Bolsonaro apresenta quadro médico estável
Suspeito de esfaquear candidato presidencial alega ter agido a mando de Deus, num interrogatório feito pela Polícia de Juiz de Fora
O candidato às eleições presidenciais brasileiras Jair Bolsonaro, que foi esfaqueado quinta-feira numa acção de campanha, apresenta um quadro médico estável após a operação realizada num hospital em Minas Gerais, confirmou ontem e um dos cirurgiões que o assistiu.
“Ele está consciente, já acordou, reconheceu os filhos”, disse o médico cirurgião Luiz Henrique Borsato, do hospital da Santa Casa de Juiz de Fora, em Minas Gerais.
Jair Bolsonaro deu entrada naquele hospital com uma lesão hepática grave após ter sido esfaqueado durante um acto de campanha para as presidenciais de 7 de Outubro.
Após o incidente, Bolsonaro foi encaminhado rapidamente para o hospital da Santa Casa de Juiz de Fora, registando perdas significativas de sangue e pressão arterial baixa, segundo dados do hospital.
“O que houve foi uma hemorragia na veia abdominal, que foi logo estancada, e lesões nos intestinos grosso e delgado. Foi retirada a parte lesada do intestino grosso”, disse o médico cirurgião Borsato, citado pelo órgão de comunicação brasileiro.
O deputado Flavio Bolsonaro (PSL), filho do candidato, divulgou na sua conta do Twitter o estado de saúde do pai, admitindo que “infelizmente foi mais grave” do que o inicialmente avançado.
“A perfuração atingiu parte do fígado, do pulmão e da alça do intestino. Perdeu muito sangue, chegou no hospital com pressão de 10/3, quase morto... O seu estado agora parece estabilizado. Orem, por favor”, escreveu.
Entretanto, apesar do quadro estável, Bolsonaro não deverá receber alta hospitalar antes de “uma semana ou 10 dias”, segundo um cirurgião.
O incidente aconteceu em Juiz de Fora, cerca de 200 quilómetros a norte do Rio de Janeiro.
O suspeito de ter esfaqueado foi detido e identificado pela Polícia Militar.
Segundo informações da Polícia, acabou por ser espancado por pessoas que estavam no local.
Citado pelo “G1”, o comandante do 2º Batalhão da Polícia Militar de Juiz de Fora, tenente-coronel Marco António Rodrigues de Oliveira, afirmou que o suspeito “alegou que tentou ferir o candidato Jair Bolsonaro por ter divergências de ideias e pensamentos com ele”.
“Ele não tem nenhuma filiação partidária. Falou que (foi) uma questão pessoal dele” acrescentou o comandante da PM.
Jair Bolsonaro, candidato da extrema-direita brasileira, está em segundo lugar nas sondagens para as eleições presidenciais que decorrem em Outubro, quando a pesquisa inclui Lula da Silva, do PT, apesar deste último estar a cumprir, desde Abril, pena de prisão de 12 anos por corrupção relacionado com um apartamento de luxo localizado no Guarujá.
“Triste e lamentável”
O Presidente brasileiro, Michel Temer, classificou como intolerável o ataque ao candidato às eleições presidenciais Jair Bolsonaro (PSL) durante uma iniciativa de campanha em Juiz de Fora, no Estado de Minas Gerais.
De acordo com o portal de notícias G1, Temer afirmou que o episódio é “triste e lamentável”.
“Se Deus quiser, o candidato Bolsonaro ficará bem, temos a certeza de que não haverá nada mais grave, esperamos que não haja nada mais grave”, afirmou o Chefe de Estado brasileiro.
Michel Temer considerou que a situação revela algo que a sociedade tem de se consciencializar, a intolerância.
“É intolerável que as pessoas falseiem dados durante a campanha eleitoral, é intolerável que nós vivamos num Estado democrático de direito em que não haja possibilidade de uma campanha tranquila, de uma campanha em que as pessoas vão e apresentem os seus projectos”, declarou Temer durante uma cerimónia no Palácio do Planalto.
O Presidente do Brasil disse ainda esperar que a situação registada no Estado de Minas Gerais “sirva de exemplo para que as pessoas que hoje estão a fazer campanha percebam que a tolerância é uma derivação da própria democracia, é a derivação do chamado Estado de direito”.
“Nós não temos Estado de direito se houver intolerância. E intolerância muitas e muitas vezes deriva precisamente da falta de cumprimento da Lei, de falta de cumprimento da Constituição brasileira”, salientou.