Washington e Teerão trocam acusações
Disputa verbal entre Trump e Hassan Rohani aumenta depois do abandono pelos EUA do acordo nuclear
O Presidente norte-americano, Donald Trump, advertiu o Irão para que “nunca volte a ameaçar os Estados Unidos” sob pena de “consequências tais como poucos conheceram ao longo da História”.
“Não voltem a ameaçar os Estados Unidos ou vão sofrer consequências tais como poucos conheceram ao longo da História”, escreveu Trump na rede Twitter, numa mensagem dirigida ao Presidente iraniano, Hassan Rohani.
“Já não somos um país que apoie as vossas palavras dementes de violência e de morte. Cuidado!”, acrescentou.
Esta mensagem foi publicada depois de Rohani ter avisado o Presidente dos Estados Unidos para “não puxar os bigodes do tigre”, garantindo que um conflito com o Irão seria a “mãe de todas as guerras”. Estas disputas verbais lembram as mensagens entre Trump e o líder nortecoreano, Kim Jong-un, antes de as tensões terem dado lugar a uma cimeira histórica entre os dois homens, a 12 de Junho, em Singapura.
Ameaças de Donald Trump, através da rede social Twitter, surge depois de Hassan Rohani ter avisado o Presidente dos Estados Unidos para “não puxar os bigodes do tigre” e garantir que um conflito com a República Islâmica do Irão seria a “mãe de todas as guerras”
Desde a aproximação inesperada com a Coreia do Norte, Trump fez do Irão o principal “cavalo de batalha”.
Também no domingo, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, afirmou que Washington não tinha medo de impor sanções “ao mais alto nível” ao Governo de Teerão.
Num discurso perante a diáspora iraniana na Califórnia, Pompeo confirmou que Washington quer que todos os países reduzam as importações de petróleo iraniano para “perto de zero”, até 4 de Novembro, caso contrário enfrentam sanções dos Estados Unidos.
Em resposta um alto responsável militar iraniano das milícias islamitas Bassidj, disse que “as ameaças do Presidente norte-americano, Donald Trump, fazem parte de uma guerra psicológica”.
“As declarações de Trump contra o Irão enquadram-se numa guerra psicológica. Ele não está em posição de agir contra o Irão”, indicou o general Gholam Hossein Gheypour, segundo a agência noticiosa iraniana ISNA.
“Todos os que temem a guerra psicológica deste Presidente demente sabem (ou saberão?) que a América não se satisfará com nada menos do que a nossa aniquilação”, afirmou Gheypour, acrescentando que, no entanto, “os iranianos e as Forças Armadas” vão defender o país.
As tensões entre o Irão e os Estados Unidos reacenderam-se depois de Trump ter anunciado a saída dos Estados Unidos do acordo internacional de 2015, assinado com o objectivo de impedir que Teerão adquirisse armas nucleares em troca do levantamento das sanções económicas.
“A linguagem da força”
O ministro da Defesa do Irão, Amir Hatami, afirmou ontem que os dirigentes dos Estados Unidos e aliados regionais “só entendem a linguagem da força” e que, por isso, “não há outro caminho além de uma ameaça decisiva”.
Hatami respondeu assim ao Presidente norte-americano, Donald Trump, que um dia antes advertiu o Irão que não volte a ameaçar os EUA se não quiser “sofrer consequências históricas”.
“Os inimigos acreditam que podem privar o povo do Irão de seus recursos, mas resistiremos com toda a nossa capacidade diante das intimidações”, disse o ministro da Defesa, citado pela agência oficial Irna.
Durante a inauguração da linha de produção do míssil ar-ar de médio alcance “Fakur”, Hatami assinalou que “o povo iraniano demonstrou que responde de forma decisiva aos ambiciosos”. “Não nos daremos por vencidos, mas defenderemos os interesses vitais da República Islâmica e o bem-estar do povo do Irão com toda a nossa capacidade”, advertiu o general.