Pepino enterrado ontem no cemitério da Kamunda
Obra desportiva e social do veterano ciclista, falecido aos 95 anos, fica como legado às actuais e futuras gerações de várias áreas de actividade
O ciclista veterano Alberto da Silva “Pepino”, falecido no sábado, por doença, aos 95 anos, foi enterrado ontem, no cemitério da Kamunda, na cidade de Benguela.
Um dos maiores ícones do desporto angolano, “Pepino” foi a enterrar na presença de várias individualidades, entre familiares, governantes, desportistas e amigos.
Foram várias as mensagens de condolências em sua memória, com realce para a do Presidente da República, João Lourenço, do Secretariado do Bureau Político do MPLA e da ministra da Juventude e Desportos, Ana Paula do Sacramento Neto, que enalteceram os feitos daquele que foi apelidado “Gladiador do Asfalto”.
O veterano realizou várias tiradas de bicicleta em apoio aos heróis da pátria, antigos combatentes e crianças pobres.
Participou em 2009, pela primeira vez, nos jogos olímpicos da terceira idade, na Califórnia, Estados Unidos. Em 2013 voltou a competir, tendo conquistado duas medalhas de ouro.
Aos 53 anos, em 1973, Alberto Silva percorreu a pé, em 47 horas, a distância entre Huambo e Benguela. Fora uma aposta com amigos e ganhou 100 mil escudos portugueses pelo feito.
Mais tarde, em 1975, superou o seu recorde pessoal, ao cobrir, também a pé, os 700 quilómetros que separam Benguela de Luanda, saudando a Independência de Angola e os seus precursores, em memória das viúvas e dos órfãos da guerra, ganhando a simpatia de todo o povo angolano. Em 2005, decidiu fazer o mesmo percurso em bicicleta. Ao celebrar o 95º aniversário, em Outubro de 2017, realizou uma “pedalada” de 45 quilómetros em Benguela, na companhia de dezenas de jovens ciclistas da cidade. Nacionalista confesso Verdadeiro nacionalista, Pepino era proprietário da Marcenaria Muxima, encravada nas traseiras do Hotel Luso, pertença da família, em Benguela. Foi amigo pessoal do primeiro Presidente de Angola, Agostinho Neto, a quem, segundo reza a história, chegou a oferecer uma mobília completa.
Em Julho último, os seus feitos em prol da nação angolana foram reconhecidos pelo Ministério da Juventude e Desportos. Inspiração para os mais novos e mais velhos, Alberto da Silva verá brevemente o seu nome ligado a uma prova anual, o “Troféu Pepino”.
Uma semana antes da sua morte, queixou-se de gripe, mas continuou a fazer uma vida normal. Às 22 horas de sábado, familiares e amigos esperavam pelo corpo do veterano atleta na morgue do Hospital Central de Benguela, onde tinha sido internado no mesmo dia, com problemas respiratórios.
Chefe de Estado lamenta a perda
O Presidente da República, João Lourenço, reconhece que “Pepino” granjeou o respeito de todos os angolanos a partir do momento em que, já numa idade avançada, demonstrou a capacidade de se superar e de servir de exemplo para as novas gerações.
“Foi verdadeiro ícone do desporto nacional e internacional”, sublinha o Presidente da República, João Lourenço, na mensagem de condolências.
O Chefe de Estado destaca os inúmeros títulos conquistados por Pepino, ao nível nacional e internacional, e exprime “profundas condolências” à família do ciclista.
“Com profunda consternação, tomei conhecimento do passamento físico do ciclista veterano benguelense Alberto da Silva, marceneiro de profissão, a quem os seus familiares, amigos e admiradores apelidavam carinhosamente de Pepino”, escreve João Lourenço.
O Presidente da República reconhece, ainda, que “Pepino” granjeou em vida o respeito de todos os angolanos, a partir do momento em que, já numa idade avançada, “demonstrou a capacidade de se superar e de servir de exemplo para as novas gerações”, envolvendo-se em competições em que, empenhada e dedicadamente, “punha à prova e excedia os seus próprios limites de resistência”.
Ao celebrar o 95º aniversário, em Outubro de 2017, realizou uma “pedalada” de 45 quilómetros em Benguela, na companhia de dezenas de jovens ciclistas da cidade