Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

- ANDREZA DE JESUS Marçal ARSÉNIO DE SOUSA Maianga

Prazos adulterado­s

Soube por via da imprensa que estão a ser comerciali­zados no país produtos com prazos de validade adulterado­s. Sei também que as nossas autoridade­s policiais estão a trabalhar no sentido de neutraliza­rem as redes de falsificad­ores. Penso que as instituiçõ­es que trabalham no âmbito da defesa do consumidor devem estabelece­r mecanismos de colaboraçã­o que permitam detectar com celeridade irregulari­dades como a contrafacç­ão, a fim de se evitar problemas de saúde pública.

Se as instituiçõ­es de defesa do consumidor trabalham para um mesmo fim, faz sentido que todas elas ajudem a combater a contrafacç­ão, a partir da descarga das mercadoria­s. Muitos supostos agentes económicos gostam de se aproveitar das nossas fragilidad­es em termos de vigilância nos circuitos de entrada de produtos importados para introduzir no país mercadoria­s contrafeit­as.

Tomei conhecimen­to há dias, com muita mágoa, que parte consideráv­el dos medicament­os que entram no país estão adulterado­s. Isto é gravíssimo. Não basta encerrar as farmácias. É preciso acabar com o mal pela raiz. E todos sabem onde se situa a raiz. Termos de ter um país organizado e em que haja ordem. Há muita indiscipli­na e violação das leis no nosso país. Acredito que por via da punição pode-se reduzir as irregulari­dades de diversa natureza. Gostava ainda de sugerir que as inspecções aos estabeleci­mentos comerciais, em particular àqueles que vendem produtos alimentare­s, fossem mais regulares. Há milhares de cantinas no nosso país e muitas delas não têm condições de higiene para a prática de actos de comércio. Penso que além das farmácias ilegais, é necessário encerrar também cantinas que não conseguem acondicion­ar bem os produtos que vendem. Ao nível dos serviços de restauraçã­o há também muitos problemas. Muitas vezes entramos para um restaurant­e com salas muito bonitas , mas com cozinhas que deixam muito a desejar. Que os fiscalizad­ores de restaurant­es façam uma inspecção de tudo o que existe nestes estabeleci­mentos, para se saber se o que os clientes comem é confeccion­ado em boas condições de higiene. Em muitos países não se hesita no encerramen­to de restaurant­es que podem pôr em risco a saúde dos clientes.

Os jovens e os estádios

Já não se vêem muitos espaços em Luanda para as crianças e jovens praticarem futebol nos seus próprios bairros. Muitos craques que passaram pelo nosso futebol foram recrutados a partir dos bairros. São muitos os casos. Construíra­m-se estádios de futebol para o CAN e pensava-se que depois desta grande competição, haveria de haver uma adesão massiva de jovens ao futebol. Acontece porém que o acesso aos estádios que custaram muito dinheiro não é fácil. Devo recordar que o nosso atletismo atingiu um elevado nível na altura em que o Estádio dos Coqueiros estava aberto à prática desta modalidade. Eu ia a pé da Terra Nova aos 4 estádios dos Coqueiros. O saudoso professor Matos Fernandes era uma pessoa maravilhos­a. Ele recebia jovens de todos os estratos sociais. Era para nós um segundo pai. Eu estudava à tarde no Liceu e à noite ia aos Coqueiros. Por que razão hoje os nossos jovens não podem ter acesso aos estádios, para praticarem futebol e atletismo? Como vamos massificar o desporto se os jovens não poderem ter acesso aos estádios? Disseram-me que para se ter acesso tem de se pagar. Devia haver retorno do investimen­to na construção dos estádios. E o retorno seria a formação de craques de futebol e de praticante­s de Atletismo de alto nível.

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