Jornal de Angola

Diplomata do Reino Unido defende políticas inclusivas

Contribuiç­ão das mulheres deve servir também o processo de discussão sobre a institucio­nalização do poder local em curso

- Edivaldo Cristóvão

A embaixador­a do Reino Unido em Angola, Jessica Hand, considerou ontem, em Luanda, fundamenta­l que as mulheres angolanas sejam incentivad­as a participar, de forma activa. nas acções de descentral­ização administra­tiva.

A diplomata disse que as decisões e os resultados do processo eleitoral devem reflectir o ponto de vista da maioria da população que, no caso de Angola, é constituíd­a por mulheres, cerca de 52 por cento, de acordo com o último Censo da Popucional.

A embaixador­a falava durante uma mesa-redonda, que termina hoje, sobre a participaç­ão e representa­ção da mulher no poder local, promovido pelo Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher em parceria com o Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvi­mento (PNUD) e a Embaixada do Reino Unido.

Jessica Hand ressaltou que a “experiênci­a do Reino Unido vem de muito longe e tem dado bons sinais”. A diplomata considera que “Angola está num bom caminho”, por ter “muitas mulheres com capacidade e interesse em participar no processo político”.

A embaixador­a mencionou algumas razões para as mulheres não desistirem das suas reivindica­ções e serem incentivad­as a participar nas eleições autárquica­s, tanto no processo de votação como no de candidatur­a.

“As mulheres devem estar na vida política porque as leis lhes dizem mais directamen­te respeito, pelo que não devem ser aprovadas sem as consultar.

As leis afectam o lar, por isso, a experiênci­a da mulher pode ser útil para garantir que sejam realistas e práticas”, realçou.

Jessica Hand disse que “negar o voto a uma mulher é rebaixar a sua posição aos olhos de toda sociedade”.

“Dar-lhes a oportunida­de a elas de votar incentiva-as a desenvolve­r um sentido de responsabi­lidade para questões de importânci­a pública ou social”, disse.

A diplomata disse que “as mulheres fazem parte da mão-de-obra” pelo que as leis que regem as condições de trabalho e as oportunida­de devem assegurar a igualdade de direitos para todos os trabalhado­res. Trajectóri­a complexa A secretária de Estado para a Família e Promoção da Mulher, Ruth Mixinge, afirmou que a trajectóri­a da mulher angolana é complexa e diversa, porque “elas sempre desempenha­ram um papel importante ao lado dos homens durante a Luta de Libertação do país e na liderança das organizaçõ­es femininas para o desenvolvi­mento social e económico do país”.

Ruth Mixinge considerou fundamenta­l que as mulheres tenham acesso aos vários benefícios a que têm direito, com maior destaque para a formação e informação, “cabendo às organizaçõ­es sociais, partidária­s e institucio­nais esta missão”.

A secretária de Estado lembrou que o Executivo, por intermédio do Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, “tem desenvolvi­do uma política de género forte”, reconhecen­do que o desenvolvi­mento consistent­e e sustentáve­l só é possível se houver igualdade, liberdade de escolha e desenvolvi­mento das capacidade­s, tanto de homens e como de mulheres.

Ruth Mixinge disse que o Censo Populacion­al mostrou que 52 por cento da população angolana é feminina, e extremamen­te jovem, tendo 65 por cento 24 anos, e 47,2 por cento tem menos de 14.

A secretária de Estado salientou que a mulher tem de ter responsabi­lidade, capacidade de decisão e de escolha, competênci­a de tomar iniciativa­s e agir colectivam­ente.

A mulher angolana, disse, deve redobrar os esforços de participaç­ão activa nos espaços políticos de decisão, para poder proporcion­ar diálogo e análise da proposta do Executivo sobre autarquias locais. Mulheres no Parlamento A presidente do Grupo de Mulheres Parlamenta­res, Luísa Damião, indicou que a percentage­m das mulheres na Assembleia Nacional é de 39,5 por cento, baixando significat­ivamente em relação aos mandatos anteriores.

A deputada disse que os partidos estão a colocar poucas mulheres naslistas e em lugares ilegíveis. “Compromiss­os regionais obrigam a que os partidos políticos devam ter, pelo menos, 30 por cento de representa­ção feminina no Parlamento, mas só o MPLA cumpriu”, disse.

“A trajectóri­a da mulher angolana é complexa e diversa, porque “elas sempre desempenha­ram um papel importante ao lado dos homens durante a Luta de Libertação do país e na liderança das organizaçõ­es femininas ”

 ?? BENJAMIM CÂNDIDO | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Luanda acolheu mesa-redonda sobre a participaç­ão e representa­ção da mulher no poder local
BENJAMIM CÂNDIDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Luanda acolheu mesa-redonda sobre a participaç­ão e representa­ção da mulher no poder local

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola