Jornal de Angola

Memória de milhões de anos virou pó

O incêndio que, no passado domingo, destruiu por completo o Museu Nacional no Rio de Janeiro, Brasil, deixou o país, a Comunidade de Língua Portuguesa e toda a humanidade despida de milhões de anos de História

- Osvaldo Gonçalves

O incêndio que, no passado domingo, destruiu por completo o Museu Nacional no Rio de Janeiro, Brasil, deixou o país, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e toda a humanidade despida de milhões de anos de História.

O Museu, o mais antigo do Brasil, primeira instituiçã­o científica da História daquele país, criado em 1808, tinha um acervo estimado em 20 milhões de itens. O incêndio de grandes proporções começou a lavrar cerca das 19h30 (23h30 em Angola) de domingo, foi controlado por volta das 3h00 da madrugada e não causou vítimas humanas. Os quatro vigilantes em serviço no local conseguira­m escapar, mas as labaredas consumiram quase tudo o que havia no edifício.

A tragédia, que aconteceu na Quinta da Boa Vista, na zona norte da cidade, chocou o Mundo. O Museu Nacional, criado por D. João VI, de nome completo João Maria José Francisco Xavier de Paula Luís António Domingos Rafael de Bragança (1767-1826), rei de Portugal de 1816 a 1826, era afecto à Universida­de Federal do Rio de Janeiro e estava encerrado ao público.

Para muitos, o incêndio era uma tragédia anunciada, devido aos constantes cortes orçamentai­s que vinha sofrendo. Desde 2014, a instituiçã­o não recebia o dinheiro na íntegra. Em editorial, o jornal “O Globo” condenava o ocorrido, que considerav­a uma “tragédia previsível”. O diário escrevia que “a degradação do museu e a sua transforma­ção em cinzas fazem soar de forma estridente o alarme para a necessidad­e de redefinir as prioridade­s orçamentai­s”.

A Comunicaçã­o Social faz um paralelo entre a dívida pública abissal e os sucessivos escândalos de corrupção em que está mergulhado o Brasil, que sai timidament­e de uma recessão histórica, que levou, nos últimos meses, a muitos cortes orçamentai­s nas áreas da investigaç­ão, da cultura e da ciência. O ministro da Cultura do Brasil, Sérgio Sá Leitão, reconheceu que “a tragédia poderia ter sido evitada” e que, no museu, “os problemas foram-se acumulando ao longo do tempo”.

Há três meses, por ocasião do bicentenár­io, o museu obteve um financiame­nto de 21,7 milhões de reais (cerca de 4,51 milhões de euros) do banco público BNDES (Banco Nacional de Desenvolvi­mento) para contribuir para o restauro do edifício.

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