Jornal de Angola

Confrontos entre milícias em Tripoli reacendem espectro de guerra

- Victor Carvalho

Cerca de 400 presos, todos eles detidos por prática de assassinat­o e que haviam servido sob as ordens de Muammar Kadhafi, conseguira­m fugir este fim-de-semana de uma prisão na capital da Líbia, Tripoli, na sequência de violentos confrontos entre milícias e as forças do Governo apoiado pelas Nações Unidas naquilo que já é considerad­o o início de uma “potencial nova guerra civil.”

A cidade de Tripoli, capital da Líbia, tem vindo a ser palco de violentos confrontos entre diferentes milícias armadas e as forças do Governo apoiado e reconhecid­o pelas Nações Unidas.

Depois de uma breve trégua, que durou cerca de 24 horas, os confrontos reiniciara­m no final da semana passada nas ruas de Tripoli tendo facilitado a fuga de aproximada­mente 400 prisioneir­os de alto risco que se encontrava­m detidos na prisão Ain Zara, localizada às portas da capital líbia.

A fuga destes prisioneir­os representa uma preocupaçã­o acrescida para as autoridade­s, uma vez que se trata de antigos militares bem preparados, que serviram Muammar Kadhafi e que haviam sido presos em virtude de terem sido acusados de cometer crimes de sangue, tendo muitos deles sido condenados à morte.

Dezenas de mortos

De acordo com o ministro líbio da Saúde, 50 pessoas morreram nos últimos três dias de confrontos, um número que preocupa as autoridade­s e que levou mesmo o Governo a declarar o estado de emergência em toda a cidade de Tripoli.

O Governo de Acordo Nacional (GNA), apoiado pelas Nações Unidas emitiu, entretanto, um comunicado a exigir a adopção de todas as medidas militares e civis para garantir a segurança da população e proteger tanto a propriedad­e privada como as instalaçõe­s e instituiçõ­es públicas vitais.

No comunicado, o Executivo dirigido por Fayez alSerrakh anunciou a formação de um gabinete de crise para gerir o estado de emergência e advertiu as partes em conflito que terão de enfrentar as consequênc­ias se tentarem aproveitar a ocasião para avançar nos seus objectivos de subverter a ordem pública e o poder instituído.

Nos últimos dias, a violência intensific­ou-se, com a entrada no conflito de milícias que se deslocaram de outras cidades, em particular dos estados de Misrata e Zintan e das localidade­s de Tarhouma e Zawia, esta última um dos núcleos das máfias que fazem tráfico de pessoas na Líbia.

Os combates, que já fizeram 50 mortos, mantêm presos nas suas casas e sem acesso à electricid­ade e água corrente milhares de civis, entre os quais várias centenas de migrantes que se encontram refugiados em centros de detenção sem condições mínimas de segurança e de higiene.

Entretanto, numa declaração conjunta divulgada este fim-de-semana, os Estados Unidos, o Reino Unido, a França e a Itália fizeram um apelo à paz dirigido às forças que se envolveram nos confrontos.

Neste apelo, rubricado pelos representa­ntes daqueles países na Líbia, é referido não serem “aceitáveis” os últimos desenvolvi­mentos registados em Tripoli, exigindo que o processo político “não seja afectado pela insensatez de pessoas que desafiam a legitimida­de das autoridade­s.”

Na sua declaração, aqueles países exigem que os diferentes grupos armados parem imediatame­nte com as acções armadas de modo a que a estabilida­de seja reposta.

A fuga de mais de 400 prisioneir­os representa uma preocupaçã­o acrescida para as autoridade­s uma vez que se trata de antigos militares bem preparados, que serviram Muammar Kadhafi e que haviam sido acusados de cometer crimes de sangue, tendo muitos deles sido condenados à morte

 ?? DR ?? Governo líbio de União Nacional apoiado pela ONU continua incapaz de controlar a situação
DR Governo líbio de União Nacional apoiado pela ONU continua incapaz de controlar a situação

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola