Aprovado novo remédio para tratamento da malária
Investigador norte-americano afirma que a aprovação do remédio é um valioso contributo para a erradicação da doença
Tafenoquina é o nome de um novo remédio que trata a malária com uma dose apenas, aprovado há dias pela FDA, a entidade responsável pela regulamentação de alimentos e remédios nos Estados Unidos da América (EUA), para ser já comercializado.
O medicamento da farmacêutica GSK está especialmente indicado para a forma recorrente da malária, uma doença causada pelo parasita Plasmodium Vivax, que se estima ser responsável por cerca de 8,5 milhões de casos por ano, especialmente nas regiões do Sul e Sudeste Asiático, América Latina e da África Subsahariana.
A aprovação dada pela FDA à comercialização do anti-palúdico deve-se à eficácia comprovada no combate ao parasita, que ataca o fígado. É a primeira vez, em 60 anos, segundo a BBC, que a FDA aprova um novo tratamento para essa doença típica dos países tropicais.
O uso de tafenoquina, concomitantemente ou não com outros remédios, para acabar com o Plasmodium, não é uma novidade.
A substância foi desenvolvida há 30 anos nos EUA, mas os testes não avançaram na época. O problema é que a indústria farmacêutica não dava prioridade à malária, por não ser considerada um “negócio interessante”, admitiu um especialista. O diferencial do medicamento aprovado pela FDA é que só precisa de ser administrado numa única vez, ao contrário da primaquina, outro fármaco usado contra a malária e que precisa de ser tomado durante 14 dias.
“A capacidade de livrarse do parasita no fígado com uma dose única de tafenoquina é uma conquista fenomenal e, na minha opinião, representa um dos avanços mais significativos no tratamento da malária no Mundo nos últimos 60 anos”, comentou Ric Price, pesquisador da Universidade de Oxford, no Reino Unido, numa entrevista à BBC.
Mas a FDA alertou que, apesar de ser um medicamento eficaz, existem efeitos colaterais importantes a serem observados. Por exemplo, pessoas com a deficiência de G6PD (glicose6-fosfato desidrogenase) não devem tomar o medicamento, porque podem ficar com anemia grave. Há também uma preocupação de que, em doses altas, esse fármaco possa ser um problema para pessoas com doenças psiquiátricas.
A malária é provocada por um parasita, o Plasmodium, transmitido através da picada do mosquito fêmea. Uma vez no organismo, os parasitas multiplicam-se no fígado, infectando os glóbulos vermelhos do sangue. Os mosquitos que transmitem o parasita são mais comuns em climas tropicais, razão para a doença ter maior prevalência nessas regiões.
“A aprovação deste novo medicamento, em mais de 60 anos, é um marco importante e um contributo extraordinário para o esforço global de erradicar a doença”, declarou Hal Barron, presidente de Investigação e Desenvolvimento da GSK, que disse ter o Mundo esperado décadas por este momento, em que surge uma nova esperança para combater a malária.
O medicamento resulta de uma parceria de investigação, sem fins lucrativos, entre a farmacêutica GSK e o Instituto Medicine for Malaria Venture.
Após a aprovação, a FDA concedeu à GSK uma “Tropical Disease Priority Review Voucher”, um reconhecimento destinado a encorajar o desenvolvimento de novos medicamentos e produtos para a prevenção e o tratamento de algumas doenças tropicais, tipicamente desvalorizadas.
A aprovação dada pela FDA à venda do tafenoquina deve-se à eficácia comprovada no combate ao parasita que está na origem do paludismo