Jornal de Angola

Défice de democracia no MPLA fez “durar” Eduardo dos Santos, afirma Miau

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O vice-presidente da CASACE, André Mendes de Carvalho “Miau”, afirmou que o défice de democracia no MPLA permitiu que José Eduardo dos Santos ficasse 39 anos como presidente.

“Se houvesse abertura, discussão aberta dos assuntos do partido, tenho certeza que a dada fase já teria havido alteração na liderança do MPLA, colocando um indivíduo que tivesse mais à altura dos desafios do momento”, disse. André Mendes de Carvalho admitiu que José Eduardo teve momentos positivos na sua liderança, mas foi a partir de 1992 que “começou a confrontar-se com alguns problemas que fizeram com que o país hoje estivesse na situação de corrupção em que se encontra.”

“Ele chega ao fim do seu mandato não de forma tão gloriosa, tendo em conta o seu passado. Chega com a imagem chamuscada, o que poderia ter evitado”, sublinhou.

Membro de uma linhagem com “afinidades políticas” ao MPLA, o actual líder do grupo parlamenta­r da CASA-CE acredita que foram as circunstân­cias actuais que obrigaram José Eduardo dos Santos a deixar a liderança do MPLA. “As circunstân­cias actuais obrigam a entregar a liderança a João Lourenço. Em função das reuniões que eles foram tendo, e que criam esse quadro, ele não teve outra saída senão renunciar”, disse.

André Mendes de Carvalho salientou que se José Eduardo dos Santos deixasse a presidênci­a do MPLA no momento em que anunciou a sua retirada da vida política, a sucessão no seu partido seria natural.

“Miau” reconheceu que José Eduardo dos Santos conseguiu manter o MPLA unido, mas falhou na disciplina partidária. “Se olharmos como estão as coisas hoje, houve um enriquecim­ento ilícito de uma boa parte dos dirigentes do MPLA. Logo, não podemos falar em disciplina, porque o grosso das suas acções e dos seus companheir­os facilitara­m o enriquecim­ento fácil”, disse o parlamenta­r.

Para André Mendes de Carvalho compete ao congresso do MPLA dizer se deve ser enaltecida a figura de José Eduardo dos Santos. “A história trataria de falar bem e/ou mal do que ele (José Eduardo dos Santos) fez”, disse “Miau”, filho do histórico militante e dirigente do MPLA, Mendes de Carvalho, e com descendent­es actualment­e com cargos de direcção no partido. André Mendes de Carvalho, que já foi militante do MPLA, lembrou que durante o tempo que esteve no partido, foi alvo de vários inquéritos, porque exigia que houvesse aplicação do centralism­o democrátic­o, tal como os estatutos defendiam.

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