Presidente Buhari sem alternativa credível para as eleições de 2019
Aquilo por que está a passar o partido do Presidente Muhammadu Buhari é uma cópia do que sucedeu em 2015, quando uma série de deserções para a principal formação da oposição comprometeu o seu triunfo eleitoral. Desta vez, a grande vantagem do Congresso de
O dramático anúncio feito há uma semana por cerca de 50 legisladores do partido Congresso de Todos os Progressistas, que suporta o Presidente Muhammadu Buahri, é quase a repetição de uma história do que sucedeu em 2015.
Também nessa altura, proeminentes membros deste partido resolveram bater com a porta e juntar-se ao Partido Democrático do Povo na busca por uma vitória que acabou por lhes escapar.
Agora, a história repetese com os dissidentes do partido no poder a procurarem junto da oposição um lugar que lhes permita chegar ao poder já nas eleições do próximo ano.
Estas saídas, que já se previam há algumas semanas, têm como principais protagonistas os senadores Yakubu Dogara e Bukola Saraki, que até ao momento ainda não anunciaram oficialmente a sua renúncia ao Congresso de Todos os Progressistas apesar de serem apontados como sendo os “instigadores” das deserções em massa que se registaram em vésperas das férias parlamentares.
Apesar deste seu compasso de espera, a verdade é que a sua posição no seio do partido no poder está bastante complicada havendo já informações que deixam perceber a intenção de Muhammadu Buhari promover a sua expulsão de modo a clarificar a situação, um passo urgente quando se está a menos de seis meses da ida às urnas.
São conhecidas as divergências entre Buahri e o senador Bukola Saraki, que foi recentemente ilibado pelo Supremo Tribunal de acusações de corrupção num processo iniciado por orientação do Presidente da República, pelo que não faz sentido alimentar esta indefinição quando já todos na Nigéria perceberam que a ruptura é mesmo inevitável.
Tensão alimenta polémica
Esta tensão serviu para alimentar polémicas que envolviam os dois dirigentes e que foram agravadas com o facto de Saraki ser sistematicamente apontado como um dos grandes rivais e eventual obstáculo para a reeleição de Muhammadu Buhari.
Aliás, o compasso de espera que os dois senadores estão a querer fazer para confirmar a sua saída do Congresso de Todos os Progressistas está a ser entendido como uma forma de negociar com os principais dirigentes do partido a sua eventual manutenção, com acrescidas garantias políticas para as próximas eleições.
O estado de saúde do Presidente Muhammadu Buhari e as dificuldades que este tem sentido para resolver os principais problemas do país podem abrir as portas para que Bukola Saraki possa alimentar as suas esperanças de poder vir a ser o cabeça de lista do partido para as eleições presidenciais do próximo ano.
A ajudar a este compasso de espera está o facto de as sessões parlamentares terem agora uma interrupção de oito semanas, o que lhe dá espaço de manobra suficiente para adiar uma definição quanto ao seu futuro a nível de filiação partidária.
Neste momento, as diferentes formações políticas estão ocupadas a discutir as questões relacionadas com o seu orçamento da comissão eleitoral de modo a que dentro de oito semanas ele possa ser discutido no Parlamento.
O facto de as primárias se realizarem dentro de poucas semanas pode ser um novo agitador político, pois será o momento em que as diferentes formações terão que definir as suas lideranças, incluindo os seus candidatos à Presidência da República.
Uma das vantagens de Muhammadu Buhari é que não se vislumbra no horizonte político da Nigéria um rival com reais possibilidades de poder vir a ser Presidente da República. Apesar das já referidas dissidências, o partido Congresso de Todos os Progressistas continua a ter maioria na Câmara e no Senado, o que lhe dá um espaço de manobra precioso para se manter no poder, com ou sem Muhammadu Buhari na liderança, independentemente das fileiras onde o seu rival, Bukola Saraki, entender militar.