CARTAS DOS LEITORES
Gravidez precoce
Li há dias nas páginas deste jornal uma informação segundo a qual cerca de cinquenta por cento das mulheres angolanas engravidam antes dos 18 anos de idade. Na verdade, tratou-se de um dado que, mais do que qualquer outro relevante, evidencia o lado fértil das nossas compatriotas. Para lá dessa evidência, está igualmente uma variedade de leituras que se pode fazer das informações constantes daqueles números.
Penso que as famílias angolanas e os casais jovens, no início da relação, devem ponderar seriamente a possibilidade de adesão ao planeamento familiar. Hoje, já não colhe a ideia de que somos poucos em toda Angola e, por isso, podemos promover a fecundidade descontrolada. É errado encarar-se o planeamento familiar apenas sob a óptica da limitação do número de filhos, objectivo que provavelmente nem sequer é o prioritário quando se trata daquela importante ferramenta médica e demográfica. Para terminar, gostaria de endereçar palavras de felicitação às instituições responsáveis pela produção da informação estatística sobre a gravidez precoce em Angola.
Lixo nas ruas
Vivo no denominado bairro do Gamek à Direita e escrevo pela primeira vez para o Jornal de Angola para abordar a maka do lixo. Tende, a cada dia que passa, a diminuir a quantidade de lixo nas ruas de Luanda, uma realidade que merece ser enaltecida, devido em grande medida ao esforço das nossas operadoras. Estas, trabalhando nas condições em que laboram, tudo fazem para que as ruas estejam livres de amontoados de lixo. Não tem sido fácil, é verdade, mas não há dúvidas de que há um esforço das operadoras de limpeza da cidade de Luanda. Quando saio à rua, sobretudo a nível do casco urbano, deparome quase sempre com funcionários das empresas de limpeza a fazerem da vassoura uma espécie de “arma de combate”. Senhoras e senhores dedicam-se arduamente a limpar a cidade e acho que temos todos de cooperar para que o nosso espaço de convivência comum esteja minimamente asseado. As comunidades podem também desempenhar um papel que facilite o trabalho das operadoras, sobretudo se as famílias e pessoas singulares forem instadas a manipular os resíduos sólidos da melhor maneira. Evitar mandar crianças depositar lixo nos contentores, não deitar lixo no chão e preferencialmente ensacar devidamente os resíduos constituem passos importantes. É bom que as operadores consigam ter o trabalho facilitado a partir da manipulação do lixo junto das casas até aos contentores de lixo.
Longe da pátria
Já muito escreveu-se sobre a vida longe da pátria e aposto que esta minha carta não é a primeira, nem vai ser a última. Escrevo pela primeira vez para o e gostaria começar por endereçar os meus cumprimentos a toda equipa redactorial desta importante casa de imprensa. Fui refugiada há muito tempo e passei pelos países vizinhos de Angola. Escrevo estas linhas para falar sobre a condição de refugiado, sobretudo para abordar um bocado a vida dos nossos refugiados africanos. E os esforços que os países fazem para receber, tratar e, se necessário, criar as condições para o regresso dos refugiados. Muitos falam sobre os refugiados, mas desconhecem completamente o que é viver nesta condição. Na verdade, essa vida derefugiadoéumaespéciedeversão moderna do que designamos hoje em Angola de “kixikila” .