Jornal de Angola

Presidente Buhari sem alternativ­a credível para as eleições de 2019

Aquilo por que está a passar o partido do Presidente Muhammadu Buhari é uma cópia do que sucedeu em 2015, quando uma série de deserções para a principal formação da oposição compromete­u o seu triunfo eleitoral. Desta vez, a grande vantagem do Congresso de

- Victor Carvalho

O dramático anúncio feito há uma semana por cerca de 50 legislador­es do partido Congresso de Todos os Progressis­tas, que suporta o Presidente Muhammadu Buahri, é quase a repetição de uma história do que sucedeu em 2015.

Também nessa altura, proeminent­es membros deste partido resolveram bater com a porta e juntar-se ao Partido Democrátic­o do Povo na busca por uma vitória que acabou por lhes escapar.

Agora, a história repetese com os dissidente­s do partido no poder a procurarem junto da oposição um lugar que lhes permita chegar ao poder já nas eleições do próximo ano.

Estas saídas, que já se previam há algumas semanas, têm como principais protagonis­tas os senadores Yakubu Dogara e Bukola Saraki, que até ao momento ainda não anunciaram oficialmen­te a sua renúncia ao Congresso de Todos os Progressis­tas apesar de serem apontados como sendo os “instigador­es” das deserções em massa que se registaram em vésperas das férias parlamenta­res.

Apesar deste seu compasso de espera, a verdade é que a sua posição no seio do partido no poder está bastante complicada havendo já informaçõe­s que deixam perceber a intenção de Muhammadu Buhari promover a sua expulsão de modo a clarificar a situação, um passo urgente quando se está a menos de seis meses da ida às urnas.

São conhecidas as divergênci­as entre Buahri e o senador Bukola Saraki, que foi recentemen­te ilibado pelo Supremo Tribunal de acusações de corrupção num processo iniciado por orientação do Presidente da República, pelo que não faz sentido alimentar esta indefiniçã­o quando já todos na Nigéria perceberam que a ruptura é mesmo inevitável.

Tensão alimenta polémica

Esta tensão serviu para alimentar polémicas que envolviam os dois dirigentes e que foram agravadas com o facto de Saraki ser sistematic­amente apontado como um dos grandes rivais e eventual obstáculo para a reeleição de Muhammadu Buhari.

Aliás, o compasso de espera que os dois senadores estão a querer fazer para confirmar a sua saída do Congresso de Todos os Progressis­tas está a ser entendido como uma forma de negociar com os principais dirigentes do partido a sua eventual manutenção, com acrescidas garantias políticas para as próximas eleições.

O estado de saúde do Presidente Muhammadu Buhari e as dificuldad­es que este tem sentido para resolver os principais problemas do país podem abrir as portas para que Bukola Saraki possa alimentar as suas esperanças de poder vir a ser o cabeça de lista do partido para as eleições presidenci­ais do próximo ano.

A ajudar a este compasso de espera está o facto de as sessões parlamenta­res terem agora uma interrupçã­o de oito semanas, o que lhe dá espaço de manobra suficiente para adiar uma definição quanto ao seu futuro a nível de filiação partidária.

Neste momento, as diferentes formações políticas estão ocupadas a discutir as questões relacionad­as com o seu orçamento da comissão eleitoral de modo a que dentro de oito semanas ele possa ser discutido no Parlamento.

O facto de as primárias se realizarem dentro de poucas semanas pode ser um novo agitador político, pois será o momento em que as diferentes formações terão que definir as suas lideranças, incluindo os seus candidatos à Presidênci­a da República.

Uma das vantagens de Muhammadu Buhari é que não se vislumbra no horizonte político da Nigéria um rival com reais possibilid­ades de poder vir a ser Presidente da República. Apesar das já referidas dissidênci­as, o partido Congresso de Todos os Progressis­tas continua a ter maioria na Câmara e no Senado, o que lhe dá um espaço de manobra precioso para se manter no poder, com ou sem Muhammadu Buhari na liderança, independen­temente das fileiras onde o seu rival, Bukola Saraki, entender militar.

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DR Partido de Muhammadu Buhari continua a enfrentar deserções de influentes senadores

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