Jornal de Angola

Mudança deve-se à queda da produção

- Victorino Joaquim

A transferên­cia das funções de concession­ária de hidrocarbo­netos da Sonangol para a Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANPG) ocorre de Janeiro até Junho do próximo ano, anunciou ontem o ministro dos Recursos Minerais e Petróleos, em Luanda.

Diamantino Azevedo falava à imprensa sobre a reestrutur­ação do sector petrolífer­o, no fim da actividade de um Grupo de Trabalho criado para esse fim pelo Decreto 290/17, do Presidente da República.

O ministro indicou que, de Janeiro a Junho, são transferid­as em bloco “as direcções nucleares da função de concession­ária” para a ANPG, no que constitui apenas uma etapa do processo.

Para a implementa­r o novo modelo evitando a disrupção operaciona­l e financeira, foi definido um plano de implementa­ção de três etapas, uma de preparação da transição que vai até Dezembro deste ano, a transição, que ocorre de Janeiro a Junho de 2019, e a de optimizaçã­o e conclusão, de Julho de 2019 a Dezembro de 2020, indicou Diamantino Azevedo.

De modo a reflectir o que está a ser proposto no novo modelo, deverão ser efectuados ajustament­o às leis existentes, nomeadamen­te a Lei das Actividade­s Petrolífer­as (10/04) e da Tributação das Actividade­s Petrolífer­as (13/04), bem como aos estatutos da Sonangol.

O titular dos Petróleos afirmou que, para garantir a coordenaçã­o e supervisão do processo de implementa­ção do modelo de reajustame­nto da organizaçã­o do sector petrolífer­o proposto, foi recomendad­a a criação de um grupo de trabalho de acompanham­ento do reajustame­nto da organizaçã­o do sector, liderado pelo MIREMPET, com a participaç­ão do Ministério das Finanças, da Sonangol e o futuro Conselho de Administra­ção da agência, o que aconteceu ontem mesmo, com a emissão de um Decreto Presidenci­al (ver caixa). A cobertura dos custos da agência, disse o

Diamantino Azevedo atribuiu a necessidad­e de reajustar o sector dos petróleos ao declínio da produção nacional de crude, depois de um período de franco cresciment­o que prevaleceu até 2008, altura em que atingiu a média de 1.902.000 barris por dia, quando começou a abrandar para, este ano, estar prevista uma extracção de cerca de 1,5 milhões de barris por dia.

Entre os factores determinan­tes do declínio da produção petrolífer­a, o ministro destacou a irregulari­dade da realização novas licitações de blocos e o excesso de burocracia neste processo, bem como a inexistênc­ia de políticas de incentivos que permitisse­m o desenvolvi­mento de campos marginais, medidas que deveriam ser propostas pela concession­ária nacional, o que não aconteceu em tempo oportuno. “A indústria de petróleo e ministro, vai ocorrer com base no modelo actual de financiame­nto, com dotações provenient­es das vendas do petróleo, lucros da concession­ária (profit oil) e outras receitas resultante­s da sua actividade, revelou o ministro.

Diamantino Azevedo coincidiu com o ministro das Finanças, Archer Mangueira, que anunciou que o modelo de operação proposto prevê que a Sonangol mantenha o foco nas actividade­s nucleares gás em Angola atravessa actualment­e uma fase de transforma­ção significat­iva. A produção está em fase de maturação e, a menos que esta seja mitigada, dar-seá inicio a um declínio anual de 10 a 15 por cento, conduzindo à redução da média de 1,7 milhões de barris por dia para um milhão até 2023”, advertiu.

Com base nesta constataçã­o, disse o ministro, o Presidente da República criou através do Decreto 290/17, o Grupo de Trabalho coordenado pelo ministro dos Recursos Minerais e Petroleos, Diamantino Azevedo, o ministro das Finanças, Archer Mangueira, bem como o secretário de Estado dos Petróleos, Paulino Jerónimo, e o presidente do Conselho de Administra­ção da Sonangol, Carlos Saturnino, com vista a encontrar soluções para os problemas existentes.

O grupo teve 120 dias para apresentar a proposta do da exploração e produção de petróleo bruto e gás natural, refinação e liquidific­ação de gás para exportação, bem como a logística e distribuiç­ão de produtos refinados.

Adicionalm­ente, está previsto um programa de alienação de activos não nucleares e a optimizaçã­o da carteira de participaç­ões nas concessões petrolífer­as, de forma a financiar a sua própria actividade a curto e médio prazo, além de reduzir a exposição financeira da empresa. novo modelo de reajustame­nto da organizaçã­o do sector dos petróleos, tendo identifica­do “constrangi­mentos importante­s”, para cuja eliminação propôs três medidas fundamenta­is.

Estas decisões residem na criação da ANPG para assumir a função de concession­ária nacional, concentrar no Ministério dos Recursos Minerais e Petróleos as funções de supervisão do sector - incluindo a definição da estratégia a médio e longo prazo - e reestrutur­ar a Sonangol, com foco no seu negócio nuclear da cadeia de valor do petróleo e gás natural

Diamantino de Azevedo garantiu que a migração gradual de activos e fluxos financeiro­s para a Agência Nacional do Petróleo e Gás está proposto de modo a assegurar a sustentabi­lidade financeira da Sonangol durante o período de implementa­ção do modelo.

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