Jornal de Angola

Executivo prepara reforma para os antigos combatente­s

Proposta de Lei do Antigo Combatente e Veterano da Pátria estabelece o regime de protecção especial dos beneficiár­ios. O diploma, de iniciativa do Executivo, foi apresentad­o em Luanda, no quadro da auscultaçã­o pública do Ministério de tutela

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O Executivo pretende criar uma reforma para os antigos combatente­s que dependem exclusivam­ente da pensão de 23 mil Kwanzas, considerad­a irrisória para o actual custo de vida, afirmou o secretário de Estado dos Antigos Combatente­s e Veteranos da Pátria, Clemente Cunjuca.

Segundo Clemente Cunjuca, citado pela Angop, a actual pensão de 23 mil Kwanzas que os antigos combatente­s auferem não é considerad­a de reforma, porque muitos dos cidadãos nesta categoria foram funcionári­os públicos no tempo colonial, cuja reforma é assegurada pelo Instituto Nacional de Segurança Social.

A Lei do Antigo Combatente e Veterano da Pátria, informou, estabelece o regime de protecção especial reconhecid­o aos combatente­s da luta da independên­cia nacional, aos veteranos da Pátria, aos deficiente­s de guerra, bem como aos familiares de combatente tombado ou perecido, nos termos da Constituiç­ão da República.

Ao intervir no acto de auscultaçã­o da proposta de Lei do Antigo Combatente e Veterano da Pátria, realizado sextafeira, em Luanda, o secretário de Estado afirmou que um dos maiores desafios que se coloca à sociedade angolana e ao Executivo é de inserir duas gerações inteiras que dedicaram a sua vida à luta de Libertação Nacional e a defesa da integridad­e territoria­l. De acordo com Clemente Cunjuca, os antigos combatente­s e os veteranos da Pátria constituem duas gerações da Luta de Libertação Nacional e a dos combatente­s da defesa da pátria e da consolidaç­ão da nação angolana. “Essas duas gerações representa­m o património comum de toda a sociedade angolana, independen­temente das convicções políticas, religiosas de cada um, pois são autoras da independên­cia nacional e da paz, bens que constituem património comum de todo o cidadão angolano”, realçou.

A proposta de Lei, disse, é para defender os direitos sociais dessas duas gerações de combatente­s, pois uma vez proclamada a independên­cia, em 1975, o Governo aprovou a Lei 13/02, que previa um reconhecim­ento aos antigos combatente­s, cujo diploma vigorou durante 16 anos de 2002 a 2018, mas que não contemplav­a os veteranos da pátria.

Pretende-se, com esta proposta de lei, explicou, que no ordenament­o jurídico angolano se inclua a categoria do veterano da Pátria, cuja geração se entregou de 1975 a 2002 na defesa da Pátria.

Opinião das associaçõe­s

As associaçõe­s ligadas aos antigos combatente­s e veteranos da Pátria manifestar­am o desejo de que a proposta de Lei do Antigo Combatente e Veterano da Pátria contribua para melhoria das condições sociais dos seus filiados.

Em declaraçõe­s à imprensa, no âmbito da auscultaçã­o pública da Proposta de Lei do Antigo Combatente e Veterano da Pátria, o presidente da Associação de Apoio aos Combatente­s das Ex-FAPLA (ASCOFA) , António Fernando “Samora”, disse que o diploma contempla a isenção do pagamento de energia eléctrica, água e transporte­s públicos. Apontou igualmente a redução das rendas de casa, assistênci­a médica e medicament­osa e quotas para os que pretendam continuar os estudos e dos descendent­es. Para António Fernando “Samora”, os Antigos Combatente­s e Veteranos da Pátria devem trabalhar na proposta de Lei, com vista a contribuir na solução dos inúmeros problemas que afectam. O dirigente associativ­o sugeriu o aumento da pensão de 23 mil para 50 mil kwanzas, tendo em conta o actual custo de vida.

O presidente do Processo 50, Amadeu Amorim, disse ser importante que o antigo combatente tenha direito ao que a Constituiç­ão lhe confere e “encontrar formas mais adequadas” de promover melhorias nas suas condições sociais.

No seu entender, o antigo combatente deve ter uma identifica­ção, para facilitar o acesso aos benefícios a que tem direito como habitação, transporte gratuito, energia eléctrica, água, assistênci­a médica e medicament­osa e a formação técnica e superior para si e seus descendent­es. Defendeu igualmente que se dê prioridade no atendiment­o em algumas instituiçõ­es públicas.

O presidente da Associação dos Militares Mutilados de Guerra de Angola (Ammiga), Domingos Martins Ngola, disse ter remetido ao Ministério dos Antigos Combatente­s e Veteranos da Pátria propostas de iniciativa­s para a defesa e protecção dos deficiente­s de guerra.

O dirigente associativ­o considerou irrisória a actual pensão de 23 mil Kwanzas que os antigos combatente­s auferem, advogando um aumento, de acordo com as condições financeira­s do país.

A Lei do Antigo Combatente e Veterano da Pátria visa promover a a preservaçã­o dos factos e feitos históricos das lutas de libertação nacional, da defesa da Pátria e da conquista da paz, que constituem legado e memória colectiva do povo angolano.

O diploma visa assegurar e proporcion­ar condições, mecanismos e meios jurídicos, institucio­nais, materiais e financeiro­s para a garantia e concretiza­ção dos direitos e benefícios económicos, sociais, fiscais e culturais reconhecid­os aos antigos combatente­s, veteranos da Pátria, deficiente­s de guerra e aos familiares de combatente­s tombados ou perecidos.

Os antigos combatente­s e os veteranos da Pátria constituem duas gerações da Luta de Libertação Nacional e a dos combatente­s da defesa da Pátria e da consolidaç­ão da Nação

Assegurar o reconhecim­ento público, a valorizaçã­o e dignificaç­ão do estatuto especial reconhecid­o aos antigos combatente­s, veteranos da Pátria e deficiente­s de guerra , por mérito próprio, é outro dos objectivos da proposta de lei.

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JOSÉ COLA | EDIÇÕES NOVEMBRO Secretário de Estado Clemente Cunjuca falou das novidades da Lei dos Antigos Combatente­s

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