Pelo dinheiro tudo vale?
Todos têm consciência que dinheiro é um bem necessário, que faz toda falta,mas não deve ser visto como o “TUDO ÚNICO”. Ou seja, pelo dinheiro não se deve alienar a alma
Há cerca de duas semanas, neste mesmo jornal, foi publicada uma matéria jornalística referindo-se a detecção de facturas falsas ou adulteradas, no processo de regularização de atrasados de mercadorias e serviços, cujas transferências para o exterior continuam pendentes.
Segundo o publicado, a fórmula de transferência do dinheiro para o exterior são facturas para empresas criadas pelos próprios empresários, em esquemas que benefeciam angolanos e estrangeiros”, numa espécie de que, pelo dinheiro, tudo vale.
Em função desta atitude “importada” da cultura do capitalismo selvagem, pelo dinheiro tudo vale,associada ao maqueavélico princípio de que “não interessam os meios mas sim os fins”, remete-nos à uma reflexão profunda em torno da justeza que as pessoas devem possuir e demonstrar nos seus actos actos diários.
Porém, mais do que uma denúncia com pendor de accionar os serviços da Procuradoria Geral da República, enquanto organismo do Estado com a função de representação do Estado, nomeadamente no exercício da acção penal, de defesa dos direitos de outras pessoas singulares ou colectivas…(CRA artigo 189º, nº 1), o assunto promove várias análises em torno do comportamento que muitos de nós adoptaram, na ânsia de que “pelo dinheiro tudo vale”, ou seja, a missão é ter dinheiro, a todo o custo.
Deste prisma, nos obrigamos a concordar com quem considera não bastar que seja pura e justa a nossa causa, pois, mais do que isso, é preciso que a pureza e a justeza existam dentro de nós.
E não restam dúvidas que, neste novo ciclo político, Angola e os que nela habitam, precisam ser adoptar comportamentos e atitudes contagiantes e concorrentes para a prossecução do bem comum, enquanto divisa do que de melhor se pode aspirar na vida em sociedade.
Todos têm consciência que dinheiro é um bem necessário, que faz toda falta,mas não deve ser visto como o “TUDO ÚNICO”.
Ou seja, pelo dinheiro não se deve alienar a alma, o espírito, o amor, a irmandade, a ética, a moral e outros bens que valorizam o ego humano, com as suas relevâncias do ponto de vista da formação integral do indvíduo. Devemos procurar ganhar dinheiro de forma justa e ter o necessário, desaconselhando-se, claro, os excessos nos dois extremos, ou seja, na riqueza e pobreza, que na teorização teológica é considerado pecado.
Pautar por causas justas e construtivas de mentalidades sadias, sobretudo das gerações vindouras, cujo mundo para viverem devemos deixar cada vez melhor, é a nossa missão.
E, em nada nos interessa olhar para o assunto na direcção dos “falsos ricos” criados a partir do formato permitido, mas sim nas lições decorrentes disso, que podem levar-nos arefletir em torno da perda do prazer pelo suor do trabalho, através do qual, devemos ser alimentados.
Defendemos isso porque nos parece que, à medida que as pesoas foram/vão tendo alguma posse, - dinheiro-, torna(ra)m-se insensíveis para com as camadas mais vulneráveis, facto que altera, e de que maneira, a idiossincracia social angolana, cultural e historicamente marcada por traços de solidariedade.
Precisamos refazer o gosto pelo dinheiro e, acima de tudo, a fórmula de adquirí-lo, que deve ser a mais honesta possível, sem prejuízo de outrem, seja o Estado ou qualquer uma pessoa singular, até para que durmamos tranquilos.