Venezuelanos reclamam de perseguição no Brasil
Governo brasileiro adopta medidas para evitar a repetição de actos de violência contra imigrantes em Pacaraima
Pelo menos mil e 200 venezuelanos abandonaram o Brasil no fim-de-semana, depois dos casos de violência registados no sábado contra acampamentos onde se encontravam na cidade Pacaraima, na fronteira, anunciaram fontes do Exército brasileiro.
Habitantes de Pacaraima, no estado brasileiro de Roraima, no norte, protestaram contra a presença de imigrantes venezuelanos na cidade, expulsaram-nos das tendas de campismo onde dormiam e queimaram os seus objectos pessoais.
No último ano, Pacaraima, com uma população de cerca de 12 mil pessoas, tornou-se na principal porta de entrada no Brasil para os venezuelanos que fogem da crise política, económica e social que afecta o seu país.
Outros países vizinhos, como o Equador e a Colômbia, também têm enfrentado problemas devido ao elevado número de venezuelanos que chega, tendo até adoptado medidas de controlo de chegadas, como a exigência de passaporte e não só de bilhete de identidade nacional.
No Equador, o ministro do Interior, Mauro Toscanini, afirmou ontem que, pelo menos um milhão de venezuelanos atravessaram a fronteira, mas permanecem naquele país cerca de 250 mil.
Em entrevista publicada no diário “El Comercio”, o responsável da Administração Interna defendeu a decisão de pedir passaporte aos cidadãos da Venezuela para entrarem no Equador. Para chegarem ao Equador, os venezuelanos podem atravessar a Colômbia.
Cerca de “250 mil ficaram [no Equador], mas chegaram aproximadamente um milhão. Muitos ficam seis meses. Há que controlá-los de alguma maneira”, referiu Mauro Toscanini.
Para o Governo do Equador, apontou, a decisão é legal e legítima “porque um país soberano tem direito a pôr certas condições, neste caso, quanto à migração”.
Mauro Toscanini comentou que a medida avançou devido a “muitíssimos factores”, entre os quais a necessidade de uma identificação total dos cidadãos venezuelanos para conseguir controlar o movimento migratório.
Um venezuelano que chegue à fronteira somente com o documento nacional de identidade “simplesmente não entra no país”, realçou o ministro do Interior.
A Venezuela está a enfrentar uma grave crise política, económica e social que tem levado milhares de cidadãos a abandonar o país e a dirigir-se para outras regiões da América Latina, como Brasil, Colômbia, Peru ou Equador, originando, por vezes, problemas entre as populações.
No primeiro semestre, cerca de 56 mil e 740 venezuelanos procuraram legalizar a sua situação no Brasil, para obter o direito de refúgio ou residência temporária.
As Nações Unidas estimam que 2,3 milhões de venezuelanos saíram do país, fugindo da pobreza e a procura de trabalho. Mais de 800 mil estão na Colômbia, onde têm direito temporário de residência.
Medidas de assistência
O Governo brasileiro anunciou ter adoptado mais medidas de assistência social a imigrantes venezuelanos e de segurança para as populações locais da fronteira entre os dois países, ascendendo a 43 milhões de euros (200 milhões de reais).
Após reunião, no domingo, do Presidente do Brasil, Michel Temer, com diversos ministros e membros dos vários gabinetes, um comunicado governamental elencou: “ordenamento da fronteira, com controlo e triagem adequados e a ampliação da presença na área social e de segurança, a construção de desinstalações (mais duas estão quase concluídas) que abrigam, temporariamente, os venezuelanos e a interiorização dos migrantes para outros estados”.
O Executivo brasileiro anunciou que vai construir um novo centro de acolhimento no estado de Roraima (norte), uma das 'portas de entrada' do êxodo venezuelano e que vai enviar um contingente de 120 elementos das Forças Armadas para reforçar a segurança na região.
Outra medida será a deslocação para o local de 36 voluntários da área da saúde para prestar cuidados aos imigrantes originários da Venezuela.
Outros países vizinhos como o Equador e a Colômbia, também têm enfrentado problemas devido ao elevado número de venezuelanos que chega, tendo até adoptado medidas de controlo de chegadas, como a exigência de passaportes