Visita de Kabila atingiu objectivos
Chefe de Estado congolês visitou ontem o Museu das FAA e a base de operações logísticas da Sonangol em Luanda
As visitas à principal base logística de apoio à actividade petrolífera no país (Sonils) e ao Museu das Forças Armadas Angolanas, sem quaisquer declarações à imprensa no final, marcaram o segundo e último dia da visita de trabalho do Presidente da República Democrática do Congo (RDC), Joseph Kabila, ao país.
Joseph Kabila, acompanhado do ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, e do titular dos Transportes, Ricardo de Abreu, percorreu em cortejo automóvel o longo parque da Sonils, tendo no final recebido a informação de que o empreendimento facturou mais de 200 milhões de dólares o ano passado.
Joseph Kabila e os elementos da delegação foram também informados de que o projecto total do empreendimento, que numa primeira fase incluiu a limpeza de 200 hectares do local onde foi construída a base e, posterior, construção do cais, dos canais de drenagem, armazéns, oficinas e equipamentos, orçou em mil milhões e 100 milhões de dólares. Em declarações à imprensa no final da visita, o director-geral da Sonils con- siderou positiva a visita de Kabila à Sonils, salientando que a cooperação e a troca de experiências entre dois países vizinhos é sempre vantajosa.
Hélder de Sousa reconheceu que o movimento da actividade da Sonils baixou significativamente devido à crise financeira provocada, sobretudo, pela queda do preço do petróleo no mercado internacional.
O responsável afirmou: “ainda assim, temos estado a dar o máximo para que a situação melhore a qualquer momento, porque esperamos também voltar a dar o suporte que é exigido nos momentos de alta actividade.”
Questionado sobre os projectos em carteira, esclareceu que estes surgem apenas em função da estratégia do Estado. “A Sonils aparece apenas para dar suporte aos mesmos”, disse Hélder de Sousa, que garantiu procurar manter ao longo deste ano o equilíbrio da facturação de 2017 (mais de 200 milhões de dólares).
Hélder de Sousa admitiu, no entanto, que continuam a registar-se “algumas baixas”, pelo facto de o ressurgimento em alta da actividade da empresa estar a ser processado de forma lenta.
As bases do Kwanda, na vila do Soyo, e da Sonils, em Luanda, constituem os principais centros logísticos de apoio à actividade petrolífera do país.
Museu das FAA
Após visitar a Sonils, sempre na companhia do ministro das Relações Exteriores, o Presidente Joseph Kabila foi ao Museu das Forças Armadas Angolanas.
Em mais de uma hora, Joseph Kabila e a sua delegação percorreram grande parte das instalações do museu, onde, entre outros, estão expostos equipamentos utilizados durante a luta pela independência e na guerra civil.
A viatura de marca “Renault” utilizada no Congo pelo primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto, durante a luta pela independência, o carro blindado que transportou o malogrado, em 1979, incluindo as aeronaves utilizadas pela Força Aérea Portuguesa para neutralizar manifestações pacíficas de nacionalistas e da população em várias partes do território, chamaram a atenção do Presidente Kabila.
No final da visita, o Chefe de Estado congolês rubricou o livro de honra. Joseph Kabila regressou no princípio da tarde de ontem ao seu país.
De acordo com o director do museu, tenente-general Silvestre Francisco, foi uma honra receber a visita do Presidente congolês. Silvestre Francisco informou que o museu renova mensalmente o seu acervo, com peças guardadas no depósito da instituição.
A visita a Angola ocorreu numa altura em que se mantém a pressão internacional sobre Joseph Kabila, que já cumpriu dois mandatos como Presidente da RDC, o máximo permitido pela Constituição do país.
Programa da visita
No primeiro dia da visita, quinta-feira, o Presidente da República, João Lourenço, recebeu o homólogo congolês no Palácio Presidencial da Cidade Alta, no quadro do reforço da cooperação.
O Presidente João Lourenço sublinhou, na ocasião, que “Angola e a RDC são dois países vizinhos que partilham uma extensa fronteira de 2.600 quilómetros quadrados e, por essa razão, como se costuma dizer vulgarmente, estão condenados a dar-se bem.”
O movimento da actividade da Sonils baixou significativamente devido à crise financeira provocada, sobretudo, pela queda do preço do petróleo no mercado
O Chefe de Estado disse que, entre os dois países, existe a obrigação de cultivar-se permanentemente os laços de amizade e de cooperação e, de preferência, estabelecer-se negócios entre os Estados, empresas e entre a população.
Por sua vez, o Presidente da RDC, Joseph Kabila, considerou “excelentes” as relações entre os dois países e defendeu a ampliação das mesmas para os sectores do comércio e infra-estruturas.
Joseph Kabila indicou que é preciso que os dois países capitalizem, cada vez mais, o corredor do Lobito para potenciar as trocas comerciais e a necessidade de Angola e a RDC continuarem a cultivar relações de boa vizinhança.