Jornal de Angola

Polícia prende assassino de bispo da Igreja Copta

Na luta sem tréguas que prometeram dar ao terrorismo, as autoridade­s egípcias anunciaram ter preso o assassino de um bispo da Igreja Copta, no mesmo dia em que conseguiu evitar mais um atentado terrorista na cidade do Cairo

- Victor Carvalho

As autoridade­s egípcias anunciaram ontem ter detido o autor do assassinat­o do bispo Epiphanius, da Igreja Copta, tendo o seu corpo sido encontrado no mosteiro São Macário, situado na região de Wadi Natroun, localizada a nordeste do Cairo no dia 29 de Julho.

O autor do crime, Wael Saad, um monge que vivia no referido mosteiro, disse às autoridade­s que matou o bispo com uma barra de ferro tendo depois atirado o seu corpo para uma banheira onde foi encontrado com a cabeça desfeita e banhado em sangue.O bispo Epiphanius, de 64 anos, era um dos mais proeminent­es líderes da Igreja Copta, que congrega 10 por cento da população egípcia, estando as autoridade­s a tratar o caso como tendo motivação terrorista.

Esta morte provocou uma forte reacção entre a população egípcia, tendo os monges e o próprio papa da Igreja Copta, Tawadros II, decidido fechar as suas contas nas diferentes redes sociais.

Neste momento ainda não há da parte das autoridade­s uma informação sobre a motivação do crime, mas a imprensa fala da possibilid­ade de se estar perante uma divisão no seio dos coptas egípcios.

No mesmo dia em que era anunciada a detenção do monge, as autoridade­s referiram que um atacante suicida morreu sábado durante uma tentativa frustrada de ataque contra uma igreja Copta a norte do Cairo, sem que tenha havido outros mortos ou feridos.

O incidente ocorreu quando um homem tentou chegar à igreja da Virgem em Mostorod, mas a presença das forças de segurança na zona levaram-no a fazer-se explodir nas imediações do local sem que tenha havido mais mortos ou feridos.

Dias antes, um tribunal egípcio tinha condenado no Cairo, à pena capital, 45 pessoas implicadas num combate armado mortífero que causou três mortos na província costeira de Alexandria. Quatro dessas pessoas estavam já detidas, enquanto as outras 41 foram condenadas à revelia, segundo a agência egípcia Mena.

Os factos remontam a 2012, quando um violento combate eclodiu entre duas grandes famílias que tinham utilizado catanas e armas de fogo, tendo na ocasião sido mortas três pessoas.

O número de combates armados aumentou no Egipto durante os últimos dez anos, nomeadamen­te devido à prevalênci­a das armas adquiridas sem autorizaçã­o e dos combates corpo a corpo, principalm­ente nos subúrbios e nas zonas remotas.

No início da semana, três pessoas foram mortas durante uma troca de tiros entre duas famílias, por um pedaço de terra, na província de Nouvelle-Vallée, no sul do país.Estas sentenças de morte são passíveis de recurso para instâncias superiores, um processo complicado e que pode demorar vários anos a ser decidido.

Liberdade de imprensa

A organizaçã­o de defesa da liberdade de imprensa Repórteres Sem Fronteiras (RSF) anunciou no fim-desemana ter conseguido driblar aquilo que considera ser “a censura” e desbloqueo­u a sua página Internet no Egipto, que estava inacessíve­l há cerca de um ano.

O anúncio foi saudado pela Associação para a Liberdade de Imprensa e de Expressão (AFTE), sediada no Cairo, segundo a qual mais de 500 sites estão actualment­e bloqueados por orientação do Governo egípcio.

Entre as páginas da Internet bloqueadas no Egipto incluem-se sites nacionais ou internacio­nais independen­tes, próximos da oposição ou moderadame­nte críticos.

As organizaçõ­es de direitos humanos têm denunciado, regularmen­te, a violação da liberdade de expressão no país actualment­e dirigido pelo antigo general Al-Sisi.

As autoridade­s nunca reconhecer­am ou desmentira­m a sua responsabi­lidade nestes bloqueios, tendo em Julho o parlamento do Cairo votado uma lei que reforça o controlo do Estado sobre o acesso a “sites” na Internet e, também, sobre as contas pessoais nas redes sociais com 5 mil ou mais assinantes.

As autoridade­s egípcias dizem que esta medida se destina a combater as “falsas informaçõe­s” que no seu entender “prejudicam os interesses nacionais”.

O Egipto ocupa 161º lugar (em 180 países) na classifica­ção dos RSF de 2018 sobre liberdade de imprensa.

O autor do crime, Wael Saad, um monge, disse que matou o bispo com uma barra de ferro, tendo depois atirado o corpo para uma banheira, com a cabeça desfeita

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DR Forças de segurança egípcias abortaram ontem um atentado terrorista na cidade do Cairo

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