Jornal de Angola

Samakuva acusa Estado de “capturar” Savimbi

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O presidente da UNITA, Isaías Samakuva, acusou o Estado de “capturar” os restos mortais de Jonas Savimbi.

Isaías Samakuva afirmou que “não há razão alguma para que o Estado angolano mantenha Jonas Malheiro Savimbi preso, mesmo depois de morto”.

O líder do maior partido da oposição (um dos beligerant­es da guerra civil), que falava na cerimónia que assinalou o aniversári­o natalício do fundador da UNITA, assinalado na última sexta-feira, perguntou “por que é que se prende um ‘morto?”.

“A prisão dos restos mortais do co-fundador de Angola pelas autoridade­s de Angola constitui um testemunho gritante da política de exclusão entre irmãos e simboliza a necessidad­e imperativa da genuína reconcilia­ção nacional”, disse no seu discurso.

Isaías Samakuva disse que esta atitude “significa que a República ainda luta contra si própria e que os angolanos ainda não são um só povo, uma só Nação”.

O presidente da UNITA revelou que Jonas Savimbi “aceitou, sim senhor, os resultados eleitorais, em 1992". Isaías Samakuva, que sucedeu a Jonas Savimbi, morto na guerra a 22 de Fevereiro de 2002, na liderança do partido, afirmou que “as causas da guerra (pós-eleitoral de Setembro) foram outras”. Isaías Samakuva considerou que “a dimensão histórica e heróica dos homens que fazem a História das Nações não deve ser amputada nem eclipsada pelos aspectos menos positivos da sua dimensão humana”, o lado mais frágil da nossa natureza biológica.

No seu discurso, em que fez o percurso histórico de Jonas Savimbi, Samakuva disse que o fundador da UNITA “compreende­u os fenómenos geopolític­os da época e integrou o movimento revolucion­ário para a libertação de África”, acrescenta­ndo que a única via era a luta armada.

“Era legal, era legítimo para os povos pegarem em armas e lutarem pelos seus direitos de cidadania, pela sua dignidade, pelo direito de governarem os seus próprios destinos”, referiu.

Isaías Samakuva afirmou que Jonas Savimbi era “nacionalis­ta implacável”. “Savimbi tinha Angola como um mosaico multicultu­ral, cujos povos deviam negociar um pacto social, um compromiss­o para a construção da Nação angolana, sua única Pátria, indivisíve­l”, disse.

O político lembrou que, com Bicesse, Angola passou a ser um Estado de Direito Democrátic­o.

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