Gamão o jogo do antigo Egipto
Gamão é um jogo de tabuleiro para dois jogadores, realizado num caminho unidimensional, no qual os adversários movem as suas peças em sentidos contrários, à medida em que jogam os dados e estes determinam quantas “casas” serão avançadas. Sai vitorioso aquele que conseguir retirar todas as peças primeiro (pelo que pode ser tido também como um ‘jogo de corrida’ ou ‘de percurso’).
Actividade lúdica de regras simples, o gamão desenvolve as relações lógico-matemáticas, com uso da estratégia: aprimora o senso matemático da subtracção e adição não apenas pelas próprias jogadas, como ainda pela antecipação dos movimentos do adversário.
É visto como um passatempo do qual se tira proveito prático, pois exercita a capacidade de elaborar pensamentos estratégicos, como o xadrez. Dele, diz-se ser “o rei dos jogos e o jogo dos reis.” Datado de cerca de 3500 aC, o senet era um jogo de tabuleiro praticado no Egipto que remotamente é relacionado com o gamão; entretanto, duvidase que o gamão se tenha desenvolvido a partir dele, uma vez que não foram encontrados tabuleiros de senet no período entre 1500 aC a 200. Contudo, é considerado um predecessor do gamão.
O jogo real de Ur foi descoberto por arqueólogos britânicos nos anos de 1922 a 1934 na área que compreendia a antiga Mesopotâmia, na região de Ur (actual Iraque). Escavações em túmulos de antigos nobres sumérios revelaram diversos tabuleiros de madeira, ricamente ornados com lápis-lazúli e madrepérola, cuja reconstrução feita pelos pesquisadores do Museu Britânico revelou ser muito parecido com o moderno gamão, não obstante não terem sido encontradas as suas regras.
Na Roma Antiga, havia o ludus duodecim scriptorum, modernamente rebaptizado com o nome de jogo das doze linhas. Este, possivelmente, deriva do senet egípcio, pois conserva a base similar de três por doze pontos. O autor H. J. R. Murray, no livro A History of BoardGames Other Than Chess, é de opinião que este jogo seja uma cópia do grego kubeia, que Platão registou ter origem no Egipto, no seu diálogo socrático A República, vol. X.
Na Índia, havia um jogo chamado parchessi, que parece ser o mais directo predecessor do gamão. Nele, as peças ficavam fora do tabuleiro e tinham que o percorrer para saírem do lado oposto.
O jogo chamado narde era praticado na Pérsia antiga, com formato similar ao jogo romano, com a diferença de que eram usados dois dados para dirigir o movimento das peças.
Tal como o moderno gamão, as peças tinham uma posição fixa para o início do jogo; o narde é citado no Talmude babilónico, datado de cerca de 500 aC. Teria sido inventado por Artaxes I, fundador da Dinastia Sassânida e, como tal império se estendeu até a Índia.