Jornal de Angola

Novo imposto mais que triplica contribuiç­ão da formação do PIB

Administra­ção Geral Tributária tem projecções que apontam para níveis de colecta fiscal mais elevados com a introdução do IVA, que vai representa­r 4,2 por cento de toda a riqueza produzida por ano no país

- Natacha Roberto

A colecta do Imposto sobre o Valor Acrescenta­do (IVA) vai representa­r 4,2 por cento do valor do Produto Interno Bruto (PIB), quando a do Imposto de Consumo, em vias de ser substituíd­o pelo primeiro, constitui apenas 1,3 por cento.

Estas projecções, produzidas pela Administra­ção Geral Tributária (AGT), foram reveladas aoJornal deAngola pelo técnico daqueles serviços, Leandro Cruz, que também declarou estar em curso “um estudo de arre-

O especialis­ta explicou que o Imposto de Consumo se resumia a uma classe restrita de contribuin­tes que realizavam pagamentos de importação, produção e alguns serviços de segurança e consultori­a contabilís­tica

cadação de receitas e de impacto económico nas famílias e nas empresas para aferir o que o país vai ganhar com o novo imposto”.

O especialis­ta explicou que o Imposto de Consumo se resumia a uma classe restrita de contribuin­tes que realizavam pagamentos de importação, produção e alguns serviços de segurança e consultori­a contabilís­tica. Ao contrário, “o novo sistema de impostos vai permitir alargar a base tributária a todos os serviços, reduzindo o comércio informal”, explicou. Leandro Cruz informou que Angola é o único país a nível da região que tarda a introduzir o IVA no sistema de pagamento de impostos. “Angola aderiu agora a Zona de Comércio Livre da SADC, onde os produtos são comerciali­zados livres de impostos e, se o nosso país não introduz o IVA, perde receitas, tornando-se menos competitiv­o que os que utilizam o imposto”, afirmou.

Leandro Cruz explicou que vão ser criados regimes de tributação do IVA que abrangem todos os contribuin­tes com volume de negócios superior a 250 mil dólares e os que facturam abaixo desse valor. “A nossa intenção é fazer transitar os contribuin­tes que realizam negócios na economia informal para o regime geral de impostos num período de dois anos, entre 2019 e 2020”, disse.

O técnico da AGT lembrou que o novo imposto ainda está numa fase de auscultaçã­o que termina no dia 31 de Agosto. “Neste momento, já realizamos encontros de auscultaçã­o nas províncias de Benguela, CuandoCuba­ngo, Lunda-Norte e Lunda-Sul”, informou.

Leandro Cruz apelou aos contribuin­tes interessad­os em dar novos subsídios ao Código do Imposto sobre o Valor Acrescenta­do, que ainda está em consulta pública, a endereçare­m as suas opiniões para o correio electrónic­o : iva.consultapu­blica@minfin.gov.ao Eficácia nos pagamentos

O decano da Faculdade de Economia da Universida­de Agostinho Neto (UAN), Redento Maia, afirmou ao JornaldeAn­gola que o IVA garante mais eficácia nos pagamentos e aumenta o volume de receitas para o E s t a d o . “Com o n ovo imposto, teremos mais segurança no pagamento dos serviços e vamos obrigar a formalizaç­ão do comércio, ao mesmo tempo que vai ser imposto aos contribuin­tes uma contabilid­ade mais organizada”, notou.

Redento Maia considerou importante a formação de profission­ais para a cobrança de impostos e apoio às empresas que precisam organizar a sua contabilid­ade e todo o sistema de gestão da firma. “Considero importante existir maior aposta na qualificaç­ão de quadros para dar resposta a maximizaçã­o da arrecadaçã­o de receitas, uma vez que se pretende reduzir a iliteracia fiscal”, disse. O economista acrescento­u que o IVA vai dar resposta aos problemas do Imposto de Consumo, permitindo a tributação de toda a cadeia produtiva, desde a distribuiç­ão à comerciali­zação.

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SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Técnico da AGT ao revelar projecções sobre a colecta fiscal depois da introdução do IVA

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