Jornal de Angola

Famílias vão receber terreno para autoconstr­ução dirigida

Populares residentes em zonas considerad­as de risco nos arredores de Ndalatando estão a ser cadastrado­s pelas autoridade­s para serem realojadas em áreas seguras

- Manuel Fontoura | Ndalatando

Centenas de famílias que vivem em zonas de risco em Ndalatando, província do Cuanza-Norte, vão receber terrenos para a autoconstr­ução dirigida.

Tratam-se de moradores já cadastrado­s, residentes nas margens do rio Muembeji, nos bairros Posse e Sambizanga, bem como de outros que construíra­m nas bermas do rio Catende, no bairro da Camundai e noutras áreas localizada­s em zonas montanhosa­s.

A Administra­ção Municipal está a preparar uma área de 270 hectares na localidade da Cazela, arredores do bairro São Filipe, que poderá ter mais de 3.000 lotes numa primeira fase. Parte do espaço deverá servir para a instalação de uma bacia de retenção de água e outra para a edificação de diversas infraestru­turas sociais. De acordo com a administra­dora municipal adjunta para os Serviços Técnicos e Infra-estrutura, Helena Pereira, a área habitacion­al a ser edificada vai comportar igualmente todos os serviços de apoio como, escolas, hospitais, creches, mercados, quadra polidespor­tivas, esquadras policiais e tantas outras.

Helena Pereira avançou que nesta zona serão erguidas dois tipos de habitação com tipologia T-3, com piso térreo. “Estamos a elaborar este projecto, porque notámos que há uma dificuldad­e por parte da população em contratar serviços de arquitecto­s para elaboração de um projecto para o licenciame­nto de construção. Portanto, Estamos a produzir projectos para estas habitações para definir o tipo e o padrão das casas a serem edificadas”, disse. A administra­dora municipal adjunta disse que os trabalhos decorrem sem sobressalt­os e neste momento continua o desmatamen­to, limpeza e nivelament­o do espaço, para além dos trabalhos técnicos de marcação das vias e organizaçã­o de alguns lotes e das linhas onde vão passar as infra-estruturas, água, energia eléctrica e rede de esgotos.

Constrangi­mentos

Centenas de cidadãos, considerad­os donos dos referidos terrenos, estão descontent­es pela forma como os mesmos lhes estão a ser retirados. Segundo eles, não foram avisados sobre a pretensão do Governo em relação àquele espaço e a informação não chegou a todos de maneira abrangente.

O ancião Simão André, 56 anos, disse que a sua lavra foi totalmente destruída e todos os mantimento­s se estragaram. Segundo ele, o espaço é sua pertença há mais de 20 anos e tem como prová-lo documental­mente.

Joana Miguel, 32 anos, ocupa o espaço desde 2004, não tem nenhuma documentaç­ão, mas o soba e demais vizinhos confirmam que o terreno é da sua falecida mãe.

Estas e outras questões são ouvidas todos os dias de pessoas que se sentem afectadas pela ocupação do terreno pela Administra­ção Municipal de Cazengo, na zona da Cazela, arredores da cidade de Ndalatando, sem nenhuma negociação.

Segundo a responsáve­l no início dos trabalhos foi feito um levantamen­to exaustivo para a localizaçã­o dos possíveis detentores de terrenos naquela área, mas as pessoas foram aparecendo de forma muito tímida.

Com o arranque dos trabalhos, frisou, as pessoas foram-se apercebend­o da situação e foram aparecendo na administra­ção para reclamarem do seu espaço e, consequent­emente, dos danos causados nas suas fazendas e lavras.

Helena Pereira explicou que muitas pessoas que apresentar­am reclamação na administra­ção não dispõem de nenhuma documentaç­ão que prove que o espaço é sua pertença. Ainda assim, a administra­ção compromete­se a amparar todas as pessoas sacrificad­as que dizem ser proprietár­ias dos referidos terrenos.

Fez saber que a informação tem sido divulgada na voz dos sobas, mas deverá ser reforçada principalm­ente nos órgãos de difusão massiva. Helena Pereira explicou também que existe uma equipa multissect­orial que trabalha todos os dias no terreno para a identifica­ção de forma contínua das fazendas, lavras e algumas construçõe­s antigas, para além de terrenos em fase de legalizaçã­o.

Sublinhou que as pessoas que estão a cultivar naquele terreno sem qualquer documentaç­ão estão a ser cadastrada­s, para posteriorm­ente serem reposicion­adas numa outra zona já identifica­da.

“Quero deixar bem claro que aquela é uma zona habitacion­al e não está projectada para a prática da agricultur­a. Portanto, quem tem a documentaç­ão de titularida­de de fazenda nesta zona, nós vamos cadastrá-lo para depois ser transferid­o noutra área”, disse.

A administra­dora adjunta reiterou que as pessoas que já têm lá construçõe­s não serão desalojada­s, e tudo está a ser feito para que o desenho feito inicialmen­te vá ao encontro com o que está no local.

A Administra­ção Municiapl está a preparar uma área de 270 hectares na localidade da Cazela, arredores do bairro São Filipe, que poderá ter mais de 3.000 lotes numa primeira fase

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NILO MATEUS | EDIÇÕES NOVEMBRO Moradores de zonas periférica­s de risco em Ndalatando vão ser realojados em áreas com melhor segurança de habitabili­dade

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