País necessita de aterro para resíduos radioactivos
O país necessita de constituir, a curto prazo, um aterro para acomodar e tratar resíduos radioactivos de ocorrência natural, resultantes da produção e extracção de petróleo, gás e outros minerais, disse ontem, em Luanda, ao Jornal de Angola, o director adjunto da Autoridade Reguladora de Energia Atómica (AREA), Luís Filipe Cardoso.
O responsável, que falava à margem do mega workshop sobre “Programa Quadro Nacional CPF2019-2023”, realizado pelo Ministério da Energia e Águas, aclarou que a produção e extracção desses minerais contém elevados níveis de radioactividade e podem ter um impacto negativo no ambiente e na saúde humana dos angolanos.
Apontou as províncias de Cabinda, Lunda-Norte e Lunda-Sul e ainda a cidade do Soyo como sendo as que mais apresentam fluxo de produção de resíduos radioactivos, afirmando que actualmente as empresas que extraem e produzem esses minérios (petróleo, gás e diamantes) fazem também a acomodação dos mesmos em pequenos centros construídos por elas.
Apesar da construção dos centros, ainda assim, Luís Filipe acredita que a área, a longo prazo, não terá capacidade para absorver milhões de toneladas de resíduos por falta de espaço. “Nós não temos ideia de quantas toneladas de resíduos radioactivos são produzidos e acomodados diariamente no país. Se não houver uma intervenção do Estado, corre-se o risco de se criar muitos problemas para as gerações vindouras.”
O director AREA disse que, para construção de um aterro de grande dimensão, o Executivo teria de investir cerca de 40 milhões de dólares, usando tecnologia e equipamentos modernos para atender, diariamente, milhares de toneladas de resíduos radioactivos de ocorrência natural.
O secretário de Estado da Energia, Fernandes Belsa da Costa, disse que o Executivo poderá continuar a apoiar na transferência de tecnologia com a utilização de técnicas de rádios traçadores, a fim de melhorar a estratégias de produção e extracção global do petróleo bruto, assim como de outros minerais no país.
O governante recordou que o Programa Quadro Nacional CPF2019-2023 está em linha com o Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN-2018-2022) e a Estratégia de Desenvolvimento de Angola 2025.