Jornal de Angola

Outorga a Neto chega “muito tarde”

- Garrido Fragoso

O político e deputado Miguel Nzau Puna considerou, em Luanda, que a outorga feita quinta-feira a António Agostinho Neto, de presidente emérito, membro honorífico do Comité Central e militante distinto do partido “chega muito tarde”.

“A minha interrogaç­ão é a coincidênc­ia da distinção simultânea feita, quer ao fundador da Nação, como ao actual líder do partido, que dentro de algumas semanas cessa as funções como presidente do MPLA”, referiu o membro do Comité Central à imprensa, no final da reunião do órgão de cúpula do partido.

Para Nzau Puna, muitos anos já se passaram e estes títulos já deviam ser outorgados a Agostinho Neto. “Agora, coincidir as homenagens a favor das duas personalid­ades, é aí onde tenho dificuldad­es de compreende­r”, afirmou.

O político não considera ter havido “injustiça” pelo facto de, atempadame­nte, não se ter reconhecid­o, com tais títulos, o primeiro Presidente angolano, mas admite que houve “esquecimen­to por parte do partido, pelos muitos anos passados”.

“O partido não se lembrou. Mas prefiro deixar o assunto à análise do meu partido, que tem as decisões apropriada­s para congregar melhor a família MPLA”, referiu.

A secretária-geral da OMA disse sair da reunião satisfeita, pelos resultados positivos alcançados, análises profundas dos temas e elogios feitos ao presidente cessante, que no próximo mês passa o testemunho da liderança ao vicepresid­ente, João Lourenço.

Luzia Inglês “Inga” indicou que José Eduardo dos Santos passa o seu legado a João Lourenço numa altura em que “há harmonia entre todos os militantes”.

Sobre a atribuição a Agostinho Neto dos títulos de presidente emérito, membro honorífico do Comité Central e militante distinto do partido, Luzia Inglês respondeu apenas que “cada momento tem o seu momento”. “História só é História depois dos cem anos. Não foi feita antes porque tivemos várias fases e situações no nosso país. Estamos a procurar resolver aos poucos todas as questões”, enfatizou.

O deputado João Pinto disse que o legado de José Eduardo dos Santos - a pacificaçã­o, reconstruç­ão nacional e a preservaçã­o da dignidade humana - deve servir de exemplo para os angolanos.

Sobre João Lourenço, que assume a liderança do partido a 8 de Setembro, o deputado augurou que mantenha a postura e garante da unidade entre todos os angolanos, do Estado, e promova a cultura de etnicidade para o desenvolvi­mento e bem-estar económico e social do país.

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