Confrontos entre milícias em Tripoli reacendem espectro de guerra
Cerca de 400 presos, todos eles detidos por prática de assassinato e que haviam servido sob as ordens de Muammar Kadhafi, conseguiram fugir este fim-de-semana de uma prisão na capital da Líbia, Tripoli, na sequência de violentos confrontos entre milícias e as forças do Governo apoiado pelas Nações Unidas naquilo que já é considerado o início de uma “potencial nova guerra civil.”
A cidade de Tripoli, capital da Líbia, tem vindo a ser palco de violentos confrontos entre diferentes milícias armadas e as forças do Governo apoiado e reconhecido pelas Nações Unidas.
Depois de uma breve trégua, que durou cerca de 24 horas, os confrontos reiniciaram no final da semana passada nas ruas de Tripoli tendo facilitado a fuga de aproximadamente 400 prisioneiros de alto risco que se encontravam detidos na prisão Ain Zara, localizada às portas da capital líbia.
A fuga destes prisioneiros representa uma preocupação acrescida para as autoridades, uma vez que se trata de antigos militares bem preparados, que serviram Muammar Kadhafi e que haviam sido presos em virtude de terem sido acusados de cometer crimes de sangue, tendo muitos deles sido condenados à morte.
Dezenas de mortos
De acordo com o ministro líbio da Saúde, 50 pessoas morreram nos últimos três dias de confrontos, um número que preocupa as autoridades e que levou mesmo o Governo a declarar o estado de emergência em toda a cidade de Tripoli.
O Governo de Acordo Nacional (GNA), apoiado pelas Nações Unidas emitiu, entretanto, um comunicado a exigir a adopção de todas as medidas militares e civis para garantir a segurança da população e proteger tanto a propriedade privada como as instalações e instituições públicas vitais.
No comunicado, o Executivo dirigido por Fayez alSerrakh anunciou a formação de um gabinete de crise para gerir o estado de emergência e advertiu as partes em conflito que terão de enfrentar as consequências se tentarem aproveitar a ocasião para avançar nos seus objectivos de subverter a ordem pública e o poder instituído.
Nos últimos dias, a violência intensificou-se, com a entrada no conflito de milícias que se deslocaram de outras cidades, em particular dos estados de Misrata e Zintan e das localidades de Tarhouma e Zawia, esta última um dos núcleos das máfias que fazem tráfico de pessoas na Líbia.
Os combates, que já fizeram 50 mortos, mantêm presos nas suas casas e sem acesso à electricidade e água corrente milhares de civis, entre os quais várias centenas de migrantes que se encontram refugiados em centros de detenção sem condições mínimas de segurança e de higiene.
Entretanto, numa declaração conjunta divulgada este fim-de-semana, os Estados Unidos, o Reino Unido, a França e a Itália fizeram um apelo à paz dirigido às forças que se envolveram nos confrontos.
Neste apelo, rubricado pelos representantes daqueles países na Líbia, é referido não serem “aceitáveis” os últimos desenvolvimentos registados em Tripoli, exigindo que o processo político “não seja afectado pela insensatez de pessoas que desafiam a legitimidade das autoridades.”
Na sua declaração, aqueles países exigem que os diferentes grupos armados parem imediatamente com as acções armadas de modo a que a estabilidade seja reposta.
A fuga de mais de 400 prisioneiros representa uma preocupação acrescida para as autoridades uma vez que se trata de antigos militares bem preparados, que serviram Muammar Kadhafi e que haviam sido acusados de cometer crimes de sangue, tendo muitos deles sido condenados à morte