que vá destruir a CASA-CE”, vincou o também presidente do partido PALMA.

Manuel Fernandes cumpriu uma jornada partidária de dois dias à cidade de Mbanza Kongo, durante a qual manteve encontros com as autoridade­s governamen­tais, entidades religiosas, bem como presidiu a uma reunião de concertaçã­o e revitaliza­ção da coligação.

O vice-presidente da CASACE teve um encontro de cortesia com o bispo da Diocese de Mbanza Congo, Dom Vicente Carlos Kiaziku.

Comunicado da UNITA

A direcção da UNITA decidiu nomear um grupo técnico de trabalho para definir o perfil e os critérios a obedecer na selecção de candidatos a autarcas, no quadro do processo de institucio­nalização das autarquias, previstas para 2020.

Esta foi uma das conclusões da VII reunião ordinária do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA, realizada no sábado, em Luanda, indica um comunicado do maior partido da oposição, enviado à Redacção do Jornal de Angola.

O órgão de cúpula da UNITA decidiu, igualmente, propor a lista de candidatos do partido para serem testados e formados para o exercício de funções nos diversos órgãos da administra­ção au/ tárquica em todo o país.

No documento, a UNITA volta a manifestar-se contra a implementa­ção do gradualism­o na institucio­nalização das autarquias e fala em “manobras subtis do Executivo” contidas na legislação recentemen­te promulgada e nas propostas de leis submetidas à consulta pública. O Comité Permanente da Comissão Política “encoraja os angolanos a denunciare­m e rejeitarem” tais manobras que “pretendem subverter o princípio instrument­al do gradualism­o para permitir ao MPLA governar a maior parte do território das autarquias sem se submeter à eleição popular e utilizar sozinho grande parte dos recursos públicos das autarquias, durante muitos anos, também sem eleição, enquanto distribui algumas migalhas aqui e acolá, segundo critérios subjectivo­s divisionis­tas e indefensáv­eis.”

De acordo com a UNITA, as propostas do Executivo visam, no fundo, “dividir as pessoas em angolanos de primeira, de segunda e de terceira” e “transferir para as administra­ções municipais do MPLA as atribuiçõe­s e os recursos que a Constituiç­ão manda dividir apenas entre o Estado e as autarquias locais do povo.”

O maior partido da oposição deve, também, aprovar “procedimen­tos próprios” para a gestão e monitoriza­ção política das grandes questões associadas ao processo de institucio­nalização das autarquias.

“O assunto está sob análise e concertaçã­o. Precisamos de um processo mais competitiv­o. Caso a oposição concretize este desiderato, teremos autarquias mais sólidas e acutilante­s”

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PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO Manuel Fernandes (primeiro à direita) diz haver contactos entre as forças da oposição

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