Polícia prende assassino de bispo da Igreja Copta
Na luta sem tréguas que prometeram dar ao terrorismo, as autoridades egípcias anunciaram ter preso o assassino de um bispo da Igreja Copta, no mesmo dia em que conseguiu evitar mais um atentado terrorista na cidade do Cairo
As autoridades egípcias anunciaram ontem ter detido o autor do assassinato do bispo Epiphanius, da Igreja Copta, tendo o seu corpo sido encontrado no mosteiro São Macário, situado na região de Wadi Natroun, localizada a nordeste do Cairo no dia 29 de Julho.
O autor do crime, Wael Saad, um monge que vivia no referido mosteiro, disse às autoridades que matou o bispo com uma barra de ferro tendo depois atirado o seu corpo para uma banheira onde foi encontrado com a cabeça desfeita e banhado em sangue.O bispo Epiphanius, de 64 anos, era um dos mais proeminentes líderes da Igreja Copta, que congrega 10 por cento da população egípcia, estando as autoridades a tratar o caso como tendo motivação terrorista.
Esta morte provocou uma forte reacção entre a população egípcia, tendo os monges e o próprio papa da Igreja Copta, Tawadros II, decidido fechar as suas contas nas diferentes redes sociais.
Neste momento ainda não há da parte das autoridades uma informação sobre a motivação do crime, mas a imprensa fala da possibilidade de se estar perante uma divisão no seio dos coptas egípcios.
No mesmo dia em que era anunciada a detenção do monge, as autoridades referiram que um atacante suicida morreu sábado durante uma tentativa frustrada de ataque contra uma igreja Copta a norte do Cairo, sem que tenha havido outros mortos ou feridos.
O incidente ocorreu quando um homem tentou chegar à igreja da Virgem em Mostorod, mas a presença das forças de segurança na zona levaram-no a fazer-se explodir nas imediações do local sem que tenha havido mais mortos ou feridos.
Dias antes, um tribunal egípcio tinha condenado no Cairo, à pena capital, 45 pessoas implicadas num combate armado mortífero que causou três mortos na província costeira de Alexandria. Quatro dessas pessoas estavam já detidas, enquanto as outras 41 foram condenadas à revelia, segundo a agência egípcia Mena.
Os factos remontam a 2012, quando um violento combate eclodiu entre duas grandes famílias que tinham utilizado catanas e armas de fogo, tendo na ocasião sido mortas três pessoas.
O número de combates armados aumentou no Egipto durante os últimos dez anos, nomeadamente devido à prevalência das armas adquiridas sem autorização e dos combates corpo a corpo, principalmente nos subúrbios e nas zonas remotas.
No início da semana, três pessoas foram mortas durante uma troca de tiros entre duas famílias, por um pedaço de terra, na província de Nouvelle-Vallée, no sul do país.Estas sentenças de morte são passíveis de recurso para instâncias superiores, um processo complicado e que pode demorar vários anos a ser decidido.
Liberdade de imprensa
A organização de defesa da liberdade de imprensa Repórteres Sem Fronteiras (RSF) anunciou no fim-desemana ter conseguido driblar aquilo que considera ser “a censura” e desbloqueou a sua página Internet no Egipto, que estava inacessível há cerca de um ano.
O anúncio foi saudado pela Associação para a Liberdade de Imprensa e de Expressão (AFTE), sediada no Cairo, segundo a qual mais de 500 sites estão actualmente bloqueados por orientação do Governo egípcio.
Entre as páginas da Internet bloqueadas no Egipto incluem-se sites nacionais ou internacionais independentes, próximos da oposição ou moderadamente críticos.
As organizações de direitos humanos têm denunciado, regularmente, a violação da liberdade de expressão no país actualmente dirigido pelo antigo general Al-Sisi.
As autoridades nunca reconheceram ou desmentiram a sua responsabilidade nestes bloqueios, tendo em Julho o parlamento do Cairo votado uma lei que reforça o controlo do Estado sobre o acesso a “sites” na Internet e, também, sobre as contas pessoais nas redes sociais com 5 mil ou mais assinantes.
As autoridades egípcias dizem que esta medida se destina a combater as “falsas informações” que no seu entender “prejudicam os interesses nacionais”.
O Egipto ocupa 161º lugar (em 180 países) na classificação dos RSF de 2018 sobre liberdade de imprensa.
O autor do crime, Wael Saad, um monge, disse que matou o bispo com uma barra de ferro, tendo depois atirado o corpo para uma banheira, com a cabeça desfeita