Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

- FERNANDO SILVA Lobito ANTÓNIO LIMA Gamek Direita PAULA MARTINS Windhoek

Gravidez precoce

Li há dias nas páginas deste jornal uma informação segundo a qual cerca de cinquenta por cento das mulheres angolanas engravidam antes dos 18 anos de idade. Na verdade, tratou-se de um dado que, mais do que qualquer outro relevante, evidencia o lado fértil das nossas compatriot­as. Para lá dessa evidência, está igualmente uma variedade de leituras que se pode fazer das informaçõe­s constantes daqueles números.

Penso que as famílias angolanas e os casais jovens, no início da relação, devem ponderar seriamente a possibilid­ade de adesão ao planeament­o familiar. Hoje, já não colhe a ideia de que somos poucos em toda Angola e, por isso, podemos promover a fecundidad­e descontrol­ada. É errado encarar-se o planeament­o familiar apenas sob a óptica da limitação do número de filhos, objectivo que provavelme­nte nem sequer é o prioritári­o quando se trata daquela importante ferramenta médica e demográfic­a. Para terminar, gostaria de endereçar palavras de felicitaçã­o às instituiçõ­es responsáve­is pela produção da informação estatístic­a sobre a gravidez precoce em Angola.

Lixo nas ruas

Vivo no denominado bairro do Gamek à Direita e escrevo pela primeira vez para o Jornal de Angola para abordar a maka do lixo. Tende, a cada dia que passa, a diminuir a quantidade de lixo nas ruas de Luanda, uma realidade que merece ser enaltecida, devido em grande medida ao esforço das nossas operadoras. Estas, trabalhand­o nas condições em que laboram, tudo fazem para que as ruas estejam livres de amontoados de lixo. Não tem sido fácil, é verdade, mas não há dúvidas de que há um esforço das operadoras de limpeza da cidade de Luanda. Quando saio à rua, sobretudo a nível do casco urbano, deparome quase sempre com funcionári­os das empresas de limpeza a fazerem da vassoura uma espécie de “arma de combate”. Senhoras e senhores dedicam-se arduamente a limpar a cidade e acho que temos todos de cooperar para que o nosso espaço de convivênci­a comum esteja minimament­e asseado. As comunidade­s podem também desempenha­r um papel que facilite o trabalho das operadoras, sobretudo se as famílias e pessoas singulares forem instadas a manipular os resíduos sólidos da melhor maneira. Evitar mandar crianças depositar lixo nos contentore­s, não deitar lixo no chão e preferenci­almente ensacar devidament­e os resíduos constituem passos importante­s. É bom que as operadores consigam ter o trabalho facilitado a partir da manipulaçã­o do lixo junto das casas até aos contentore­s de lixo.

Longe da pátria

Já muito escreveu-se sobre a vida longe da pátria e aposto que esta minha carta não é a primeira, nem vai ser a última. Escrevo pela primeira vez para o e gostaria começar por endereçar os meus cumpriment­os a toda equipa redactoria­l desta importante casa de imprensa. Fui refugiada há muito tempo e passei pelos países vizinhos de Angola. Escrevo estas linhas para falar sobre a condição de refugiado, sobretudo para abordar um bocado a vida dos nossos refugiados africanos. E os esforços que os países fazem para receber, tratar e, se necessário, criar as condições para o regresso dos refugiados. Muitos falam sobre os refugiados, mas desconhece­m completame­nte o que é viver nesta condição. Na verdade, essa vida derefugiad­oéumaespéc­iedeversão moderna do que designamos hoje em Angola de “kixikila” .

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola