Jornal de Angola

Milhares de tunisinos contra reformas sociais

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Milhares de pessoas manifestar­am-se ontem, em Tunes, capital da Tunísia, contra as reformas sociais propostas por uma comissão presidenci­al, que incluem a igualdade de direitos de herança entre mulheres e homens e a despenaliz­ação da homossexua­lidade.

“Defenderem­os o Islão com o nosso sangue”, gritaram os manifestan­tes, homens e mulheres, empunhando o Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos. Os manifestan­tes respondera­m ao apelo de um colectivo, auto-intitulado “Coordenaçã­o Nacional para Defender o Alcorão e a Constituiç­ão”, que agrega representa­ntes religiosos e universitá­rios e personalid­ades pró-islamitas. “Vimos defender os princípios da nossa religião”, disse Farrah, uma manifestan­te de 22 anos, em declaraçõe­s à AFP. “Querem mudar os pilares do Islão”, protestou Mokhtar Abderrahma­n, um manifestan­te de 60 anos. Em Junho, a Comissão para as Liberdades Individuai­s e a Igualdade, formada há um ano pelo Presidente Beji Caid Essebsi, propôs uma série de reformas para as leis sobre a igualdade de direitos inscrita na Constituiç­ão desde 2014. Entre as propostas está a igualdade de direitos na herança para mulheres e homens, enquanto a lei actual, apoiada no Alcorão, prevê que um homem herde o dobro da mulher com o mesmo nível de parentesco.

Após meses de encontros com a sociedade civil e os partidos políticos, a comissão propôs igualmente a despenaliz­ação da homossexua­lidade e a abolição da pena de morte, reformas saudadas pelos defensores dos direitos humanos. A comissão garante que as propostas não colidem com “a essência do Islão”. Para hoje, está prevista uma manifestaç­ão a favor das reformas propostas, igualmente em Tunes.

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