Laúca lidera produção nacional de energia eléctrica
Actualmente, são produzidos 3.5 milhões de MWh de energia limpa e renovável quando as obras da barragem estiveram concluídas, a produção de Laúca sobe para 8,6 megawatts por ano
Operacional há um ano, o Empreendimento Hidroeléctrico de Laúca assumiu a liderança da produção de energia eléctrica a nível nacional, garantindo uma oferta de 40 por cento de toda a produção hídrica do Sistema Norte. O efeito directo e imediato desta acção é a estabilidade do sistema eléctrico nacional, totalizando 2692 megawatts de produção das três centrais, nomeadamente Capanda, Laúca e Cambambe, superando assim a procura.
O balanço das entidades que superintendem a obra é positivo e animador. O termo das restrições no fornecimento de energia é a primeira consequência. Actualmente, são produzidos 3.5 milhões de MWh de energia limpa e renovável e, quando as obras da barragem estiveram concluídas, a produção de Laúca vai subir para 8,6 megawatts por ano.
Com a actual capacidade de produção da barragem, foi possível a redução do consumo de combustíveis fósseis, na ordem dos 55 por cento. Em relação à produção térmica (geradores), houve uma redução na ordem de 621 mil megawotts, no período compreendido entre Janeiro de 2017 e Julho de 2018.
A entrada em funcionamento da primeira fase da barragem proporcionou mais estabilidade na produção de energia, com a redução de 94 por cento nos cortes do sistema eléctrico, na região Norte. Dados apurados pela reportagem do Jornal de
Angola no local indicam que o enchimento da albufeira de Laúca, concluído em Abril de 2018, representa um recorde absoluto de armanzenamento de energia na História de Angola.
Segundo o director do Aproveitamento Hidroeléctrico de Laúca, engenheiro Moisés Jaime, a albufeira de Capanda, completamente cheia, sem as turbinas de Laúca, representa 1,7 milhões de megawatts, enquanto ambas, na sua máxima capacidade e agregadas às turbinas de Laúca, alcançam os 7,8 milhões de megawatts.
Fim das restrições
Moisés Jaime explicou que, logo após à entrada em operação de Laúca, Angola alcançou o fim das restrições por défice na produção de energia para o Sistema Eléctrico Norte, atendendo plenamente os pontos de distribuição de energia. Laúca, de acordo com o interlocutor, atingiu um índice de disponibilidade acumulada de 99,64 por cento, entre os meses de Janeiro e Julho de 2018, valor acima das referências internacionais para centrais do mesmo porte, a exemplo do Brasil, que acumulou um percentual de 96,88.
“O índice de disponibilidade corresponde ao tempo operacional dos equipamentos e sistemas da central, sem interrupções para ajustes ou reparos. Este percentual representa um reforço do grau de confiabilidade e eficiência do Aproveitamento Hidroeléctrico de Laúca”, referiu.
A operação e manutenção da barragem de Laúca é realizada de forma conjunta pela PRODEL- E.P e pela Odebrecht, através da formação especializada e com recurso a experiências de outras centrais de grande porte, a nível internacional.
Moisés Jaime assegurou que o processo conjunto tem a duração de três anos e já conta com uma equipa de 84 técnicos nacionais, formados e preparados para realizar a operação e manutenção de outras centrais hidroeléctricas do nosso país. Quarenta e quatro destes especialistas são operadores de manutenção, formados em tempo real, enquanto os outros 40 trabalham nos ramos de electricidade, electrónica, mecânica e engenharia civil. Das sete unidades previstas, três já foram instaladas, cada uma com 374 megawatts.
Estabilidade garantida
O representante do Gamek, engenheiro Elias Daniel Estêvão, considerou o sistema eléctrico Norte mais estável, com a entrada em funcionamento da barragem de Laúca, cuja reserva, considerável, pode ser distribuída pelas demais centrais, como Capanda e Kambambe, evitando constrangimentos no sistema.
“Conseguimos atingir o nível de pleno armazenamento em Abril. Assim, há mais reserva para o tempo de estiagem”. Explicou, igualmente, que as albufeiras cumprem cabalmente a sua função de armazenar água, “não só para a produção de energia, mas também para regularização do caudal, na época de estiagem”.
De acordo com o nosso interlocutor, com as duas albufeiras funcionais, não haverá restrições de produção de energia, por falta de água e o Médio Kuanza terá um caudal regular, no tempo de estiagem, com cerca de 500 metros cúbicos por segundo.
Segundo o director do Aproveitamento Hidroeléctrico de Laúca, engenheiro Moisés Jaime, a albufeira de Capanda, completamente cheia, sem as turbinas de Laúca, representa 1,7 milhões de megawatts, enquanto ambas, na máxima capacidade e agregadas às turbinas de Laúca, alcançam os 7,8 milhões de megawatts.
Até finais do ano em curso, garante o engenheiro, a energia de Laúca poderá chegar às províncias do Huambo e Bié.
“Neste momento, está em fase de conclusão o trecho de transporte de energia de Laúca para Waco Kungo (Cuanza Sul), enquanto a ligação entre esta última localidade e o Huambo está praticamente concluída. Já foram colocados os postos e foi efectuada a desminagem”, assegurou.
À semelhança do que ocorreu noutros sectores da vida nacional, o quotidiano de Laúca ficou afectado pela crise financeira. No entanto, Elias Estevão revelou que, “mesmo assim, o governo tem estado a fazer um grande esforço no sentido de colmatar esse problema. Mesmo com a crise, conseguimos colocar três unidades a funcionar. Vamos levar mais algum tempo até à conclusão, mas nada impede que a barragem seja concluída conforme o previsto”, garantiu.
Apesar da redução de algumas frentes de trabalho, o especialista diz-se confiante na conclusão das obras. Três mil homens, angolanos e expatriados, garantem a actividade da barragem, avaliada acima dos 4 mil milhões de dólares americanos.