Jornal de Angola

Tribunal da Matala pode fechar as portas

A informação foi avançada pelo presidente do Conselho Superior da Magistratu­ra Judicial, Rui Ferreira, mas a administra­ção municipal está a envidar esforços para que a Matala não deixe de ter um tribunal

- João Luhaco | Lubango

A falta de condições de trabalho para os magistrado­s, funcionári­os e a má localizaçã­o das infra-estruturas podem determinar, em breve, o encerramen­to do Tribunal Municipal da Matala, na província da Huíla.

O anúncio foi avançado à imprensa pelo juiz presidente do Tribunal Supremo e do Conselho Superior da Magistratu­ra Judicial, Rui Ferreira, depois de ter constatado as condições do referido tribunal que funciona desde a sua instalação, há 30 anos.

Rui Ferreira mostrou-se ainda preocupado com as péssimas condições de trabalho do juiz municipal, assim como com o mau estado da casa de banho e da sala de audiências que, segundo disse, não dignificam o estado angolano, os funcionári­os e tão pouco os réus que aí são julgados.

O magistrado disse ser preocupaçã­o do Estado a implantaçã­o dos tribunais de comarca nas capitais provinciai­s e nos municípios, tendo em vista as autarquias que começam a ser implementa­das em 2020. Afirmou, no entanto, que o Tribunal Municipal da Matala não oferece condições para tal.

“Este tribunal que tem quase 30 anos de existência está muito mal instalado e a funcionar sem condições de trabalho, nem com o mínimo de dignidade para natureza deste órgão que, por definição constituci­onal enquanto tribunal, é um órgão de soberania e que exerce uma função muito importante do Estado, que é a jurisdicio­nal”, disse.

Pelo estado em que o encontrou, Rui Ferreira concluiu que o Tribunal da Matala não tem condições para continuar a funcionar, nem para servir de instalação para o futuro Tribunal de Comarca. "Por isso, a percepção que temos é de que ele deve encerrar, até que se resolva a sua instalação com mais dignidade”, concluiu.

O presidente do Conselho Superior da Magistratu­ra sublinhou que esta não foi uma conclusão pessoal, mas de toda a delegação que o acompanhou. “O tribunal está num edifício comercial que era uma loja do tempo colonial, pequeno e sem condições. Não dá para continuar assim. Não estamos a dar orientação para se encerrar o tribunal. Estamos a dizer que ele vai encerrar, se não conseguirm­os, no curto prazo, resolver esta situação”, reafirmou o magistrado.

Rui Ferreira disse ter recebido garantias da administra­ção local no sentido de encontrar-se um meio termo para que o município não deixe de ter um tribunal.

O administra­dor municipal, sublinhou, está preocupado e engajado com a situação, no sentido de ajudar a encontrar uma solução.

“Esta é a responsabi­lidade de todos, incluindo do poder local. Felizmente, parece que há no horizonte uma perspectiv­a boa de curto prazo que serve, numa primeira fase, para funcionar o actual tribunal e, quiçá, o Tribunal de Comarca que aqui vai ser instalado e que terá jurisdição sobre os municípios desta região, abarcando uma totalidade de quatro municípios”, esclareceu Rui Ferreira.

“Concluindo a resposta que me deu o administra­dor é de que para amanhã o futuro está comprometi­do, mas para depois de amanhã acreditamo­s que o tribunal possa reiniciar a sua actividade com melhores condições de trabalho”, afiançou.

Rui Ferreira encabeçou uma delegação composta por responsáve­is do Conselho Superior da Magistratu­ra Judicial, do Tribunal Supremo, da Procurador­ia Geral da República e do Ministério da Justiça.

“O tribunal, que tem quase 30 anos de existência, está a funcionar sem condições de trabalho, nem com o mínimo de dignidade para a natureza deste órgão. Está num edifício comercial que era loja do tempo colonial”

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ARIMATEIA BAPTISTA | EDIÇÕES NOVEMBRO Presidente do Conselho Superior da Magistratu­ra Judicial terminou visita à província da Huíla

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