O apressado come cru
Há um ditado que diz: - “O apressado come cru”. A sabedoria popular, de facto, é bué.
Vem isto a propósito das reacções de algumas figuras da oposição à entrevista do presidente da República, João Lourenço, à DW, a rádio e televisão pública alemã. Nessa entrevista, o presidente afirmou que, nos seus primeiros 11 meses da sua governação, fez mais do que a maioria dos observadores esperava. Para alguns líderes oposicionistas, João Lourenço não tem razão, pois os grandes problemas da sociedade, com destaque para a saúde e a edução, sem esquecer a corrupção, ainda não estão resolvidos.
A resposta a essa campanha da oposição e dos seus activistas só pode ser uma: a dor de cotovelo e o populismo têm hora.
Em primeiro lugar, todo o mundo já percebeu que as medidas corajosas tomadas pelo presidente João Lourenço desde que tomou posse, há 11 meses, silenciaram praticamente a oposição e todos os críticos. Com efeito, os mesmos ficaram praticamente sem discurso, diante das mesmas. Decididamente, não sabem o que dizer.
Em segundo lugar, ninguém sério e honesto poderia exigir que os principais problemas que afligem a população fossem integralmente resolvidos em 11 meses de governação. Isso seria populismo e demagogia. Quem almeja ao poder e se limita a recorrer ao populismo e à demagogia para alcança-lo não merece consideração. Mas tem de ser desmontado, sob pena de escolhermos pequenos trumps para, eventualmente, nos governar no futuro.
Um deles é o vice-presidente da UNITA, Raul Danda. Em entrevistas a órgãos de comunicação estrangeiros e artigos distribuídos nas ditas redes sociais, o ex-actor de telenovelas da TPA alcandorado a segunda figura do maior partido da oposição – o que levou à saída dessa organização de vários dos seus militantes históricos e orgânicos – criticou a entrevista do presidente João Lourenço no fim da sua recente visita à Alemanha, com o claro propósito de atenuar o inegável sucesso da mesma. As suas críticas, no entanto, apenas servem para atestar o estado de desnorte em que a oposição se encontra.
A fúria de Danda e dos seus acólitos – como alguns correspondentes Angolanos de imprensa estrangeira – contra a diplomacia económica levada a cabo com evidente sucesso pelo presidente João Lourenço só tem uma explicação: a ala radical da UNITA apenas está interessada no poder, não na resolução dos problemas do país e da população. “Agora chegou a nossa vez” – é isso, com certeza, o que pensam implementar, se alguma vez conquistarem o poder.
Todos nós temos, pelo menos, a intuição da crítica situação em que o país estava há um ano atrás, aquando das eleições de 23 de Agosto de 2017. O presidente João Lourenço, na sua entrevista à DW, deu a entender que a situação era pior do que todos imaginávamos, quando disse (cito de cor) que “todos os dias, descobrimos a necessidade de fazer uma reforma em alguma área”. Isso significa, portanto, que 11 meses não são suficientes para resolver todas as makas encontradas pelo novo executivo.
Por conseguinte, é preciso tempo, a fim de prosseguir as reformas que se impõem. O presidente João Lourenço, na declarações prestadas à DW, não titubeou, dizendo que as reformas em curso serão prosseguidas. A atitude politicamente correcta, portanto, será apoiar essas reformas e não tentar, seja qual for a motivação, minimiza-las ou torpedeá-las.
A política de diplomacia económica dirigida pelo presidente João Lourenço é uma das estratégias imprescindíveis para levar a cabo essas reformas. Com efeito, a escassez de recursos financeiros do país, neste momento, não é novidade para ninguém. Para obter tais recursos no mercado externo, a reputação é fundamental. Ora, como é sabido, a reputação do governo angolano, sobretudo externa, estava, há um ano atrás, amplamente em baixo, pelo que o envolvimento pessoal do presidente João Lourenço é fundamental para reverter a situação. As críticas da oposição ao referido envolvimento comprovam o sucesso desse envolvimento.
Quanto à corrupção, a oposição alegaqueopresidenteJoãoLourenço não tem feito nada. Só pode ser brincadeira. Aqueles que, hoje, querem “ver o caos generalizado ” são os mesmos que sempre alegaram defender o estado de direito e democrático, pelo que, como podem agora exigir que o próprio presidente da República aplique as penas que cabe à justiça decidir? Como disse o presidente, o poder político está a fazer a sua parte. Aguardemos agora pelas decisões da justiça.
Não deixa de ser curiosa, por fim, a coincidência entre a atitude das figuras mais radicais da oposição e as desesperadas tentativas dos “empresários de ordens de saque” (para não dizer “empresários de saco azul”) de desacreditarem e minimizarem as medidas do presidente João Lourenço para moralizar a sociedade de um modo geral, combater os monopólios, melhorar o ambiente de negócios e facilitar a concorrência.
As medidas do presidente para renovar o Estado e dinamizar a economia vão levar, necessariamente, algum tempo a produzir efeitos concretos no bolso dos cidadãos. Mas são correctas e, por isso, precisam de ser apoiadas por todos aqueles que pensam, em primeiro lugar, no país e na nação e não nos seus interesses pessoais, movidos pela ganância (presente ou futura), qualquer que seja a sua filiação partidária.
O presidente João Lourenço, nas declarações prestadas à DW, não titubeou, dizendo que as reformas em curso serão prosseguidas. A atitude politicamente correcta, portanto, será apoiar essas reformas e não tentar, seja qual for a motivação, minimiza-las ou torpedeá-las