Tráfico de pessoas e escravatura são crimes
Uma melhor compreensão da história da escravidão e do tráfico humano é essencial para entender a emergência de novas formas de escravidão, com o objectivo de impedi-las, afirmou ontem a directora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay.
Na mensagem sobre o Dia Internacional da Lembrança do Tráfico de Escravos e da sua Abolição, lida ontem na Ilha de Moçambique por Djaffar Mousa-Elkadhum, representante da UNESCO naquele país do Índico, Audrey Azoulay destaca que desde 2001 o tráfico humano e a escravidão são reconhecidos pela comunidade internacional como crimes contra a Humanidade.
Na noite de 22 para 23 de Agosto de 1791, na região ocidental da Ilha de São Domingos, então uma colónia francesa das Índias Ocidentais, ocorreu uma revolta de escravos, que foi o ponto de virada na trágica história sobre o tráfico de pessoas e escravatura.
“A guerra que se seguiu atingiu o auge em 1804, com a Independência daquela parte da ilha, que adoptou o nome de Haiti, e levou ao reconhecimento da igualdade de direitos de todos os habitantes. A onda de choque causada por esse evento histórico contribuiu muito, durante o Século XIX, para o movimento de abolição e para o desmantelamento da escravidão”, recordou Audrey Azoulay.
A universalidade da luta por liberdade e dignidade conduzida pelos escravos de São Domingos, realça na mensagem a directora-geral da UNESCO, levou aquele organismo das Nações Unidas a estabelecer o Dia Internacional da Lembrança do Tráfico de Escravos e da sua Abolição, assim como a escolher a data simbólica de 23 de Agosto para ser observada.
A data tornou-se, desde 1998, numa oportunidade ideal para o aprofundamento da reflexão sobre o legado da história da escravidão e a necessidade de explorar a sua memória, sublinha a mensagem.
A efeméride também ajuda na proteção contra os preconceitos raciais que foram desenvolvidos para justificar a escravidão e que continuam a alimentar a discriminação e o racismo quotidiano contra pessoas de origem africana, lê-se na mensagem.
O colóquio internacional sobre a escravatura, que juntou durante quatro dias dezenas de estudiosos sobre o ciclo do tráfico negreiro, foi organizado pela Oficial de História de Moçambique, em parceria com a UNESCO e as universidades Pedagógica e Eduardo Mondlane.