Artistas angolanos e portugueses no palco do Cine Atlântico
O casamento entre o semba e o fado volta a acontecer em Outubro, em Luanda, na edição 2018 do Festival Caixa Fado
Os ritmos africanos e o fado voltam, uma vez mais, a fundir-se e a reunir no mesmo palco, em Luanda, artistas nacionais e portugueses, num único concerto no dia 4 de Outubro, no Cine Atlântico, no 4.º Festival Caixa Fado, ao contrário do ano passado em que foi promovido um segundo concerto em Benguela.
A edição deste ano tem como atracções as cantoras Afrikanitha e Anabela Aya, C4 Pedro e os fadistas Marcos Rodrigues, Carminho e Paulo Bragança, além de Paulo de Carvalho, com a produção da Música no Coração.
Segundo a programação do festival, uma iniciativa do Banco Caixa Angola, os cantores actuam a solo e em duetos, brindando o público com interpretações recheadas de temas próprios e do cancioneiro dos dois países.
Marcos Rodrigues é “totalista” com três participações no festival. O cantor, compositor e guitarrista disse ao Jornal de Angola que a iniciativa vale pela interacção criada entre a música africana e o fado, pois tem contribuído para fortalecer as carreiras dos participantes.
O artista, que foi o único cantor português em cartaz presente na conferência de imprensa de lançamento desta 4.ª edição, realizada no Hotel Continental, em Luanda, considera o Caixa Fado um “casamento” perfeito entre a cultura portuguesa e angolana, em particular, mas africana no geral, porque os artistas angolanos transportam a multiplicidade rítmica do continente “berço” para o palco . “Já atingimos uma marca e a expectativa aumenta a cada ano, pois criámos todos os anos momentos únicos”, destacou Marcos Rodrigues.
A cantora Afrikanitha prometeu “mergulhar” no ambiente de festa, criando sonoridades diferentes e aproveitando o momento para trocar experiências.
Convidada pela segunda vez, Anabela Aya espera alcançar o mesmo êxito da edição anterior, na qual recebeu uma ovação do público em pé, como reconhecimento pela interpretação do tema “Página Rasgada”, original de Zé do Pau, em dueto com a fadista Kátia Guerreiro, numa nova “roupagem” do fado. “Não vejo a hora de começar”, disse a artista.
O Festival Caixa Fado foi criado com a intenção de promover a língua portuguesa, a aproximação cultural e a manutenção dos laços históricos entre os dois povos, surtindo efeito, pois tem proporcionado uma fusão entre a música angolana e portuguesa, com experiências diferentes, à primeira vista improvável e que resultou numa relação harmoniosa.
O festival reforça a importância do intercâmbio cultural entre ambos os países, através de um dos mais importantes elos de ligação entre povos: a música.
Promovido pelo Banco Caixa desde 2015, o festival nasceu simultaneamente em Alfama (Lisboa) e Ribeira (Porto), e ganhou expansão em Luanda, onde tem já lugar cativo na agenda cultural da cidade. Em Angola, as duas primeiras edições foram realizadas no Cine Atlântico. Em 2017, realizou-se também em Benguela, onde actuaram Ary, Anabela Aya, Marco Rodrigues, Camané, Kátia Guerreiro, Maria Ana Bobone, José Gonçalez e Filipa Cardoso.