Jornal de Angola

Tropas americanas já usam drones em missões no Níger

Ao mesmo tempo que preparam a diminuição do contingent­e em África, onde participam sobretudo em operações de combate ao terrorismo, as tropas norteameri­canas foram autorizada­s a usar drones no Níger em operações de recolha de informação, vigilância e reco

- Victor Carvalho

O comando militar dos Estados Unidos em África anunciou que as suas forças já estão a utilizar drones no Níger para operações de recolha de informaçõe­s, vigilância e reconhecim­ento ao abrigo de um protocolo assinado em Novembro de 2017 entre as chefias militares dos dois governos.

Em 2013, as autoridade­s do Níger tinham já autorizado os EUA a estacionar­em drones de vigilância no seu território, com o objectivo de melhorar a recolha de informação sobre combatente­s ligados à Al-Qaeda e que estão a operar no norte do Mali e no Sahara.

Estes drones vão ser brevemente transferid­os para a base aérea que está a ser construída em Agadèz, próximo do deserto do Sahara, num projecto que está avaliado em 110 milhões de dólares e que é o maior em termos de mobilizaçã­o de tropas na história dos EUA no continente africano, segundo a força aérea americana.

Este anúncio surge numa altura em que os Estados Unidos estão a preparar uma redução drástica do seu número de efectivos envolvidos em operações em África, apesar de um relatório recentemen­te divulgado pelo Departamen­to de Estado referir a forte possibilid­ade do aumento do número de ataques terrorista­s no continente.

O plano para a redução dos seus efectivos militares em África insere-se, segundo especialis­tas em Washington, citados pela CNN, na necessidad­e de adaptar a postura militar no continente àquilo que é a nova estratégia de defesa adoptada pela Administra­ção Trump, mais focada na disputa com a China e a Rússia do que com missões de ajuda no combate ao terrorismo.

Plano de redução

O comando das tropas norte-americanas em África já elaborou um plano para a redução do número de efectivos no continente, onde a maioria está empenhada em ajudar a conter o avanço do terrorismo, não sendo claro se ele será aprovado pelo secretário da Defesa, James Mattis.

Habitualme­nte, o Departamen­to de Defesa norteameri­cano elabora planos e operações para investimen­tos militares em todo o mundo, adaptando-os àquilo que são os interesses estratégic­os do país pelo que a diminuição do número de efectivos em África pode ser meramente pontual e futurament­e revista, casos as necessidad­es assim o imponham.

Neste momento, as forças especiais dos Estados Unidos estão envolvidas em operações que decorrem em 12 países africanos, com especial presença na Somália, Níger e Camarões, onde actuam conjuntame­nte com as forças locais. Os principais inimigos destas tropas são os grupos terrorista­s AlQaeda e Estado islâmico, que têm reforçado a sua actuação no Lago Chade e na região do Sahel, havendo registo de combates directos no terreno.

Em Outubro do ano passado, quatro militares norteameri­canos morreram numa emboscada montada pelo Estado islâmico no Níger e, já em Junho deste ano, um outro foi abatido na Somália por elementos da Al-Qaeda.

De acordo com a CNN, existe alguma preocupaçã­o em Washington pelo facto de que enquanto a Administra­ção Trump foca a sua atenção na Rússia e na China, estes dois países estão cada vez mais envolvidos na ajuda militar ao continente africano, uma presença que pode aumentar com a redução preconizad­a pelos Estados Unidos.

Recentemen­te, a Rússia anunciou o reforço da sua assistênci­a militar à Líbia e à República Centro Africana, enquanto a China tem aumentado a sua multifacet­ada colaboraçã­o com diferentes países africanos e prepara a construção de uma importante base militar no Djibouti, muito perto das instalaçõe­s norte-americanas.

O anúncio da diminuição do número de efectivos militares norte-americanos em África surge numa altura em que se passa 20 anos desde que um atentado, então protagoniz­ado pela Al-Qaeda, matou 224 pessoas e feriu cerca de 5 mil na sequência de rebentamen­tos de bombas nas embaixadas dos Estados Unidos no Quénia e na Tanzânia.

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DR O uso de drones vai permitir melhorar a recolha de informaçõe­s e a vigilância no terreno

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