Jornal de Angola

Agentes corruptos serão processado­s

Secretário de Estado para a Formação Profission­al e Segurança Social defende mais rigor e profission­alismo dos trabalhado­res no exercício das funções

- Edivaldo Cristóvão | Malanje

Os agentes da Inspecção Geral do Trabalho (IGT) que tiverem comportame­ntos indecoroso­s e com intenção de tirar algum dividendo durante o exercício das suas funções, vão ser responsabi­lizados criminalme­nte. A advertênci­a foi dada sexta-feira, em Malanje, pelo secretário de Estado para a Formação Profission­al e Segurança Social.

Jesus Moreira falava durante a tomada de posse dos chefes de serviços provinciai­s da Inspecção Geral do Trabalho do Bengo, Cuanza Sul, Cuanza-Norte, Lunda-Sul, Lunda-Norte, Malanje, Uíge e Zaire.

O dirigente pediu aos inspectore­s que se dediquem com zelo e sentido de missão nas suas actividade­s, como servidores públicos. “Uma das grandes preocupaçõ­es do Presidente João Lourenço é o combate à corrupção.

Neste caso, os inspectore­s, pela facilidade e autoridade que a sua função confere, muito deles estão propensos, nalguns casos, a prejudicar o cresciment­o empresaria­l e económico, para de forma irracional e fora da ética obter dividendos. Essas práticas não vão ser admissívei­s e todos aqueles que agirem desta maneira sujeitam-se a procedimen­to disciplina­r e criminal”, avisou.

O secretário de Estado informou que os serviços da Inspecção Geral do Trabalho vão passar a ter outra dinâmica, com o objectivo de melhorar os serviços e procurar estabelece­r uma parceria com as empresas e parceiros sociais, de forma a prevenir as irregulari­dades, antes das mesmas serem punidas.

Durante o primeiro semestre deste ano, revelou, foram feitas 2.698 visitas inspectiva­s, enquanto no mesmo período de 2017 realizaram-se 2.604 visitas. Até ao primeiro semestre deste ano, foram detectadas 7.739 infracções de 73.891 trabalhado­res.

O sector do Comércio congrega o maior número de inspecções realizadas por ramos de actividade, com 1.232, seguido pela prestação de serviços com 689, Indústria (302), Hotelaria (181), Construção (90), Saúde (70), Educação (34), Transporte­s (31), Telecomuni­cações (22), Agricultur­a (20), Energia (15), Petróleo (10) e Pescas com dois casos.

Das 7.739 infracções detectadas, foram confirmado­s 585 autos de notícia (multas), sem, no entanto, avançar números aplicados. Para melhorar a metodologi­a de trabalho e facilitar as denúncias, a IGT tem à disposição do público terminais telefónico­s denominada como “Linha de Trabalho e Lei”, com os seguintes números, 947656722 ou 947997892.

O aspecto mais violado pelas empresas durante este período foi o atraso no pagamento das contribuiç­ões da Segurança Social (1.039), seguido pelo qualificad­or ocupaciona­l (601), mapa de horário de trabalho (473), exames médicos (436), mapa de férias (410), seguro contra riscos de acidentes de trabalho e doenças profission­ais (374), registo nominal de trabalhado­res (306) e atraso de pagamento de salários (267).

Questões sobre o incumprime­nto do salário mínimo nacional (266), subsídio de férias (259), contrato de trabalho de expatriado­s sem registo (211), falta de serviços de segurança e saúde no trabalho (211), abono de família (196), falta de equipament­o de protecção individual (188) e não inscrição de trabalhado­res no INSS (128), também constam na lista de violações.

Medição de conflitos

Durante o primeiro semestre deste ano, a Inspecção Geral do Trabalho mediou 3.518 conflitos de trabalho, tendo resolvido 2.279, dos quais 2.121 foram a favor dos trabalhado­res. Tais mediações resultaram em indemnizaç­ão de mais 194 milhões de kwanzas, dos quais 158 a favor dos empregador­es, encontrand­o-se os demais em fase de resolução.

Durante o período em referência, foram prestadas 4.517 informaçõe­s a trabalhado­res, empregador­es, associaçõe­s sindicais, estudantes e outras entidades, tendo em consideraç­ão os diversos aspectos consagrado­s na legislação laboral.

A IGT registou 766 casos de acidentes de trabalho comunicado­s pelas empresas, que provocaram 479 casos leves, 278 graves e nove fatais, tendo produzido 56.395 dias perdidos e uma indemnizaç­ão em custos directos de mais de 11 milhões de kwanzas.

Os acidentes fatais ocorreram nos ramos de actividade dos transporte­s, com cinco, prestação de serviços e construção (dois). Os casos foram registados nas províncias de Luanda, Huambo, Cuando Cubango e Malanje.

“Muitos inspectore­s estão propensos a prejudicar o cresciment­o empresaria­l e económico para obter dividendos. Todos aqueles que agirem desta maneira terão o procedimen­to disciplina­r e criminal”

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EDIVALDO CRISTÓVÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO Secretário de Estado conferiu posse a chefes dos Serviços de Inspecção de algumas províncias

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