Dificuldades da ONU deixam ajuda em risco
O alerta lançado há dias pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, de que a organização está a ficar sem dinheiro, pedindo aos países-membros para pagarem atempadamente as contribuições devidas, retrata bem as dificuldades financeiras por que passam tanto o órgão central, com sede em Nova Iorque, quanto os demais organismos, sobretudo, aqueles que atendem populações e países com mais dificuldades.
Na Síria, do apelo de 4,6 biliões de dólares para cobrir as ajudas em 2017, foram recebidos apenas 9 por cento.
Enquanto isso, segundo o HCR e o PNUD, mais de cinco milhões de refugiados sírios passaram a viver em países vizinhos e muitos seguiram para a Europa.
Numa carta enviada aos embaixadores dos países-membros da organização, António Guterres afirmou que em causa estão “atrasos no pagamento” das contribuições devidas pelos Estados à ONU. O Secretário-geral da ONU fala numa “situação financeira problemática”.
“Os nossos recursos financeiros nunca estiveram tão em baixo tão cedo”, afirmou António Guterres. Na carta, o Secretário-geral da ONU refere que, dos 193 países com assento na organização, apenas 112 pagaram as contribuições a tempo. Por esse facto, faltam 139 milhões de dólares ao orçamento da ONU. Até ao fim de Junho, as contribuições somaram 1,49 mil milhões de dólares, menos que em 2017, já que, no mesmo período do ano transacto, cifravam-se em 1,70 mil milhões.
A dívida somada e continuada dos 81 países em falta é de 810 milhões de dólares. Segundo António Guterres, se os Estados devedores não pagarem as dívidas, as operações da organização e a sua “reputação” podem estar em risco.
O porta-voz de António Guterres, Stéphane Dujarric, salientou que a ONU não tem margem financeira e que depende das contribuições dos Estados-membros, embora se entenda que estes vivam dificuldades ou simplesmente tenham orçamentos diferentes, tanto no tamanho quanto no modo de aprovação.
Entretanto, o secretariado da ONU vai procurar formas de reduzir a despesa da organização de modo a evitar despedimentos. Em Dezembro, ficou acordado que o orçamento para 2018/2019 seria de 5,4 mil milhões de dólares.
Entre o lote de países devedores encontram-se os Estados Unidos da América. Os EUA são responsáveis por 22 por cento do orçamento, mas costumam pagar a sua contribuição mais tarde, devido ao seu calendário fiscal.