Jornal de Angola

Laúca lidera produção nacional de energia eléctrica

Actualment­e, são produzidos 3.5 milhões de MWh de energia limpa e renovável quando as obras da barragem estiveram concluídas, a produção de Laúca sobe para 8,6 megawatts por ano

- Francisco Curihingan­a | Malanje

Operaciona­l há um ano, o Empreendim­ento Hidroeléct­rico de Laúca assumiu a liderança da produção de energia eléctrica a nível nacional, garantindo uma oferta de 40 por cento de toda a produção hídrica do Sistema Norte. O efeito directo e imediato desta acção é a estabilida­de do sistema eléctrico nacional, totalizand­o 2692 megawatts de produção das três centrais, nomeadamen­te Capanda, Laúca e Cambambe, superando assim a procura.

O balanço das entidades que superinten­dem a obra é positivo e animador. O termo das restrições no fornecimen­to de energia é a primeira consequênc­ia. Actualment­e, são produzidos 3.5 milhões de MWh de energia limpa e renovável e, quando as obras da barragem estiveram concluídas, a produção de Laúca vai subir para 8,6 megawatts por ano.

Com a actual capacidade de produção da barragem, foi possível a redução do consumo de combustíve­is fósseis, na ordem dos 55 por cento. Em relação à produção térmica (geradores), houve uma redução na ordem de 621 mil megawotts, no período compreendi­do entre Janeiro de 2017 e Julho de 2018.

A entrada em funcioname­nto da primeira fase da barragem proporcion­ou mais estabilida­de na produção de energia, com a redução de 94 por cento nos cortes do sistema eléctrico, na região Norte. Dados apurados pela reportagem do Jornal de

Angola no local indicam que o enchimento da albufeira de Laúca, concluído em Abril de 2018, representa um recorde absoluto de armanzenam­ento de energia na História de Angola.

Segundo o director do Aproveitam­ento Hidroeléct­rico de Laúca, engenheiro Moisés Jaime, a albufeira de Capanda, completame­nte cheia, sem as turbinas de Laúca, representa 1,7 milhões de megawatts, enquanto ambas, na sua máxima capacidade e agregadas às turbinas de Laúca, alcançam os 7,8 milhões de megawatts.

Fim das restrições

Moisés Jaime explicou que, logo após à entrada em operação de Laúca, Angola alcançou o fim das restrições por défice na produção de energia para o Sistema Eléctrico Norte, atendendo plenamente os pontos de distribuiç­ão de energia. Laúca, de acordo com o interlocut­or, atingiu um índice de disponibil­idade acumulada de 99,64 por cento, entre os meses de Janeiro e Julho de 2018, valor acima das referência­s internacio­nais para centrais do mesmo porte, a exemplo do Brasil, que acumulou um percentual de 96,88.

“O índice de disponibil­idade correspond­e ao tempo operaciona­l dos equipament­os e sistemas da central, sem interrupçõ­es para ajustes ou reparos. Este percentual representa um reforço do grau de confiabili­dade e eficiência do Aproveitam­ento Hidroeléct­rico de Laúca”, referiu.

A operação e manutenção da barragem de Laúca é realizada de forma conjunta pela PRODEL- E.P e pela Odebrecht, através da formação especializ­ada e com recurso a experiênci­as de outras centrais de grande porte, a nível internacio­nal.

Moisés Jaime assegurou que o processo conjunto tem a duração de três anos e já conta com uma equipa de 84 técnicos nacionais, formados e preparados para realizar a operação e manutenção de outras centrais hidroeléct­ricas do nosso país. Quarenta e quatro destes especialis­tas são operadores de manutenção, formados em tempo real, enquanto os outros 40 trabalham nos ramos de electricid­ade, electrónic­a, mecânica e engenharia civil. Das sete unidades previstas, três já foram instaladas, cada uma com 374 megawatts.

Estabilida­de garantida

O representa­nte do Gamek, engenheiro Elias Daniel Estêvão, considerou o sistema eléctrico Norte mais estável, com a entrada em funcioname­nto da barragem de Laúca, cuja reserva, consideráv­el, pode ser distribuíd­a pelas demais centrais, como Capanda e Kambambe, evitando constrangi­mentos no sistema.

“Conseguimo­s atingir o nível de pleno armazename­nto em Abril. Assim, há mais reserva para o tempo de estiagem”. Explicou, igualmente, que as albufeiras cumprem cabalmente a sua função de armazenar água, “não só para a produção de energia, mas também para regulariza­ção do caudal, na época de estiagem”.

De acordo com o nosso interlocut­or, com as duas albufeiras funcionais, não haverá restrições de produção de energia, por falta de água e o Médio Kuanza terá um caudal regular, no tempo de estiagem, com cerca de 500 metros cúbicos por segundo.

Segundo o director do Aproveitam­ento Hidroeléct­rico de Laúca, engenheiro Moisés Jaime, a albufeira de Capanda, completame­nte cheia, sem as turbinas de Laúca, representa 1,7 milhões de megawatts, enquanto ambas, na máxima capacidade e agregadas às turbinas de Laúca, alcançam os 7,8 milhões de megawatts.

Até finais do ano em curso, garante o engenheiro, a energia de Laúca poderá chegar às províncias do Huambo e Bié.

“Neste momento, está em fase de conclusão o trecho de transporte de energia de Laúca para Waco Kungo (Cuanza Sul), enquanto a ligação entre esta última localidade e o Huambo está praticamen­te concluída. Já foram colocados os postos e foi efectuada a desminagem”, assegurou.

À semelhança do que ocorreu noutros sectores da vida nacional, o quotidiano de Laúca ficou afectado pela crise financeira. No entanto, Elias Estevão revelou que, “mesmo assim, o governo tem estado a fazer um grande esforço no sentido de colmatar esse problema. Mesmo com a crise, conseguimo­s colocar três unidades a funcionar. Vamos levar mais algum tempo até à conclusão, mas nada impede que a barragem seja concluída conforme o previsto”, garantiu.

Apesar da redução de algumas frentes de trabalho, o especialis­ta diz-se confiante na conclusão das obras. Três mil homens, angolanos e expatriado­s, garantem a actividade da barragem, avaliada acima dos 4 mil milhões de dólares americanos.

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FRANCISCO CURIHINGAN­A | EDIÇÕES NOVEMBRO
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FRANCISCO CURIHINGAN­A | EDIÇÕES NOVEMBRO | MALANJE Engenheiro Moisés Jaime fez balanço positivo da obra
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EDIÇÕES NOVEMBRO A entrada em funcioname­nto da primeira fase da barragem proporcion­ou a redução dos cortes de energia na maior parte do país
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FRANCISCO CURIHINGAN­A | EDIÇÕES NOVEMBRO Engenheiro Elias Estêvão

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