Agricultura pode colher 21 milhões de toneladas de alimentos em 2019
O Ministério da Agricultura
pretende que a próxima campanha agrícola, a iniciar em Setembro, atinja acima de 11 milhões de toneladas de raízes e tubérculos, quatro mil toneladas de frutas, três mil de cereais, 802 mil toneladas de leguminosas e 1,9 milhões de toneladas de hortícolas.
O ministro da Agricultura e Florestas, Marcos Alexandre Nhunga, informou ontem, em Luanda, no seminário sobre a implementação do comércio rural, que outra meta a atingir a correcção de 30 mil hectares de solos ácidos, a preparação de 5.038.971 hectares de terra para sementeira e o recrutamento de mais de 380 técnicos superiores e médios para apoio ao sector.
O sector agrícola quer, com a campanha 2018-2019, alcançar as metas definidas no Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 20182022, em parceria com a União Europeia que, através do Ministério do Comércio, financia o estudo de viabilidade de implementação da expansão da rede comercial rural de proximidade a nível das províncias.
Hoje, a população rural no país ronda 9.635.037 pessoas, equivalente a 37,4 por cento da população total, com grande parte a ter como principal actividade económica a agropecuária familiar. A principal fonte de renda das populações rurais é responsável por mais de 80 por cento da produção agrícola nacional e representa 99,8 por cento das unidades produtivas.
O espaço agrícola angolano, vasto e pouco explorado, é estimado em 35 milhões de hectares de terra arável e 50 milhões de hectares de área florestal. Segundo Marcos Nhunga, os sistemas de produção agrário são ainda de baixo rendimento e de oferta irregular, com fraca qualidade comercial que afecta, negativamente, a comercialização e contribui para a redução da capacidade de concorrência, face aos produtos importados.
Os agricultores de pequena escala vendem o kilo de milho á 25 e 35 Kwanzas, contra 80 e 110 kwanzas, que são valores normais no mercado interno, neste contexto.
Por causa de desequilíbrios no preço do milho, o ministro da Agricultura e Florestas assegurou que o Executivo trabalha já na criação de um mecanismo de comercialização de milho e feijão, para assegurar resultados positivos na colheita.
Redes de proximidade
Para a implementação das redes de proximidade, foram feitos estudos de viabilidade nas províncias do CuanzaSul e Huambo, para a constituição de lojas de proximidade, no sentido de dar melhor condição de vida e satisfazer as necessidades da população rural.
Para o sector, a província do Huambo representa grandes potencialidades em produtos agrícolas, essencialmente nos municípios da Caála e Chicala Choloanga, onde só em milho a safra garantiu, este ano, 350 mil toneladas.
O ministro do Comércio, Joffre Van-Dúnem Júnior, disse que o projecto está reflectido no Programa Integrado do Comércio Rural, com os respectivos cronogramas de acções que traçam um conjunto de medidas estratégicas, que visam eliminar os constrangimentos identificados e que permitem o desenvolvimento do comércio rural.
O embaixador da Delegação da União Europeia em Angola, Thomas Ulicny, disse que no estudo de viabilidade foram seleccionadas apenas as províncias com maiores potencialidades na produção agrícola, sobretudo Huambo, Huíla e Cuanza-Sul.
Thomas Ulicny explicou que durante os estudos de viabilidade foram constatados grandes défices em infraestruturas sustentáveis, tanto no campo da conservação de produtos, quanto no mau estado das vias de acesso, educação, saneamento básico, água e electricidade, elementos que “aprofunda e prolongam as condições de pobreza e dificultam o escoamento e venda dos produtos no mercado nacional e internacional”. Para o representante da União Europeia, as lojas do campo representam uma possibilidade de reforço da capacidade de produção dos fazendeiros e dos produtores.