Família e igualdade de género incentivam o resgate de valores
O ciclo de palestras visa explicar os fenómenos atípicos que nos últimos tempos têm estado a acontecer, com destaque para a gravidez e casamento precoces, fuga à paternidade, bem como aumento de casos de incesto, de pais que se envolvem com filhas
O projecto vai decorrer até ao mês de Maio do próximo ano e no final faz-se uma avaliação de todos os temas abordados e principais problemas apresentados
A província do Cuando Cubango acolhe desde quartafeira um ciclo de palestras sobre o direito da criança, gravidez e casamento precoces, fuga à paternidade, consumo de drogas, mutilação genital feminina, discriminação e resgate de valores na família, promovido pelo Ministério da Acção Social, Família e Igualdade de Género.
O projecto, enquadrado na campanha nacional que visa a promoção de valores na família e na sociedade, tem como objectivo fundamental o resgate dos valores morais, culturais e cívicos.
Falando na abertura oficial do projecto na província do Cuando Cubango, a directora nacional para a política familiar, Santa Ernesto, disse que a realização deste ciclo de palestras visa dar resposta aos fenómenos atípicos que nos últimos tempos têm estado a acontecer em Angola, com destaque para a gravidez e casamento precoces, fuga à paternidade, consumo excessivo de drogas, aumento de casos de incesto, de pais que se envolvem com filhas e idosos acusados de feiticeiros.
Explicou que o Ministério da Acção Social, Família e Igualdade de Género teve a ideia de elaborar este projecto, que visa a criação de espaços (jangos) para se debaterem assuntos relacionados com o resgate dos valores culturais, morais e cívicos na família e na sociedade, tendo em vista que nos últimos tempos se regista uma grande crise de valores no seio familiar.
Sublinhou que a criação de “jangos” sobre a questão de valores tem como objectivo fundamental recordar às famílias que é preciso dialogar e educar as crianças e os jovens, porque são eles os continuadores e/ou responsáveis do país.
“Se as famílias não desempenharem o seu verdadeiro papel, de educar as crianças e os jovens, no futuro, teremos uma sociedade doente, com muitos problemas”, disse, acrescentando que, para preservar e promover o resgate dos valores culturais, morais e cívicos, foi lançada a campanha de jangos de valores no dia 10 de Julho do corrente ano, para que a nível do país possa existir bom diálogo no seio familiar.
Santa Ernesto fez saber que o projecto vai decorrer até ao mês de Maio do próximo ano e que no final se vai fazer uma avaliação de todos os temas abordados e principais problemas apresentados, para que posteriormente o Executivo possa fazer um realinhamento no quadro das suas políticas para encontrar soluções para o resgate de valores na família e na sociedade.
“O Executivo precisa do apoio de todos os cidadãos angolanos, porque sozinho não vai conseguir fazer tudo. É necessário unirmos forças e sinergias para conversarmos com os nossos irmãos, filhos, primos, sobrinhos, netos e vizinhos, sobre a essência dos nossos hábitos e costumes, que contribuem para uma sociedade sã e salutar”, frisou.
Disse que antigamente uma mulher ou um homem antes de casar era bem preparado, mas hoje esta responsabilidade está a sair do controlo dos pais e encarregados de educação, acrescentando ainda que muitos pais fazem filhos e não que- rem assumi-los.
Segundo a directora nacional para a política familiar estes e outros problemas que afligem a sociedade vão ser debatidos nos jangos, para a promoção de valores na família.
A vice-governadora para o sector Político, Social e Económico, Sara Mateus, disse que a família é o núcleo ou base da sociedade e nela originam as primeiras relações de parentesco, bem como a transmissão de valores aos filhos, que vão contribuir para a saúde moral e psíquica da sociedade.
“Não se pode permitir que a influência da família na sociedade seja desvalorizada, porque é ela que define os princípios basilares”, sublinhou a vice-governadora, acrescentando que “a sociedade hoje está em crise de valores éticos e morais, por isso é que temos estado a assistir, com muita frequência, o desrespeito de pessoas por seus familiares e notícias de filhos que matam os pais, mulheres que assassinam os maridos e vice-versa.”
Segundo Sara Mateus é chegada a hora de parar, reflectir e as pessoas terem a consciência de que a educação recebida no seio familiar é de suma importância para a vida de cada cidadão.
Acrescentou que a saúde no seio da família exige a cultura de valores fundamentais para a vida e criação de um ambiente harmonioso, sem espaço para desrespeito e violência.
“Todos os valores absorvidos no seio familiar são salutares nas relações sociais e transmitidos de geração em geração como herança. Por isso é que o Executivo tem gizado políticas de protecção, para que haja famílias unidas, fortes e moralizadas para uma Angola saudável”, disse.