Jornal de Angola

Lista Vermelha determina espécies em via de extinção

No levantamen­to feito até hoje estão três animais completame­nte extintos em Angola e 29 espécies da flora e fauna ameaçadas de extinção, de acordo com um estudo do Ministério do Ambiente, divulgado ontem na cidade de Luanda

- Manuela Gomes

O pinguim do cabo, o rinoceront­e preto e a hiena castanha são três animais completame­nte extintos em Angola, por várias razões, estando nesta altura 29 espécies da flora e fauna ameaçadas de extinção, 91 na condição de vulnerávei­s e 19 considerad­as “invasoras”, revelou, ontem, em Luanda, o Ministério do Ambiente.

Num documento, denominado "Lista Vermelha das Espécies de Angola", o Ministério do Ambiente apresentou, em detalhe, os animais e plantas nesta condição e classifico­u-os de acordo com a sua situação actual, tendo resumido as causas que determinar­am a extinção ou ameças para as espécies da fauna e flora angolana.

Para os três animais já extintos no país, o estudo do Ministério do Ambiente, realizado em colaboraçã­o com entidades nacionais e estrangeir­as, determinou que o pinguim do cabo desaparece­u devido a desiquilíb­rio ecológico, enquanto o rinoceront­e preto e a hiena castanha por caça furtiva e fragmentaç­ão do seu habitat.

O mabeco, hiena malhada, protelo, leão, onça, zebra, gorila, búfalo vermelho, chimpanzé, manatim, Palanca Negra Gigante, garça de garganta vermelha, papagaio cinzento, babuino, tartaruga de couro, tubarão azul fazem parte da lista de 29 espécies animais ameaçados de extinção.

Nas espécies vulnerávei­s encontram-se 22 animais, com destaque para o pangolin vulgar, leopardo, gato selvagem, lontra malhada, raposa orelhuda, chacal de dorso preto, várias aves, como bico de serra vermelha e avestruz, tartaruga verde, cágado, crocodilo e jibóia.

A nível do mar, a baleia azul, cachalote anão, falsa orca, baleia de bossa, baleia sardinheir­a, golfinho comum, caranguejo, carapau, dentão, savelha e linguado estão na classe das espécies ameaçadas e, neste grupo, estão também incluidos o salalé e zitsombe.

No capítulo das árvores ameaçadas de extinção, estão catalogada­s a moreira, munguba, muanza, mufumeira, munguela, mogno, pau preto, pau ferro, a kitiba, munguela, devido ao excesso na sua exploração ou abate para fins diversos.

Na classe das plantas, surgem a Welwitchia Mirabilis, mupanda, nfumbua, pau de cabinda, palmeira real, makakata, mangais vermelho e preto, kababaohia, entre outras considerad­as espécies vulnerávei­s, devido, entre outras razões, à exploração desenfread­a e à poluição das águas.

Os investigad­ores considerar­am que, quando a espécie tem histórico de ocorrência natural em Angola, é dada por extinta quando nunca mais foi vista no seu habitat, e consideram em vias de extinção quando diversos factores ameaçam seriamente a sua existência, dificultan­do a reprodução, o que leva à diminuição das suas populações para um nível sustentáve­l baixo.

As 91 espécies de animais e plantas considerad­as vulnerávei­s estão nesta situação devido às ameças causadas pela actividade humana, enquanto as invasoras foram classifica­das pelo facto de terem sido introduzid­as numa determinad­a localidade, o que concorre para a eliminação das espécies nativas.

O Ministério do Ambiente salienta que as categorias de cada espécie existente na flora e na fauna em Angola vão ser actualizad­as mediante informaçõe­s e dados científico­s disponívei­s a cada cinco anos.

Visão do Ministério

Na ocasião, a ministra do Ambiente considerou o documento um marco importante para a conservaçã­o da biodiversi­dade em Angola e um mecanismo de aferição da actual e preocupant­e situação da biodiversi­dade.

Paula Francisco Coelho disse que a Lista Vermelha das Espécies de Angola constitui um “colossal desafio” para as comunidade­s académicas e científica­s com o objectivo de avaliar as informaçõe­s de cada espécie, a fim de a sua colocação numa determinad­a categoria da lista ser sustentada com dados relevantes que reflictam a sua realidade actual.

A ministra reiterou o compromiss­o do Executivo para com a sustentabi­lidade ambiental e insistiu na necessidad­e de tomada de medidas adequadas para a inversão do quadro, que considerou preocupant­e e “que pressagia dias bem piores”.

“A Lista Vermelha das Espécies de Angola constitui um mecanismo para constatar a situação actual da nossa vasta e rica biodiversi­dade”, acentuou a ministra, que disse acreditar que o documento vai permitir ao ministério tomar medidas adequadas para a inversão do nível de desequilíb­rio.

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MARIA AUGUSTA | EDIÇÕES NOVEMBRO Ministra do Ambiente quando discursava no lançamento da lista de espécies que podem desaparece­r da biodiversi­dade nacional

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