Há garantias de eleições este ano na RDC
Nós esperamos. Vamos ser optimistas, temos de ser optimistas. Em princípio, há garantia de que a 23 de Dezembro do corrente ano vai haver as tão esperadas eleições que deviam ter sido realizadas já há algum tempo. Costuma-se dizer “antes tarde do que nunca”. Vão acontecer com novos actores políticos. O Presidente Kabila cumpriu com a Constituição, com os acordos de S. Silvestre assinados com a oposição e com a mediação da Igreja Católica. Agora, só temos que desejar que o processo corra dentro da maior tranquilidade. Um dos factores que podia concorrer para a falta de tranquilidade já foi removido. Seria o caso de o Presidente Kabila candidatar-se. Ele foi suficientemente inteligente para não afrontar a Constituição, a lei e o povo congolês. Nós só temos que aplaudir. Mas falando da RDC, a sua situação não se resume à realização das eleições. A RDC vive uma situação de instabilidade séria, sobretudo nas províncias do leste do país, nos Kivu Norte e Sul, no Ituri e que ameaça não só o próprio povo congolês, como cria uma situação de instabilidade nas fronteiras, porque gera um número elevado de refugiados que acabam por encontrar apoio, guarita nos países vizinhos nomeadamente no Ruanda, Ugan-da e, de alguma forma, em Angola. E isso ao longo dos anos tem vindo a preocupar os países vizinhos e com razão. É uma situação que não se vai resolver de um dia para o outro, se tivermos em conta que temos uma missão das Nações Unidas no Congo Democrático que é das mais antigas do planeta, que já lá está umas quantas décadas. Há uma brigada internacional de forças de três países da SADC, nomeadamente da África do Sul, Tanzânia e Malawi que ajudam esta missão das Nações Unidas e o exército congolês a combater os rebeldes. Até aqui, não temos tido sinais. Embora haja alguma melhoria, a situação de instabilidade continua.
Neste aspecto, o que falou com a chanceler alemã Angela Merkel?
O que falámos é precisamente desta preocupação que persiste da parte dos países vizinhos e da comunidade internacional. O mais grave é que, no meio destes movimentos rebeldes que operam no leste da RDC, surgiu um novo, com características mais preocupantes. Pelos nossos dados, é um movimento que está ligado ao fundamentalismo islâmico. Por outras palavras, está ligado ao terrorismo e isso com certeza é um factor de preocupação.
Uma última pergunta, faz um ano esta quinta-feira que o MPLA venceu as eleições e que foi eleito como Presidente. Conseguiu fazer tudo o que queria fazer até aqui?
Em 11 meses - tomei posse em Setembro, um mês depois das eleições -, não é possível fazer o que deve ser feito num mandato de cinco anos. Considero, modéstia à parte, que em 11 meses muito foi feito. Pode mesmo dizer-se, mais do que era esperado. Há um conjunto de medidas corajosas que uma boa parte das pessoas pensava não ser possível fazer neste período inicial de arranque do meu mandato. Talvez esperasse que acontecesse no terceiro ano de mandato. Felizmente, consegui fazer com sucesso nestes 11 meses.