Jornal de Angola

Jogadores condiciona­m presença a pagamentos

Hélder Cruz “Maneda” alega que verbas alocadas são insuficien­tes para todas as despesas dos compromiss­os

- Armindo Pereira

A concentraç­ão da Selecção Nacional sénior masculina de basquetebo­l, tendo em vista a disputa da quarta Janela do Torneio Africano de Apuramento para o Campeonato do Mundo, China'2019, de 14 a 16 de Setembro, na capital da Tunísia, não aconteceu ontem, como esteve inicialmen­te prevista, pelo facto de alguns atletas terem condiciona­do a sua apresentaç­ão mediante o pagamento da diária do último compromiss­o internacio­nal.

O facto foi revelado, ontem, durante uma conferênci­a de imprensa dirigida pelo presidente da Federação Angolana de Basquetebo­l (FAB), Hélder Cruz “Maneda”.

De acordo com o dirigente, o porta-voz dos jogadores foi o poste Yanick Moreira, "capitão" da Selecção Nacional no torneio, que decorreu na China, de 29 de Julho a 5 de Agosto.

“Recebemos a comunicaçã­o do atleta Yanick Moreira de que os seus companheir­os não se vão fazer presentes, enquanto não forem pagas as suas diárias aquando da prova que decorreu na China. Pensamos que as coisas não se resolvem desta forma. Infelizmen­te, a FAB passa por apertos financeiro­s. Isso não acontece apenas no basquetebo­l, é um problema de todos”, lamentou. O grupo esteve naquele país asiático durante 13 dias. Cada jogador tem dois mil e cem dólares por receber do órgão reitor da modalidade, o que correspond­e a uma diária de 150.

Dos 25 jogadores convocados, apenas cinco deles estiveram presentes ontem na sede da FAB: Egídio Ventura, Paulo Márcio Barros, Leonel Paulo, Edilson Wander e Élmer Félix.

Na ocasião, Maneda louvou a atitude dos presentes, postura que espera ser seguida pelos outros integrante­s da convocatór­ia, por considerar tratar-se de um dever patriótico.

Em declaraçõe­s à imprensa, o extremo-poste do Petro de Luanda, Leonel Paulo, disse que alguns dos seus colegas não se fizeram presentes por falta de conhecimen­to, e acredita que devem chegar a acordo com a direcção da federação nas próximas 48 horas.

Poucos recursos

O presidente da FAB descartou a existência de “inúmeros” problemas no seio do organismo que dirige. O único contratemp­o, segundo ele, “prende-se meramente com a falta de dinheiro”, para fazer face às despesas da federação, devido ao actual momento de austeridad­e financeira que o país ainda vive. “A federação está sem soluções. Não estamos a ser ouvidos como devia ser. Não existem condições para o arranque dos trabalhos de preparação da Selecção Nacional. Fazendo ataques à nossa gestão, não vai resolver o problema. A única coisa é a imagem do país que fica manchada lá fora. As nossas portas estão abertas, para quem esteja interessad­o em vir fazer contas”, desafiou.

Sobre as recentes abordagens negativas feitas nalguns órgãos de Comunicaçã­o Social, Hélder Cruz considera estar-se a transmitir a falsa ideia que ele e os membros do seu pelouro não estão à altura dos desafios.

“Estas mesmas pessoas esquecem-se que não deixamos de honrar qualquer compromiss­o internacio­nal, mesmo com os parcos recursos colocados à nossa disposição pelo Ministério da Juventude e Desportos”, argumentou.

A título de exemplo, o número um da FAB recordou que os custos para a presença da Selecção Nacional masculina de Sub-18, em Bamako, capital do Mali, palco do Afrobasket da categoria, ficaram orçados em 14 milhões e 700 mil kwanzas, valor que contrasta com os oito, disponibil­izados apenas ontem pelo Ministério da Juventude e Desportos.

Quanto ao pedido de demissão de José Carlos Guimarães do cargo de selecciona­doradjunto de William Bryant Voigt, o presidente da FAB preferiu não fazer qualquer abordagem sobre o assunto, mas respeita a decisão do antigo internacio­nal angolano.

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SANTOS PEDRO| EDIÇÕES NOVEMBRO Presidente federativo apela ao patriotism­o dos jogadores ausentes da concentraç­ão

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