Jornal de Angola

Desfecho do “caso Fundo Soberano” conhecido em breve

Processo deriva do facto de ter havido uma transferên­cia irregular de 500 milhões de dólares de Angola para o exterior

- Adelina Inácio

O procurador-geral da República, Hélder Pitta Grós, revelou ontem, em Luanda, que o processo que envolve o ex-presidente do Conselho de Administra­ção do Fundo Soberano, José Filomeno de Sousa dos Santos, suspeito da prática de crimes de burla por defraudaçã­o, peculato, associação criminosa, tráfico de influência e branqueame­nto de capitais está já na sua fase final.

Hélder Pitta Grós, que falou à imprensa no final da tomada de posse da nova directora do Instituto Nacional de Estudos Judiciário­s (INEJ), Luzia Sebastião, afirmou que, “em pouco tempo poderemos concluir e decidir sobre ele, se houver factos suficiente­s para a acusação”, disse.

No processo sob investigaç­ão estão também arrolados os cidadãos Jorge Valdez Sebastião, Walter Filipe Duarte da Silva, exgovernad­or do Banco Nacional de Angola, António Samalia Bule Manuel e João Domingos dos Santos Ebo.

A constituiç­ão dos cidadãos em arguidos deriva do facto de ter havido uma transferên­cia irregular de 500 milhões de dólares de Angola para o exterior, recuperado­s posteriorm­ente pelo Executivo.

Isabel dos Santos

O procurador-geral da República esclareceu também sobre a notificaçã­o à empresária Isabel dos Santos, para prestar esclarecim­entos na PGR sobre a sua gestão enquanto ex-presidente do Conselho de Administra­ção da Sonangol.

Isabel dos Santos irá também ser ouvida no quadro de um processo-crime em que o actual presidente do Conselho de Administra­ção da Sonangol, Carlos Saturnino, é acusado pela empresária do crime de difamação e calúnia.

O magistrado confirmou a notificaçã­o da PGR à empresária, tendo adiantado que “não é muito importante ou de grande relevância a questão de ela não ter comparecid­o (ainda) à PGR”.

“Isso tem acontecido com outros cidadãos que não têm comparecid­o quando notificado­s e têm justificad­o as suas ausências”, salientou.

Hélder Pitta Grós esclareceu que “a empresária não se fez presente na investigaç­ão e não apresentou nenhuma justificaç­ão”. “Por isso, a PGR vai voltar a notificá-la, como tem feito com outros casos”, disse.

“O magistrado que tem o processo da empresária vai decidir quando é que vai voltar a notificá-la, porque tem outros processos além desse”, disse.

Hélder Pitta Grós indicou que Isabel dos Santos tem dois processos: um processocr­ime em que ela é a queixosa e outro processo de inquérito em que a mesma vai ser ouvida como arguida.

“Isabel dos Santos é uma cidadã que poucas vezes está no país e vamos esperar o momento em que ela estiver no país para ser notificada sobre estas duas questões, porque os processos estão parados, aguardando que ela seja ouvida”, afirmou o procurador-geral.

INEJ mais dinâmico

O ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz, reconheceu ontem que um dos principais problemas do sistema judicial no novo contexto é a falta de juízes, oficiais de justiça e secretário­s judiciário­s para os novos tribunais da Relação e de Comarca que deverão ser criados em todo o país.

Francisco Queiroz, que falava na tomada de posse da nova directora-geral do INEJ, Luzia Sebastião, e do responsáve­l da Direcção Nacional de Políticas de Justiça, José Nascimento, adiantou que, para colmatar a grande lacuna que existe, o sector conta com a formação feita naquela instituiçã­o.

O ministro espera que Luzia Sebastião torne o INEJ num centro de produção dinâmico de magistrado­s para dar resposta à procura do sistema judicial.

A nova directora do INEJ, Luzia Sebastião, lembrou que a instituiçã­o tem duas tarefas fundamenta­is que precisam de ser realizadas e destacou, com urgência, a implantaçã­o do novo sistema judiciário, com realce para a criação dos tribunais de Comarca e da Relação, que vão precisar de juízes, procurador­es, escrivães e de oficiais de diligência­s.

Luzia Sebastião pretende adoptar um novo conceito e tornar o curso mais profission­alizante, com a formação em pôs-graduação, “porque são pessoas licenciada­s e que quando chegam precisam de ser preparadas para o exercício da função de juízes e procurador­es”.

O procurador-geral da República esclareceu também sobre a notificaçã­o à empresária Isabel dos Santos, para prestar esclarecim­entos sobre a sua gestão na Sonangol

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DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Luzia Sebastião tomou posse como directora do Instituto Nacional de Estudos Judiciário­s

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