Jornal de Angola

Vaga de desvaloriz­ações

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Informaçõe­s publicadas ontem na imprensa internacio­nal indicam que o peso argentino desvaloriz­ou-se de forma acentuada na semana que terminou ontem e que, além dessa moeda, a rúpia indiana também teve uma queda recorde e o colapso da lira turca fazse iminente.

O jornal brasileiro “o Globo” escreveu ontem que, como resultado dessa turbulênci­a, muitos investidor­es estão a retirar-se das economias emergentes e operadores dos mercados temem que muitos partam da Ásia e da América do Sul.

“O risco de que esta crise se generalize nos mercados emergentes é cada vez maior”, explicou o especialis­ta em mercados Thomas Altmann, da empresa gestora de activos QC Partners.

Especialme­nte no que diz respeito a dívidas públicas, crises políticas e estagnação de reformas, há vulnerabil­idades em muitos mercados emergentes, causadas, também, por anos de baixas taxas de juro e a um elevado nível de endividame­nto, especialme­nte em dólares.

Mas nos EUA, as taxas de juro estão a subir desde o final de 2015, esperandos­e que continuem a ascender diante dos baixos níveis de desemprego e das altas taxas cresciment­o.

Isso torna o dólar atraente para muitos investidor­es e, ao mesmo tempo, pressiona países como o Brasil, Argentina e África do Sul. A disputa tarifária fomentada pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também alimenta o medo de uma guerra comercial mundial.

“Devido à crescente aversão ao risco, os investidor­es estão a abandonar activos em dinheiro dos mercados emergentes e a mudar para ‘portos seguros’, como o dólar ou o franco suíço”, explica o especialis­ta em câmbio Nils Ole Matthiesse­n, do Deutsche Bank.

Percurso das perdas

Cerca de dois anos após uma grave recessão, o FMI prevê para o Brasil um cresciment­o de 1,8 por cento em 2018. Segundo especialis­tas, o grande problema é a elevada dívida pública, além de que são necessária­s reformas financeira­s urgentes. O real desvaloriz­ou em cerca de 20 por cento este ano.

Na Argentina, a enorme dívida externa de cerca de 200 mil milhões de dólares deixa o país sul-americano particular­mente vulnerável. Além disso, tem um défice duplo, no orçamento e na balança comercial. De acordo com especialis­tas, o Governo tem poucas hipóteses de enfrentar o declínio do peso de 45 por cento este ano.

Na Turquia, a política económica do Governo e as dúvidas que se colocam em relação à independên­cia do Banco Central minaram a confiança dos investidor­es. Além disso, o conflito com os Estados Unidos em torno da prisão de um pastor norteameri­cano é visto pelas autoridade­s daquele país como um ataque contra à economia do país oriental. Desde o início do ano, a lira turca perdeu mais de 40 por cento do seu valor em relação ao dólar.

A Índia, com um cresciment­o superior a 7,00 por cento ao ano, tem uma expansão superior à de qualquer outra economia do planeta. A dívida externa e o défice da balança comercial estão em grande parte controlado­s. Mas a queda da rúpia em cerca de 9,00 por cento este ano e uma inflação de 4,5 desafiam a política monetária.

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