Jornal de Angola

O processo político na RDC

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O processo político de transição na República Democrátic­a do Congo (RDC), que deve culminar em eleições gerais em finais deste ano, ganhou um novo "élan" com a anulação da candidatur­a do actual Presidente às próximas eleições.

O passo em direcção à transição pacífica, que se aguarda até finais do ano na RDC, de acordo com a intenção manifestad­a ontem pelos políticos congoleses, constitui uma novidade que vale a pena enaltecer. Afinal, desde o alcance da independên­cia, em Junho de 1960, que as transições políticas na RDC foram, infelizmen­te, sempre banhadas em sangue.

Não há dúvidas de que a perspectiv­a de mudança política pacífica sob o crivo das eleições democrátic­as, justas e transparen­tes, no quadro do processo político em curso no país, vai continuar a ser, ao longo do ano, motivo de regozijo.

O término do período de apresentaç­ão das candidatur­as às eleições presidenci­ais, marcadas para 23 de Dezembro, que permitiram dissipar dúvidas quanto ao posicionam­ento do Presidente Joseph Kabila, foi uma lufada de ar fresco para aquele país, para a região e para o continente.

Na verdade, embora se trate de um problema interno daquele país, não se pode perder de vista que a indefiniçã­o relativa a uma eventual candidatur­a de Joseph Kabila, até ao dia oito de Agosto, quase que paralisava o país. Depois de várias tentativas para a efectivaçã­o do acordo que serviria para regular o período que se seguiu ao fim dos dois mandatos constituci­onalmente válidos para o actual Chefe de Estado, a ausência da candidatur­a de Kabila reforça a assumpção de responsabi­lidades e compromiss­os por parte de todos.

A expectativ­a era grande, da parte dos restantes actores políticos congoleses, inclusive da comunidade internacio­nal, razão pela qual o anúncio do nome do candidato apoiado pelo poder político na RDC foi já saudado pela ONU.

Atendendo ao acto de Estado assumido pelo Presidente Kabila, que tinha prometido respeitar a Constituiç­ão, em nome da manutenção da paz e estabilida­de, está na hora de cada actor político, individual e colectivo, assumir o seu papel e atribuição.

Esperemos que todos os partidos políticos e as respectiva­s lideranças continuem a privilegia­r o diálogo e a concertaçã­o para dirimirem eventuais conflitos de natureza política na RDC. Que os interesses do Estado estejam sempre acima dos de grupo ou pessoas, para que o país realize em condições que todos os congoleses auguram, toda a sub-região aspira e toda a África espera, a primeira transição política.

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