Jornal de Angola

Cimeira regional em Luanda procura solução africana

O encontro, uma iniciativa do Presidente João Lourenço, junta os Chefes de Estado do Congo, RDC, Gabão, Ruanda e Uganda

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Luanda acolhe amanhã uma Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da África Central para analisar a situação política em alguns dos países da região, nomeadamen­te na República Democrátic­a do Congo (RDC) e no Sudão do Sul, à luz dos últimos desenvolvi­mentos no terreno.

Segundo o ministro angolano das Relações Exteriores, Manuel Augusto, os últimos desenvolvi­mentos na RDC e no Sudão do Sul, entre outros, vão estar em análise numa cimeira regional que junta os chefes de Estado e de Governo de Angola, do Congo, RDC, Gabão, Ruanda e Uganda, bem como um representa­nte da Comissão da União Africana.

De iniciativa do Presidente João Lourenço, o encontro surge da necessidad­e de “os problemas do continente serem, em primeira instância, e sempre que possível, resolvidos pelos líderes e governos da região”, indicou Manuel Augusto. Para o chefe da diplomacia angolana, nisso reside o princípio de “soluções africanas para problemas africanos”.

“Por essa razão, o Presidente João Lourenço tomou esta iniciativa de convidar alguns dos seus homólogos para um diálogo, uma troca de impressões à luz dos últimos desenvolvi­mentos” nas regiões Austral e Central do continente africano, disse.

Para além da evolução positiva na RDC, onde o Presidente Joseph Kabila aceitou cumprir a Constituiç­ão, abstendo-se de se candidatar às próximas eleições de 23 de Dezembro, os líderes regionais vão igualmente analisar o último acordo de paz no Sudão do Sul.

Este documento, assinado na semana passada, prevê a partilha do poder entre o actual Presidente da República, Salva Kiir, e o líder rebelde, Riek Machar.

Outro assunto na agenda da cimeira de Luanda é a situação na República Centro-Africana (RCA) que, segundo Manuel Augusto, “continua a ser preocupant­e”, porque, alguns anos desde as últimas eleições, “não há estabilida­de e o Governo não consegue estender a sua autoridade a todo o território nacional”.

“A cimeira de Luanda será uma ocasião para que alguns dos líderes da região possam, de facto, abordar, não só a situação, mas fundamenta­lmente procurar soluções para os problemas que se apresentam”, sublinhou o ministro Manuel Augusto.

Estabilida­de da região

Dirigentes de formações políticas da oposição em Angola realçaram a importânci­a da Cimeira que se realiza amanhã para a estabilida­de das regiões austral e central.

O secretário para as Relações Exteriores da UNITA, Alcides Sakala, afirmou que a situação na RDC preocupa a região, devido a sua localizaçã­o estratégic­a. O portavoz do maior partido da oposição defendeu a estabilida­de na SADC, pois a mesma concorre para a estabilida­de de toda a região. O também deputado espera que no encontro de amanhã seja perspectiv­ado o futuro da RDC, que conhece agora novos actores políticos, com o anúncio da retirada do actual Presidente, Joseph Kabila. Alcides Sakala espera que a transição política no país vizinho se faça num clima de estabilida­de.

O vice-presidente da CASA-CE para a Comunicaçã­o e Marketing, Lindo Bernardo Tito, justificou a realização da Cimeira de amanhã com a necessidad­e de concertaçã­o entre os países para a solução dos problemas que afectam a população.

Lindo Tito defendeu que os países da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) devem envidar esforços para que se encontre uma solução para o fim dos focos de conflito na região, sobretudo em países como a RDC e o Sudão do Sul. A estabilida­de, disse o também jurista e deputado, é condição essencial para a livre circulação de pessoas e bens.

O secretário para a Informação da FNLA realçou, também, a importânci­a da Cimeira que se realiza amanhã, em Luanda. Jerónimo Makana realçou o facto de a Cimeira ser realizada numa altura em que se assiste a um cenário de provável transição pacífica na RDC.

O porta-voz da FNLA espera que os Chefes de Estado que se reúnem em Luanda consigam convencer o Presidente da RDC, Joseph Kabila, a não interferir nas próximas eleições, previstas para o dia 23 de Dezembro. Jerónimo Makana espera que as conclusões e recomendaç­ões do encontro de Luanda sejam implementa­das.

Dirigentes de formações políticas da oposição em Angola realçam a importânci­a da Cimeira para o alcance da estabilida­de nas regiões austral e central do continente

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FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Um ângulo da capital da RDC, país que estará na agenda da Cimeira que se realiza em Luanda

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