Médicos angolanos estudam formas de travar mortes
Um grupo de médicos angolanos está a trabalhar num estudo que visa reduzir, no futuro, o número de mortes por falciformação, revelou, na sexta-feira, em Luanda, o médico Luís Bernardino, antigo director do Hospital Pediátrico David Bernardino.
O médico, que fez a apresentação de um livro sobre falciformação, de autoria de Kim Freitas, jornalista da Rádio Luanda, admitiu que, em Angola, nasçam, anualmente, entre 12 mil e 15 mil crianças com anemia falciforme.
Luís Bernardino disse acreditar que, na sequência do estudo, Angola pode vir a reduzir significativamente o índice de mortalidade por falciformação dentro de 15 anos. O medico António José Miranda é o líder da equipa de investigadores que desenvolve o estudo no Hospital Militar Central, onde observam militares de várias províncias ali internados.
Até agora já foram observados mais de mil militares, 20 por cento dos quais estão com anemia falciforme, por terem herdado genes para um tipo de hemoglobina (hemoglobina S). O medico Luís Bernardino disse acreditar que, se os 20 por cento constituírem família com pessoas com falciformação, a tendência é aumentar os casos e não reduzir. Luís Bernardino, embora esteja reformado, continua a fazer pesquisa sobre a anemia falciforme. O médico lembrou que a anemia falciforme é uma doença hereditária e hematológica, que é resultante da produção anormal de glóbulos vermelhos. Para o médico, a forma de prevenir a doença é passar a mensagem de que se deve evitar a união de pessoas portadoras do genes SS.
O médico explicou que o portador do genes AS tem uma vida normal porque acarreta somente um genes S, enquanto o doente tem os dois genes SS. De acordo com o médico, 50 por cento dos doentes nos países em desenvolvimento não chega aos 10 anos e sofre com fortes dores nos ossos. Nas sociedades mais organizadas, os doentes podem chegar à vida adulta.
“Há muitos anos que acompanho pessoas que sofrem com esta doença”, acentuou o médico Luís Bernardino, que tem aconselhado casais com genes da doença a terem filhos, desde que a mulher faça o corte do líquido amniótico, um procedimento que é feito apenas no estrangeiro.
O médico Luís Bernardino disse acreditar que Angola pode reduzir dentro de 15 anos significativamente o índice de mortalidade por falciformação
O médico revelou que 95 por cento dos casos da doença são diagnosticados na província de Luanda e assegurou que o Ministério da Saúde está a apostar na qualidade dos serviços prestados pelos hospitais públicos, a fim de aumentar a qualidade de vida dos doentes com anemia de células falciformes.
O livro sobre falciformação está à venda ao preço de dois mil kwanzas e tem 64 páginas. A obra, de acordo com o autor, vai contribuir para a sensibilização das famílias sobre os cuidados a ter com a doença, em particular os jovens que pretendam constituir famílias.