Jornal de Angola

Tributação não petrolífer­a aumenta 4%

Titular do pelouro submete a proposta das linhas tributária­s com a qual o país pretende integrar a Zona de Livre Comércio

- Cristovão Neto

A receita fiscal não petrolífer­a provenient­e dos “Grandes Contribuin­tes” aumentou 4 por cento no primeiro semestre deste ano comparativ­amente ao ano passado, revelou ontem a administra­dora da AGT,Conceição Matos. A gestora reconheceu o peso dos “Grandes Contribuin­tes” no Orçamento Geral do Estado (OGE).

Angola apresenta aos parceiros da SADC, em Junho de 2019, as linhas tarifárias para a integração na Zona de Comércio Livre (ZCL) da Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral, depois de discussões que, a partir de Setembro, envolvem os ministério­s do Comércio e Finanças, bem como a Administra­ção Geral Tributária (AGT).

O ministro do Comércio, Joffre Van-Dúnem, revelou a jornalista­s angolanos em Joanesburg­o ter comunicado essa decisão aos parceiros na 30.ª reunião do Comité de Ministros do Comércio da SADC, realizada na segundafei­ra, em Pretória.

“O nosso prazo é até Junho do próximo ano, mas temos, em Setembro deste ano, um limite para começarmos a discutir esse assunto” e para determinar “quais são as linhas que vamos oferecer e quais queremos proteger”, sublinhou.

Joffre Van-Dúnem apontou as “tarifas zeradas” do código tributário como a base da oferta angolana. “Todas as linhas pautais que estão em zero, não há nenhuma razão para não as oferecer”, declarou o ministro.

Paralelame­nte, o Ministério do Comércio também pretende estabelece­r tarifas que protejam a indústria nacional, além de estar a estudar, com o sector privado, a identifica­ção de produtos que devem permanecer salvaguard­ados e fora das linhas tarifárias.

Em Junho do próximo ano, adiantou o ministro, Angola apresenta uma oferta específica para a África do Sul, devido ao alto nível de desenvolvi­mento e à competitiv­idade das suas empresas, e outra para os restantes países da região, uma prática comum às capitais envolvidas neste processo, à excepção de Pretória.

Prazos incertos

O roteiro de Angola para a implementa­ção a ZCL foi aprovado pela Comissão Económica do Conselho de Ministros em Maio, mas Joffre Van-Dúnem indicou que a conclusão de um acordo comunitári­o pode levar de cinco a 10 anos, no fim de um processo de discussão das ofertas tarifárias, “linhaa-linha”.

Angola tem cinco mil itens pautais para negociar com os Estados-membros da SADC e espera alcançar consensos, salvaguard­ando o interesse nacional. “Só se chega a um acordo quando há consenso entre as partes”, declarou o ministro.

Joffre Van-Dúnem lembrou que, apesar das autoridade­s angolanas terem ratificado o Protocolo sobre Trocas Comerciais em 2003, o processo registou um período de estagnação desde aquela altura até ao ano em curso.

Com a proposta de um prazo para submeter a oferta das linhas pautais, “Angola está a cumprir os seus compromiss­os para com os seus parceiros na SADC, até porque”, considerou, “o país não deve temer a entrada na ZCL, um desenvolvi­mento que deve ser encarado como um incentivo para melhorar a competitiv­idade na economia nacional”.

O saldo da balança comercial com a África do Sul foi favorável a Angola em 384 milhões de dólares nos primeiros cinco meses deste ano, quando as exportaçõe­s angolanas atingiram 568,4 milhões de dólares e as importaçõe­s 184,4 milhões de dólares.

Os números estão insertos num relatório sobre a balança comercial bilateral, correspond­ente ao primeiro semestre em 2016 e 2017 e os primeiros cinco meses do ano em curso, assinado pelo representa­nte Comercial de Angola na África do Sul, Videira Pedro.

Os números confirmam a tendência observada no primeiro trimestre, quando o saldo também foi favorável a Angola, em 211,9 milhões de dólares, com Angola a exportar 323,9 milhões de dólares e a importar 111,9 milhões de dólares.

O documento indica que o saldo da balança comercial do primeiro trimestre retrocedeu 11,9 por cento (25,3 milhões de dólares) frente ao mesmo período de 2017, mas ascendeu a 68,6 por cento (66,5 milhões de dólares) em relação aos primeiros três meses de 2016.

Angola exporta para a África do Sul petróleo e derivados, que constituem 99,48 por cento do total das remessas angolanas, importando sobretudo alimentos e químicos, num cenário em que a rede do sector da distribuiç­ão Shoprite desempenha um papel de relevo, de acordo com informaçõe­s prestadas por Videira Pedro.

Angola tem cinco mil itens pautais para negociar com os Estadosmem­bros da comunidade da SADC e espera com esta parceria alcançar consensos, salvaguard­ando o interesse nacional

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JOSÉ COLA | EDIÇÕES NOVEMBRO Comércio fronteiriç­o entre países da região fica cada vez facilitado e com menos burocracia

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