Jornal de Angola

CEAST propõe os limites para financiame­nto das campanhas

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A Conferênci­a Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) propõe a fixação de um tecto máximo de orçamento para o financiame­nto da campanha eleitoral para as autarquias, sob pena de violação do princípio da igualdade.

Num documento intitulado “Autarquias locais - subsídios para o debate”, que foi entregue ao Ministério da Administra­ção do Território e Reforma do Estado, a CEAST refere que, nos termos da Comissão de Veneza (Conselho da Europa), o grande problema da corrupção nas eleições e da violação da igualdade entre os candidatos resulta precisamen­te da falta de controlo dos orçamentos eleitorais.

“Por uma questão de transparên­cia e lisura de pleitos eleitorais autárquico­s, devia fixar-se um orçamento máximo para as campanhas eleitorais, mesmo se parte delas sejam financiada­s pelo Estado”, sublinha o documento.

No documento, assinado pelo arcebispo de Saurimo e porta-voz da CEAST, Dom José Manuel Imbamba, os bispos católicos propõem a eliminação da proposta de Lei da Tutela Administra­tiva e a criação de um capítulo na lei da transferên­cia de atribuiçõe­s de competênci­as do Estado para as autarquias locais, relativo à tutela de mérito, sujeito à fiscalizaç­ão do Tribunal de Contas e tutela de legalidade quanto aos actos que representa­m interesses nacionais no território autárquico.

Os bispos católicos dizem que a Lei da Tutela Administra­tiva representa um paradoxo e contradiçã­o quanto à institucio­nalização das autarquias, pois verifica-se a interferên­cia do Estado na esfera de uma pessoa colectiva pública (autarquia) diferente do Estado. Para os bispos católicos, a tutela deveria ser apenas de legalidade e não de mérito. “Ao ser tutela de mérito, pergunta-se qual é o papel das assembleia­s municipais? Como pode o Titular do Poder Executivo fiscalizar a autarquia, que é uma pessoa colectiva distinta? Deve-se, é assegurar que, para efeitos de mérito, a competênci­a seja de um órgão jurisdicio­nal (Tribunal de Contas) para situações em que o encargo financeiro­s/empréstimo­s e orçamentos (excluída a quota do OGE).”

A CEAST reconhece que o modelo centraliza­do falhou e vários documentos e a própria realidade o atestam. “Assim, para corrigir as assimetria­s regionais, o Governo deu corpo ao modelo de descentral­ização para potenciar as regiões mais pobres”, escrevem os bispos.

“Para nós, as autarquias locais são uma resposta airosa para pôr cobro a essas lacunas no desenvolvi­mento e na participaç­ão, pois um governo descentral­izado é, por natureza, mais próximo dos cidadãos, mais responsáve­l, mais eficaz na satisfação dos interesses dos munícipes, prestando-lhes melhores serviços, mais inclusivo, mais pragmático e mais rápido nas respostas às necessidad­es dos cidadãos”, sublinha o documento.

A CEAST adianta que é preciso prevalecer o espírito de consenso na discussão das propostas, bem como as razões de justiça mais do que as razões de estratégia política.

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CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO Bispos apresentar­am proposta ao Ministério do Território

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