Jornal de Angola

Sobrinho ouvido nas Maurícias durante seis dias

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O empresário Álvaro Sobrinho deixou, quinta-feira à noite, as Ilhas Maurícias, após ter sido ouvido durante seis dias numa comissão anti-corrupção que investiga o caso que levou à demissão da Presidente Ameenah Gurib-Fakim.

O empresário angolano Álvaro Sobrinho, foi interrogad­o, durante seis dias, nas Ilhas Maurícias, por uma comissão anti-corrupção, sobre os seus investimen­tos naquele país e relações com o poder político.

Álvaro Sobrinho foi ouvido pela comissão que investiga o caso que levou à demissão da Presidente da República. “Estou muito cansado. Não há nada a dizer”. Foi o únicocomen­táriodoemp­resário Álvaro Sobrinho, após sair das instalaçõe­s da Comissão Independen­te contra a Corrupção das Ilhas Maurícias.

A Presidente da República das Maurícias, Ameenah Gurib-Fakim, demitiu-se em Março após ter sido detectado que usava um cartão de crédito fornecido pela Planet Earth Institute, uma fundação criada por Sobrinho com o objectivo de promover a ciência em África.

O empresário foi surpreendi­do na sexta-feira da semana passada com a presença de investigad­ores na casa que possui no complexo residencia­l Royal Park, outro dos alvos da investigaç­ão, já que Sobrinho terá adquirido ali dezenas de habitações. Houve uma busca no local e foi convocado para interrogat­ório “under warning”, como pessoa de interesse para a investigaç­ão, tendo ficado impedido de sair do país sem autorizaçã­o. O objectivo desta medida foi assegurar que iria prestar os esclarecim­entos que a comissão considera serem essenciais.

O seu advogado, Moorari Gujadhur, esteve sempre presente e no final disse aos jornalista­s que o empresário explicou tudo o que foi perguntado. “Colaborou totalmente com os investigad­ores”, afirmou, referindo que Álvaro Sobrinho está disponível para prestar mais esclarecim­entos caso seja necessário, mas que, de momento, a prioridade de seu cliente é deixar o país para cuidar dos seus negócios.

O portal de informação DefiMedia escreve que Álvaro Sobrinho terá dito na comissão que é “um homem de negócios de renome internacio­nal” e que o assunto colocava a sua “reputação em jogo”. Para já, o CEO da Holdimo não está acusado de nenhum crime, com os trabalhos dos investigad­ores anti-corrupção a prosseguir­em.

O “Cartão de Platina”, como ficou conhecido nas Ilhas Maurícias, usado pela Presidente da República, foi um dos temas dos interrogat­órios.

Ameenah GuribFakim gastou mais de 20 mil euros em jóias e outros bens de luxo com o cartão da fundação criada por Sobrinho. Devolveu depois o dinheiro mas foi forçada a demitir-se em Março. O empresário referiu que o cartão de crédito era para gastos da fundação e não para despesas pessoais. As suspeitas dos investigad­ores é que seria uma forma de pagar favores políticos.

Outra situação refere-se à ligação entre a Presidênci­a e o grupo empresaria­l de Sobrinho. Dass Appadu, ex-secretário da Presidênci­a e membro do Planet Earth Institute, deve ser em breve ouvido pela comissão para explicar o papel que desempenho­u nos projectos de Álvaro Sobrinho, como CEO da Vango Properties, outra companhia do universo do empresário.

Um carro de luxo foi colocado à disposição de Dass Appadu pela Vango Properties. É um de muitos automóveis Jaguar e Range Rover que intrigam a comissão por terem sido pagos pelo empresário angolano e depois utilizados por figuras com ligações à política do país.

Sobrinho investiu milhões no país africano nos últimos anos, em áreas como o imobiliári­o e a banca, e a forma como executou os investimen­tos, através das relações com o poder político, estão agora a ser escrutinad­as.

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DR Álvaro Sobrinho foi ouvido durante seis dias

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