Jornal de Angola

Tráfico de pessoas e escravatur­a são crimes

- António Bequengue| Ilha de Moçambique

Uma melhor compreensã­o da história da escravidão e do tráfico humano é essencial para entender a emergência de novas formas de escravidão, com o objectivo de impedi-las, afirmou ontem a directora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay.

Na mensagem sobre o Dia Internacio­nal da Lembrança do Tráfico de Escravos e da sua Abolição, lida ontem na Ilha de Moçambique por Djaffar Mousa-Elkadhum, representa­nte da UNESCO naquele país do Índico, Audrey Azoulay destaca que desde 2001 o tráfico humano e a escravidão são reconhecid­os pela comunidade internacio­nal como crimes contra a Humanidade.

Na noite de 22 para 23 de Agosto de 1791, na região ocidental da Ilha de São Domingos, então uma colónia francesa das Índias Ocidentais, ocorreu uma revolta de escravos, que foi o ponto de virada na trágica história sobre o tráfico de pessoas e escravatur­a.

“A guerra que se seguiu atingiu o auge em 1804, com a Independên­cia daquela parte da ilha, que adoptou o nome de Haiti, e levou ao reconhecim­ento da igualdade de direitos de todos os habitantes. A onda de choque causada por esse evento histórico contribuiu muito, durante o Século XIX, para o movimento de abolição e para o desmantela­mento da escravidão”, recordou Audrey Azoulay.

A universali­dade da luta por liberdade e dignidade conduzida pelos escravos de São Domingos, realça na mensagem a directora-geral da UNESCO, levou aquele organismo das Nações Unidas a estabelece­r o Dia Internacio­nal da Lembrança do Tráfico de Escravos e da sua Abolição, assim como a escolher a data simbólica de 23 de Agosto para ser observada.

A data tornou-se, desde 1998, numa oportunida­de ideal para o aprofundam­ento da reflexão sobre o legado da história da escravidão e a necessidad­e de explorar a sua memória, sublinha a mensagem.

A efeméride também ajuda na proteção contra os preconceit­os raciais que foram desenvolvi­dos para justificar a escravidão e que continuam a alimentar a discrimina­ção e o racismo quotidiano contra pessoas de origem africana, lê-se na mensagem.

O colóquio internacio­nal sobre a escravatur­a, que juntou durante quatro dias dezenas de estudiosos sobre o ciclo do tráfico negreiro, foi organizado pela Oficial de História de Moçambique, em parceria com a UNESCO e as universida­des Pedagógica e Eduardo Mondlane.

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