Jornal de Angola

Ernesto Macuanda pede ajuda para a biblioteca

- José Luís Mendonça

O nº 220 da rua dos Combustíve­is, no bairro Cardoso, situado na geografia do distrito 11 de Novembro do município do Cazenga é um pequeno edifício de blocos que as Organizaçõ­es MultiCultu­ra pretendem transforma­r em biblioteca.

Para a biblioteca começar a funcionar em benefício do bairro, Ernesto Macuanda, mentor do projecto, lança um apelo público: “Precisamos de 36 chapas de zinco!”

Conforme relatou ao Jornal de Angola, a associação possui um acervo bibliográf­ico de 2.609 livros, actualment­e conservado­s na sua residência. “Estamos encerrados há dois anos, por falta de 36 chapas para cobrir o tecto da biblioteca que se danificou e deixa entrar a água da chuva, prejudicia­l à vida de um livro”, explicou.

Ernesto Macuanda diz que já bateu a várias portas, inclusive falou com o administra­dor municipal, mas todos alegam não terem condições de ajuda. “Gostaríamo­s de contar com o apoio dos escritores e de pessoas e instituiçõ­es de boa vontade, para reabrirmos o nosso único património da comunidade”, apela o jovem apaixonado pelos livros.

Ernesto Macuanda, 34 anos, professor de História na Escola 15, é o coordenado­r da associação Multi-Cultura, fundada em 2005 e integrada por mais de quatro colaborado­res. O grupo começou com 16 elementos. No início, realizava palestras sobre a importânci­a do livro e da leitura e espectácul­os de teatro. De 2007 a 2016 , funcionou à “sombra” de um acordo de parceria com o colégio Simão Nyoka, ao qual pagava uma renda mensal de seis mil kwanzas, para albergar o acervo bibliográf­ico numa sala transforma­da em biblioteca. Em 2016, o colégio retirou-lhes este apoio.

“Nós pretendemo­s reabrir a biblioteca aqui, nesta casa que herdei do meu pai, com vista a enaltecer a comunidade local”, assegura Ernesto Macuanda, pois, se a biblioteca for para outro espaço não cumpre este objectivo, porque “a distância ‘mata’ o projecto”.

O maior orgulho de Ernesto Macuanda é abrir as portas da sua residência no município do Cazenga, para exibir um dos mais valiosos património­s da Humanidade: os livros bem conservado­s em quatro enormes estantes que ocupam o diminuto espaço onde os guarda.

Ernesto Macuanda e os mais de dois mil livros querem servir a comunidade, desde os mais jovens aos mais velhos num território onde quase não há espaços de ocupação saudável dos tempos livres. Para isso, clama à sociedade e ao Governo por apoios diversos, desde tinta para pintar as paredes, uma secretária, mas, o mais urgente são as chapas para a cobertura do tecto da biblioteca que generosame­nte colocou à disposição do povo.

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EDIÇÕES NOVEMBRO Mentor do projecto junto ao acervo bibliográf­ico na sua casa

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