Doentes com lepra tratados em sanatório
Mais de 60 pacientes que recebem tratamento em regime ambulatório, por falta de uma leprosaria, correm risco de vida
Pelo menos 62 pacientes com problemas de lepra na província do Cuando Cubango correm o risco de perder a vida, devido à falta de medicamentos para o tratamento da doença, há mais de um ano, informou o director do Hospital Sanatório de Menongue.
Alberto Funvo, que falava no final da visita que a vicegovernadora da província para o sector Político, Social e Económico, Sara Luísa Mateus, efectuou ao Hospital Sanatório, para constatar o seu real funcionamento, disse que os 62 doentes recebem tratamento em regime ambulatório, mas a falta de medicamentos está a dificultar a recuperação dos mesmos.
Salientou que o Ministério da Saúde está há mais de um ano sem enviar para a província do Cuando Cubango medicamentos para o tratamento da lepra, que são muito caros e nenhuma farmácia da região os comercializa.
Em função desta situação, acrescentou que neste momento o quadro clínico dos 62 pacientes tem-se agravado a cada dia que passa, correndo o risco de perderem a vida caso o problema não seja resolvido o mais rápido possível.
Alberto Funvo explicou que os pacientes com lepra recebiam uma determinada dose para tomar durante um mês em sua casa, porque a província não dispõe de uma leprosaria.
Actualmente, acrescentou, “alguns com a doença já em estado avançado ainda procuram pelos nossos serviços, mas a informação que recebem é sempre a mesma: não temos medicamentos”.
O director do Hospital Sanatório de Menongue defende a necessidade urgente do Ministério da Saúde enviar para o Cuando Cubango medicamentos para o tratamento da lepra.
Alberto Funvo recordou que neste momento o Hospital Sanatório de Menongue, com 20 camas, é a única unidade sanitária a nível da província do Cuando Cubango que presta assistência médica e medicamentosa aos doentes com tuberculose e lepra.
Alberto Funvo lamentou o facto de a província não contar até agora com uma leprosaria, fazendo com que os pacientes, mesmo com problemas graves de lepra, serem tratados em regime ambulatório.
Casos de tuberculose
O Hospital Sanatório diagnosticou, durante o primeiro semestre deste ano 574 novos casos de tuberculose, que resultaram em 41 óbitos. A maior parte dos doentes estão associados com o VIH/Sida e a faixa etária mais afectada são os jovens dos 18 aos 35 anos.
Alberto Funvo realçou que durante o ano passado foram diagnosticado 753 casos de tuberculose, dos quais 69 pacientes foram curados e 36 acabaram por falecer.
“Actualmente o Hospital Sanatório de Menongue controla 1.365 pacientes com tuberculose, que recebem tratamento em regime ambulatório”, disse Alberto Funvo, que acrescentou que o aumento considerável do índice de VIH/Sida na província deve-se principalmente ao facto do Cuando Cubango dividir uma extensa fronteira com a Namíbia e a Zâmbia, países que têm neste momento uma taxa de seroprevalência bastante alta.
Alberto Funvo garantiu que para o tratamento da tuberculose o Hospital Sanatório de Menongue conta com um stock razoável de medicamentos e que diariamente são atendidos cerca de 50 pacientes.
Alberto Funvo mostrouse regozijado pelo facto de nos últimos tempos as pessoas na província ganharem a cultura de procurar os serviços da unidade hospitalar quando sentem os primeiros sintomas da tuberculose, uma situação que não acontecia anteriormente, porque muitos preferiam optar, numa primeira fase, pelo tratamento tradicional e só procuravam o Hospital Sanatório quando o quadro clínico se agravava.
Ministério da Saúde está há mais de um ano sem enviar para a província do Cuando Cubango medicamentos para o tratamento da lepra, que são muito caros e nenhuma farmácia da região os comercializa