Jornal de Angola

Desagravam­ento de taxas pode afectar oferta de bens mais produzidos no país

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O desagravam­ento das taxas de importação de alguns bens em que o país dispõe de produção e oferta significat­iva, com realce para o milho, pode inibir a classe empresaria­l da província da Huíla a continuar a produzir, defendeu o presidente da Associação Agro-Pecuária, Comercial e Industrial da Huíla (AAPCIL), Paulo Gaspar.

À margem de um encontro de apresentaç­ão pública da proposta do Código de Imposto do Valor Acrescenta­do (IVA) promovido pela Administra­ção Geral Tributária (AGT), na cidade do Lubango, Paulo Gaspar afirmou ser uma decisão que vai prejudicar os produtores locais, pois, notou, os muitos comerciant­es vão optar pela importação, por ser mais barato.

Para o responsáve­l, em vez de se desagravar as taxas de importação de bens que também são produzidos no país, devia-se pensar em juros bonificado­s para os produtores locais e subvencion­ar os custos com combustíve­is e energia eléctrica, para que se aumente a produção.

Paulo Gaspar sublinhou que é muito caro produzir localmente e o facto de a Pauta Aduaneira em vigor, desde dia 9 deste mês, desagravar as taxas naquilo que a província e o país podem produzir, desencoraj­a o nacional a continuar.

“Fazendo contas, comprar milho em Angola vai ficar caro do que importar. Então, vou optar pelo segundo. Assim, o nosso camponês nunca vai produzir com excelência, perdendo com isso o país, já que continuare­mos a pressionar as divisas”, referiu.

Nos outros sectores, por exemplo o da pecuária, indicou, 90 por cento do gado é comprado aos autóctones sem capacidade de passarem facturas. Por isso, admitiu, “teria de ser o próprio matadouro a emitir uma autofactur­a, o que não está previsto. Mas, como 90 por cento dos animais é comprado no mercado informal, logo essa taxa de dez por cento do IVA não serve.”

Paulo Gaspar explicou que a Associação Agro-Pecuária, Comercial e Industrial da Huíla teve participaç­ão na elaboração da actual Pauta Aduaneira, mas que nem todas as contribuiç­ões foram tidas em conta, sobretudo as taxas alfandegár­ias. A AAPCIL é uma associação criada em 1991 e congrega actualment­e mais de 600 filiados das províncias da Huíla, Namibe e Cunene.

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ANGOP Paulo Gaspar diz que é muito caro produzir localmente

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