CARTAS DOS LEITORES
Prazos adulterados
Soube por via da imprensa que estão a ser comercializados no país produtos com prazos de validade adulterados. Sei também que as nossas autoridades policiais estão a trabalhar no sentido de neutralizarem as redes de falsificadores. Penso que as instituições que trabalham no âmbito da defesa do consumidor devem estabelecer mecanismos de colaboração que permitam detectar com celeridade irregularidades como a contrafacção, a fim de se evitar problemas de saúde pública.
Se as instituições de defesa do consumidor trabalham para um mesmo fim, faz sentido que todas elas ajudem a combater a contrafacção, a partir da descarga das mercadorias. Muitos supostos agentes económicos gostam de se aproveitar das nossas fragilidades em termos de vigilância nos circuitos de entrada de produtos importados para introduzir no país mercadorias contrafeitas.
Tomei conhecimento há dias, com muita mágoa, que parte considerável dos medicamentos que entram no país estão adulterados. Isto é gravíssimo. Não basta encerrar as farmácias. É preciso acabar com o mal pela raiz. E todos sabem onde se situa a raiz. Termos de ter um país organizado e em que haja ordem. Há muita indisciplina e violação das leis no nosso país. Acredito que por via da punição pode-se reduzir as irregularidades de diversa natureza. Gostava ainda de sugerir que as inspecções aos estabelecimentos comerciais, em particular àqueles que vendem produtos alimentares, fossem mais regulares. Há milhares de cantinas no nosso país e muitas delas não têm condições de higiene para a prática de actos de comércio. Penso que além das farmácias ilegais, é necessário encerrar também cantinas que não conseguem acondicionar bem os produtos que vendem. Ao nível dos serviços de restauração há também muitos problemas. Muitas vezes entramos para um restaurante com salas muito bonitas , mas com cozinhas que deixam muito a desejar. Que os fiscalizadores de restaurantes façam uma inspecção de tudo o que existe nestes estabelecimentos, para se saber se o que os clientes comem é confeccionado em boas condições de higiene. Em muitos países não se hesita no encerramento de restaurantes que podem pôr em risco a saúde dos clientes.
Os jovens e os estádios
Já não se vêem muitos espaços em Luanda para as crianças e jovens praticarem futebol nos seus próprios bairros. Muitos craques que passaram pelo nosso futebol foram recrutados a partir dos bairros. São muitos os casos. Construíram-se estádios de futebol para o CAN e pensava-se que depois desta grande competição, haveria de haver uma adesão massiva de jovens ao futebol. Acontece porém que o acesso aos estádios que custaram muito dinheiro não é fácil. Devo recordar que o nosso atletismo atingiu um elevado nível na altura em que o Estádio dos Coqueiros estava aberto à prática desta modalidade. Eu ia a pé da Terra Nova aos 4 estádios dos Coqueiros. O saudoso professor Matos Fernandes era uma pessoa maravilhosa. Ele recebia jovens de todos os estratos sociais. Era para nós um segundo pai. Eu estudava à tarde no Liceu e à noite ia aos Coqueiros. Por que razão hoje os nossos jovens não podem ter acesso aos estádios, para praticarem futebol e atletismo? Como vamos massificar o desporto se os jovens não poderem ter acesso aos estádios? Disseram-me que para se ter acesso tem de se pagar. Devia haver retorno do investimento na construção dos estádios. E o retorno seria a formação de craques de futebol e de praticantes de Atletismo de alto nível.